segunda-feira, 30 de junho de 2014

"O ESPIRITISMO É UM FAROL A ILUMINAR NOSSAS VIDAS"

Entrevista Espanhol Inglês    
Ano 8 - N° 369 - 29 de Junho de 2014
ORSON PETER CARRARA
orsonpeter92@gmail.com
Matão, SP (Brasil)
 
 
Alessandro Viana Vieira de Paula: 
O conhecido estudioso e palestrante espírita paulista fala
sobre seu trabalho de divulgação das obras
mediúnicas de José Raul Teixeira
 
 
Juiz de Direito e vinculado ao Centro Espírita Allan Kardec, em Itapetininga-SP, onde reside, Alessandro Viana Vieira de Paula (foto) é espírita há quase 30 anos. Palestrante, tem percorrido diversas instituições com diferentes temas da divulgação espírita. De longa amizade e convivência com o médium Raul Teixeira, nosso entrevistado
aborda as alegrias do sesquicentenário de O Evangelho segundo o Espiritismo às dificuldades internas do movimento espírita e da própria sociedade como um todo em lúcidas e oportunas respostas. 

Após a enfermidade de Raul, o amigo tem-se dedicado com afinco à divulgação das obras do querido médium e orador de Niterói-RJ. Como tem sido essa experiência?
Essa experiência tem sido muito agradável, porque tenho a possibilidade de divulgar e ofertar ao público da palestra os livros psicografados por Raul Teixeira, que são de uma qualidade doutrinária inquestionável. Admiro muito a maneira como Camilo (guia espiritual de Raul, que é o autor da maioria dos livros) desenvolve os assuntos, com elevação e com uma pedagogia peculiar. Com a vinda dos livros, também acabo ajudando a entidade Remanso Fraterno, que é a beneficiária dos direitos autorais. 
Que experiências foram colhidas da amizade e convivência com Raul?
Poder desfrutar da amizade de Raul é algo que agradeço a Deus, porque sua alegria de viver, fidelidade ao evangelho e bom senso doutrinário são marcantes. Além disso, quando o acompanhava em palestras em nossa região, podíamos dialogar sobre questões importantes do Espiritismo e do movimento espírita, que serviram de grande aprendizado para minha pessoa. Atualmente, após o AVC, temos aprendido muito com Raul, porque ele tem mantido fidelidade a tudo aquilo que ensinou em 42 anos de divulgação espírita. 
Nas viagens de palestras, como tem sentido o movimento espírita?
Durante as viagens tenho conhecido excelentes confrades espíritas, os quais mantêm com muito esforço e zelo as atividades espíritas locais, mas a grande massa do movimento espírita ainda é composta por pessoas que não se dedicam tanto ao estudo e à leitura, o que acaba facilitando a proliferação de obras espíritas de má qualidade doutrinária. O problema de determinadas teorias que ferem os princípios espíritas é a sua aceitação por esse público acomodado, que não exerce o bom senso e a lógica espírita, não sabendo separar o joio do trigo. 
Em seu recente artigo O Espírita e o Movimento Espírita, publicado por esta revista, o amigo relacionou virtudes que o Espírito Camilo indica no livro Cintilações das Estrelas como necessárias à qualidade do movimento espírita. Por que estamos com tantas dificuldades internas no movimento? Conseguimos identificar uma causa principal?
O Espírito de Verdade, no livro O Evangelho segundo o Espiritismo, já havia alertado os espíritas acerca da necessidade do amor e da instrução. A falta de amor entre os confrades espíritas, que se traduz em melindres, ciúmes, disputas, ausência de respeito e de compaixão, acaba por afetar a relação pessoal entre os espíritas. Fala-se tanto de unificação doutrinária, todavia, somente com a unificação dos sentimentos é que conseguiremos aquele resultado. A falta de conhecimento mais profundo do Espiritismo também acaba gerando os “achismos”, que culmina em atritos e divisões entre os espíritas. 
De sua experiência profissional, como encarar o sistema prisional brasileiro e os ditames da Lei de Progresso no estágio atual do país?
O sistema prisional brasileiro ainda é precário, porque onde há superlotação, sedentarismo dos apenados, descaso com a saúde, atrasos na concessão dos direitos dos presos e, para agravar, a existência do crime organizado, raramente se consegue recuperar o preso. Quando o preso termina sua pena ou obtém a liberdade, ele ainda sofre o preconceito social, porque é muito difícil alguém acreditar nele e dar-lhe uma nova oportunidade. Mas a transição planetária está a todo vapor, portanto numa sociedade mais cristã essas questões tendem a mudar. Cabe ao cristão acreditar na recuperação do indivíduo, fazendo a sua parte, por exemplo, visitas religiosas às unidades prisionais, ofertar emprego aos egressos, ajudar suas famílias etc. 
Como venceremos, como nação, esses imensos desafios sociais da atualidade?
Esses desafios sociais atingem, na atualidade, o ápice porque estamos vivendo esse momento importante de transição planetária. Como sabemos, os que praticam o mal pelo mal irão para outros mundos, mas o grande entrave para o progresso se dá com os neutros. São aqueles que não fazem o bem e nem o mal, ficam acomodados. A dor e sofrimento atingem índices alarmantes para tocar esses neutros, a fim de que tomem uma decisão e possam optar pela ação efetiva no bem. Dessa forma, para vencer temos que assumir as nossas responsabilidades de cristãos, procurando ser útil para o próximo e para a sociedade, colaborando ativamente na construção da sociedade do porvir. 
E as alegrias dos 150 anos de O Evangelho segundo o Espiritismo?
Este ano irei abordar em minhas palestras justamente essa temática e tem sido uma alegria imensa e de um grande aprendizado pessoal rever e refletir as lições de O Evangelho segundo o Espiritismo, que tanto nos aproximam do Cristo e da vivência das virtudes, consolando-nos e instruindo-nos. Conforme Allan Kardec menciona na Introdução, o ensino moral de Jesus é inatacável, não gera controvérsias, portanto estamos carentes desses ensinos para que possamos ter mais homens de bem em nossa sociedade, cumpridores dos seus deveres morais. 
Algo marcante que gostaria de relatar de sua vivência no movimento espírita?
Ter visitado o Chico Xavier numa única ocasião em Uberaba. Ele já estava debilitado da saúde, próximo de seus 90 anos de idade, e havia uma fila para conversar com o Chico. A mulher que estava na minha frente trazia a foto de um filho que havia desencarnado. A mulher exibiu a foto para o Chico e ele, que estava com a fala muito debilitada e fraca, pegou a foto e beijou-a com uma ternura impressionante, que a mãe teve a certeza de que seu filho receberia a ajuda espiritual necessária. A mulher saiu mais confortada sem ter ouvido uma palavra do Chico, foi apenas um gesto de amor. 
Resumindo seu entusiasmo pela divulgação e pelo estudo espírita, numa frase, qual seria essa frase?
Conhecer o Espiritismo, num mundo conturbado e materialista como a Terra, representa um farol a iluminar minha vida, não permitindo que eu naufrague na embarcação do corpo. 
Suas palavras finais.
Que possamos estar sempre contagiados pela beleza da religião espírita, jamais perdendo o entusiasmo inicial daqueles primeiros dias na doutrina, a fim de que a alegria de viver e servir, e a fidelidade ao evangelho, sejam marcas em nossas vidas, auxiliando, ainda que de forma modesta, aqueles que caminham nas trevas e necessitam de um pouco de luz. Conforme nos convida o Espírito de Verdade, na Introdução de O Evangelho segundo o Espiritismo, que possamos participar do Divino Concerto, tendo Jesus como maestro de nossas vidas. 
Fonte: Retirado de o Consolador uma Revista de Divulgação da Doutrina Espírita

sábado, 28 de junho de 2014

FAMÍLIA MAIS AMPLA

Leda

10:29 (Há 3 horas)


para Leda


FAMÍLIA MAIS AMPLA

          ...tantas vezes nos referimos aos problemas da família no mundo!
          Filhos difíceis, pais-problemas, parentes que se nos erigem à condição de antagonistas, companheiros do lar que nos relegam ao abandono!
          E, em consequência, as lutas aparecem, agressivas e contundentes.
          É aí no instituto doméstico que somos chamados a praticar paciência e a exercitar compreensão.
          Muitos de nós se acham detidos nessa oficina de burilamento e melhoria, incapazes de ultrapassar a órbita da consanguinidade para a construção do amor a que as Leis do Senhor nos destinam.
          Entretanto, a nós outros, os espíritas, compete a obrigação de enxergar mais longe e reconhecer mais amplos os deveres que nos prendem à experiência comunitária.
          Não somente suportar os conflitos de casa com denodo e serenidade, abraçando os entes queridos com a certeza de que os amamos, livres de nós, se assim o desejam, para serem mais cativos aos desígnios de Deus.
          Não apenas isso. Entender também nos grupos em que nos movimentamos a nossa família maior. E amar, auxiliar, apoiar construtivamente e servir sempre a todos os que nos compartilhem o trabalho e a esperança!
°
          ...a independência existe unicamente na base da interdependência. As Leis Divinas criaram com tamanha sabedoria os mecanismos da evolução que todos nós, de algum modo, dependemos uns dos outros.
          Não se renasce na Terra, sem o concurso dos pais ou dos valores genéticos que forneçam.
          Não se adquire cultura sem professores ou recursos que eles se decidam a formar.
          Não se obtém alimento sem esforço próprio, nem sob o amparo do esforço alheio.
          E nem se alcança experiência por osmose, já que todos nós somos conduzidos à arena da existência, uns à frente dos outros, a fim de aprendermos a amar-nos e compreender-nos mutuamente.
          Reportamo-nos a isso para dizer-vos que as tarefas em nossas mãos constituem núcleos de serviço e união, dentro dos quais, por devotamento às realizações que nos cabe efetuar, é preciso nos inclinemos à fraternidade autêntica, abençoando e ajudando a quantos nos cerquem.
°
          ...há famílias de ordem material e aquelas outras de ordem espiritual – afirma-nos o Evangelho, na Doutrina Espírita.
          Atendamos, por isso, ao nosso conceito de família mais ampla.
°
          ...grande é a luta; entretanto, isso se verifica a fim de que a nossa vitória seja igualmente maior.
          Conduzamos a nossa mensagem de paz e amor a quantos nos partilhem a estrada do dia-a-dia.
          Esse é mais forte e pode oferecer-nos apoio em certo sentido, mas aquele que se revela mais fraco é o companheiro que espera de nós o auxílio necessário para fortalecer-se.
          Aqui, encontramos alguém que se nos afina com o modo de pensar e de ser, transformando-se-nos em fonte de estímulo; no entanto, ali, surge outro alguém que ainda não edificou em si os valores espirituais que lhe desejamos, aguardando-nos abnegação e entendimento para se nos harmonizar com as aspirações e os ideais de mais alta expressão.
          Além, identificamos a presença daqueles que conseguem ombrear conosco no mesmo nível de trabalho, incentivando-nos a servir, mas, adiante, observamos a ação daqueles outros que nos afligem ou atrapalham, exigindo, porém, de nossa compreensão o auxílio preciso para se tornarem simpáticos e produtivos na obra em que fomos engajados pelo Senhor.
°
...família e família!
Família do coração entre algumas paredes e família maior do espírito a espraiar-se em todos os domínios da Humanidade!
Sigamos, à frente de nossas tarefas, amando e abençoando por amor à construção que nos foi confiada, o que, na essência, quer dizer por amor à nossa própria felicidade.
...filhos queridos!
Recordemos: cada criatura, que nos desfruta o caminho ou a experiência, é semelhante à planta que, se ajudarmos, nos ajuda.
Somos todos clientes uns dos outros no trabalho em que a vida nos situou.
Agradeçamos a oportunidade de entender isso e o privilégio de trabalhar por um mundo melhor com o nosso espírito melhorado seguindo para a vida melhor.         

Livro:  Bezerra, Chico e Você
            Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Bezerra de Menezes
            GEEM – Grupo Espírita Emmanuel Sociedade Civil Editora


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sexta-feira, 27 de junho de 2014

PÍLULAS GRAMATICAIS

Como devo escrever: “Mais de um colega passou no vestibular” ou “Mais de um colega passaram no vestibular”?
Como regra, a expressão “Mais de um” leva o verbo para o singular.
Em face disso, digamos:
  • Mais de um colega passou no vestibular.
  • Mais de um banco sofrerá problemas decorrentes da crise americana.
  • Mais de um amigo meu já foi assaltado.
  • Mais de um corintiano comemorou ter agora sua própria arena.
Há somente dois casos em que é possível o plural:
1º - quando a ação do verbo sinaliza a ideia de reciprocidade:
  • Mais de um desordeiro se reconciliaram após a confusão.
  • Mais de um inimigo se reconciliaram no dia de Natal.
2º - quando a expressão “mais de um” aparece repetida na oração:
  • Mais de um motorista e mais de um ciclista se feriram no acidente.
  • Mais de um torcedor e mais de um policial se machucaram no conflito.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

TODOS NÓS UM DIA CHEGAREMOS A PERFEIÇÃO


Uma leitora pergunta-nos: – Diz O Livro dos Espíritos, na questão 779, que o homem se desenvolve naturalmente, por si mesmo. Como entender esse ensinamento?
Na citada questão os Espíritos superiores dizem que o homem se desenvolve naturalmente, por si mesmo, mas nem todos progridem ao mesmo tempo e da mesma forma. E acrescentam: É então que os mais avançados ajudam, pelo contato social, o progresso dos outros. Esse é o motivo pelo qual o aperfeiçoamento da Humanidade segue sempre uma marcha progressiva, ainda que morosa.
Segundo os ensinos espíritas, existe o progresso regular e lento que resulta da força das coisas; contudo, quando um povo não avança como deveria, Deus lhe suscita de tempos em tempos um abalo físico ou moral que o transforma.
Lemos nas obras espíritas que muitas pessoas que preferem viver na ociosidade, mesmo quando se encontram no mundo espiritual, despertam para a necessidade de progredir quando veem que os amigos e os familiares mais queridos aproveitaram o tempo e se adiantaram, enquanto eles permaneceram estacionários. Esse despertamento os impulsiona para a frente, fazendo com que, a longo prazo, se cumpra o princípio de que todos nós chegaremos um dia à perfeição. A diferença está na velocidade desse processo, mas ele acaba sendo inevitável porque assim o quer o Criador.


terça-feira, 24 de junho de 2014

A INFINITUDE DO UNIVERSO PARTICULAR

terça-feira, 24 de junho de 2014

A infinitude do universo particular


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
No coração se pode carregar o infinito e também somente um breve sentimento; também se pode viajar pelos continentes ou simplesmente se fechar num local e não mais conhecer novos lugares, nem pessoas, nem cores, nem sons, nem adquirir experiência, pois para isso é necessário viver, ainda mais, querer viver, amar viver; com o amor tudo passa a ter realmente sentido. E no universo particular se encontra tudo, como também pode estar nada.
E, indubitavelmente, o espírito é do tamanho dos seus atos e ações; palavras e sentimentos; pensamentos e intenções. E a alma, acoplada ao mundo da matéria, sobre a mesma dimensão quanto ao tamanho, é o resultado do que propaga.
Há o desejo em ser o herói, mas o vilão ainda existe; ser o professor, mas o aprendiz ainda não assimilou o conteúdo; ser o sábio, mas o incômodo da ignorância ainda perdura; ser liberto, mas a clausura das paixões o impede; amar, mas ainda não é capaz de sentir com a pureza do amor; amparar, mas muito ainda precisa ser amparado.
No entanto, a bondade divina concedeu a cada um a centelha e a qualidade de espíritos perfectíveis. Por isso, a metamorfose se dá do interior para o seu plano externo; a vontade e a decisão são atitudes imprescindíveis para a caminhada do progresso. Haverá sempre os acontecimentos para a tomada da estrada, mas o livre-arbítrio é que definirá os campos floridos ou o descampado sem verde.
E, mesmo assim, o universo particular é imenso, independe do momento, pois o estágio em que se encontra é transitório e antes ou mais tarde sua luz se irradiará para fora de si e iluminará o caminho particular, e como luz não se pode esconder acabará por aclarar os caminhos de outrem, de irmãos que já sorriem e daqueles muitos que as lágrimas ainda escorrem. Tudo sempre depende da opinião decidida, da vontade expressa, da ação concretizada no bem para a claridade do amor e ainda mais compreender que o universo particular está conectado ao universo propriamente dito, ao mundo físico e à imensidade do mundo espiritual; certamente, é a mais deslumbrante certificação do amor divino.
Somos universo particular, envolvidos, num único corpo denominado universo total.
Há a responsabilidade, há a ação e reação, há a necessidade de aprendizado e ainda a expiação, mas há a onipotência de um Pai incomparável regendo os universos que, indiscutivelmente, só almejam o amor.
E assim, há o presente de um universo particular, tão infinito e maravilhoso, no entanto, com a responsabilidade individual de seu regente que tanto deseja elevar-se e ser feliz, mas antes precisa compreender suas ações, palavras, atitudes e pensamentos para cada vez mais sentir-se leve e alçar o voo tão imaginado de seu espírito... mas o espírito isento de suas perturbações.
Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

segunda-feira, 23 de junho de 2014

A TAÇA DO MUNDO É NOSSA

A Taça do Mundo é Nossa
Wagner Maugeri, Lauro Müller, Maugeri Sobrinho e Victor Dagô
A taça do mundo é nossa
Com brasileiro não há quem possa
Êh eta esquadrão de ouro
É bom no samba, é bom no couro
A taça do mundo é nossa
Com brasileiro não há quem possa
Êh eta esquadrão de ouro
É bom no samba, é bom no couro
O brasileiro lá no estrangeiro
Mostrou o futebol como é que é
Ganhou a taça do mundo
Sambando com a bola no pé
Goool!
Você pode ouvir o hino em duas diferentes versões clicando nos links abaixo:
E poderá também ver, na íntegra, a final da Copa de 1958, em que, como disse, ganhamos pela primeira vez a Copa Jules Rimet:

domingo, 22 de junho de 2014

FENÔMENOS PSICOFÍSICOS DE NATUREZA ESPIRITUAL

Especial Inglês Espanhol    
Ano 8 - N° 368 - 22 de Junho de 2014
NUBOR ORLANDO FACURE                                             
lfacure@uol.com.br                                            
Campinas, SP ( Brasil)
 
 
Nubor Orlando Facure
Fenômenos psicofísicos de natureza espiritual
 Parte 2 e final
Os milhares de anos que nos separam do espiritualismo oriental não trouxeram maiores esclarecimentos à Ciência Médica, que não consegue identificar em seus fundamentos nenhum sinal da existência dos chacras. Mesmo assim, convém considerarmos alguma hipótese para tentarmos relacionar os chacras com a atividade cerebral.
É clássico estudarmos o cérebro em seus aspectos modulares destacando as funções motoras, sensoriais, linguagem, memória, cálculo, emoções entre tantos outros. Essas atividades são processadas por circuitos limitados a uma determinada área cerebral. Existe, porém, um outro arranjo funcional que a neurologia destaca como um conjunto de agrupamentos neurais que exercem sua ação de modo difuso, incluindo múltiplas vias neurais e suas áreas de repercussão. É o caso, por exemplo, dos sistemas de ativação ascendente que tem a propriedade de nos manter alertas ou em pleno sono.
De maneira simplificada, podemos considerar pelo menos três sistemas de atuação global, habitualmente rotulados de “sistemas modulatórios de projeção difusa”: o sistema hipotálamo-secretor, o sistema neurovegetativo e o sistema de relação com neurotransmissores, como o dopaminérgico, o serotoninérgico e o noradrenérgico, estando os três fortemente relacionados com transtornos mentais diversos. São eles que, neste artigo, queremos sugerir, como hipótese, estarem relacionados com os chacras cerebral e coronário.
Considerando os chacras que se expressam no cérebro, podemos notar sua coincidência com os “sistemas de atuação difusa”. No chacra frontal, predomina o sistema dopaminérgico responsável pela expressão do pensamento abstrato e inserção na realidade física. Doenças como a epilepsia e as demências frontais levam a uma deterioração da mente desses pacientes, que se tornam completamente dissociados do mundo físico em que vivemos. Na região do chacra coronário, vimos o significado do controle endócrino realizado pelo eixo diencéfalo-hipofisário. Essa atividade glandular orquestrada é indispensável para a manutenção do nosso metabolismo, sem o qual a vida nos seria impossível. 
A corrente sanguínea e a energia vital – É muito fácil aceitar a ideia de que nossa vida está intimamente ligada ao coração. Aristóteles afirmava que a Alma aí se localiza porque qualquer ferimento nele leva imediatamente à morte.
Nos dias de hoje, alunos do primário já aprendem que os batimentos do coração impulsionam o sangue pelas artérias, o qual depois se difunde pelos capilares e retorna pelas veias. Nesse retorno, o sangue passa pelos pulmões, de onde retira o oxigênio que a respiração fornece. Temos cerca de seis litros de sangue circulando pelo nosso corpo e mais ou menos vinte por cento dele vai para o cérebro. Enquanto entra pelas artérias e sai pelas veias, o sangue circula dentro do cérebro em exatos seis segundos.
Assim que ocorre a morte, as artérias do cadáver estão vazias, já que a última batida impulsiona todo o sangue para as veias. Essa observação levou Galeno a sugerir que as artérias estariam sempre cheias de ar. Ele propunha, também, que circula junto com o sangue um elemento imaterial que denominou pneuma vital. Esse fluido nasce no coração, distribui-se pelo corpo e se transforma no pneuma animal ao atingir o cérebro, permitindo-nos perceber o mundo pelos sentidos e reagir com os nossos movimentos aos seus estímulos. A ideia de um “espírito animal” produzindo nossos reflexos foi também adotada por René Descartes e por Thomas Willians, tendo aceitação médica por muitos séculos. Para Willians, os corpúsculos do “espírito animal” percorreriam os nervos para pôr em ação os nossos movimentos.
Nos dias de hoje, sabemos da importância da circulação sanguínea distribuindo por todo organismo não só o oxigênio que nos sustenta a vida, mas um número insuspeitável de substâncias ligadas à manutenção do metabolismo celular e de todo o sistema imunológico.
André Luiz nos traz conhecimentos novos nessa área também. Diz o conhecido Espírito que junto com a circulação sanguínea circula o “princípio vital” indispensável à sustentação da vida. Ensina Kardec que é o princípio vital que dá vida à matéria orgânica. Cada um de nós o tem disponível enquanto encarnados, consumindo nossa cota com o decorrer dos anos. Ele procede do “fluido cósmico universal” que nos abastece conforme nossas atitudes nos compromissos da vida. A meditação, a prece e o impulso que nos predispõe a amar ao próximo fornecem a substância e a renovação do princípio vital. Ele nos penetra pela respiração, o que nos faz lembrar um dos mais belos versos da Bíblia – E Deus fez o Homem do barro da Terra e soprou em suas narinas o sopro da vida.
Anaxágoras considerava que o ar era a substância primitiva de onde procede tudo que existe. A relação do ar com a vida sempre foi aceita em muitas culturas. Nos livros de Galeno, as expressões espíritos e pneumas (ar) são equivalentes.
Aprendemos com André Luiz que o princípio vital é absorvido pela respiração e percorre todo o organismo acompanhando a circulação do sangue. 
A glândula pineal e sua fisiologia espiritual – Essa glândula, situada no meio do cérebro, já é conhecida há mais de dois mil anos e, mesmo assim, o que sabemos sobre ela é tão pouco que, nos tratados clássicos da neurologia, ela ainda não despertou interesse para merecer mais que citações curtas de algumas linhas sobre o hormônio que ela secreta   – a melatonina.
A pineal é o relógio biológico que sinaliza um dos momentos mais importantes da vida, o despontar da sexualidade. Por ocasião da adolescência a pineal reduz a produção da melatonina, ocorrendo, a partir daí, o desenvolvimento dos órgãos externos ligados à atividade sexual.
Até hoje é possível perceber, em determinados animais, que a pineal pode se comportar funcionalmente como um terceiro olho. Nesses animais a pineal está situada acima do crânio, funcionando ao modo de um periscópio que exerce um papel de vigilância para o animal. Não se deve estranhar, portanto, a forte sensibilidade que a nossa pineal tem para com a luz. A entrada da luz, que atinge a pineal pelas fibras nervosas que nosso nervo óptico conduz, reduz a produção de melatonina. No ambiente escuro, aumenta acentuadamente a produção do hormônio. Todos sabemos que os ursos hibernam em cavernas durante meses de escuridão e, nessa ocasião, o aumento da melatonina produz o entorpecimento do seu interesse sexual, que depois volta a se revelar no alvorecer da primavera.
O hormônio da pineal tem ligação direta com o depósito de melanina na nossa pele. Ele tem um efeito clareador diminuindo a pigmentação da pele. Isso justifica, por exemplo, a cor esbranquiçada dos bagres que vivem nas profundezas de águas escuras.
A melatonina tem sido utilizada como tranquilizante produzindo relaxamento e sonolência. Foi experimentada também no tratamento de dores de cabeça e de epilepsia, mas em todos esses quadros o efeito da melatonina é muito pobre.
André Luiz, por meio de Chico Xavier, trouxe-nos informações inéditas e surpreendentes sobre o papel da pineal quando observada a partir do plano espiritual.
Sensível às irradiações eletromagnéticas, nossa pineal é sintonizador dos fenômenos de comunicação mental, mantendo-nos em permanente ligação com todos aqueles que compartilham conosco a mesma faixa de vibração.
Nos processos mediúnicos, a aproximação espiritual se vale da pineal para difundir sua mensagem até as diversas áreas cerebrais que ressoam sua transmissão.
Nas encarnações, que a misericórdia divina nos permitiu transitar pela Terra, nos enredamos em situações onde tivemos oportunidade de cultivar relações afetivas profundas, ao mesmo tempo em que fomentamos rivalidades e discórdias das mais variadas consequências. Como a Lei divina não exclui ninguém dos reajustes necessários, será através da pineal que iremos encontrar, mais cedo ou mais tarde, aqueles mesmos amores sinceros que nos incentivarão a progredir e os inimigos do passado que nos exigirão saldar as dívidas e os compromissos.
Entretanto, por mais que a anatomia cerebral possa nos revelar, não reconhecemos nas vias que emergem da pineal qualquer indicação dessa extraordinária participação da glândula em nossa vida mental. Como explicar, em vista disso, o que nos esclarece André Luiz? Pressuponho que será necessário conhecermos qual é o mecanismo de atuação do Espírito sobre o cérebro. Daí, nosso propósito de reunirmos esse conjunto de fenômenos que sugerimos tratar-se de fenômenos “espírito-somáticos”.
No quadro dessa notória “fisiologia espiritual” a que André Luiz dá destaque, creio que a chave para sua compreensão está na participação do chamado “fluido universal”, tão conhecido no meio espírita.
Ensinam os Espíritos que elaboraram a doutrina com Allan Kardec que os fluidos servem de veículos para a transmissão do pensamento. Derivado do fluido cósmico universal, ele inunda o Universo, envolvendo-nos e permitindo-nos compartilhar do “Hálito Divino” que nos alimenta.
Na vida física, atuamos pelas vias nervosas que nos estruturam os neurônios, suas imensas redes de comunicação e sua extraordinária química que sintetiza e conjuga os neurotransmissores. Na dimensão espiritual estaremos usando esse elemento sutil, fluídico, que obedece à vontade que a mente direciona, permitindo-nos criar, através da fisiologia espiritual, uma dispersão muito mais ampla nos seus efeitos fisiológicos.
Quando Louis Pasteur descortinou o imenso campo da microbiologia, esse conhecimento novo nos permitiu esclarecer a dinâmica da etiologia das doenças infecciosas. A descoberta do DNA abriu novas áreas para esclarecimento das chamadas doenças de origem genética. Entretanto, o estudo dos fluidos e suas propriedades poderá nos revelar uma nova fisiologia e, como consequência, as doenças que seus desvios provocam. A presença desses fluidos está intimamente relacionada com nosso padrão de atividade mental. A literatura espírita é farta em afirmar que todos nós somos expressão da vida mental que nós mesmos escolhemos construir e refletimos em nossa aparência a composição fluídica que selecionamos.
Os desequilíbrios mentais, que a neurobiologia de hoje entende como decorrentes das alterações em neurotransmissores, com certeza, iniciam sua perturbação a partir dos fluidos que permitimos nossa mente projetar no cérebro, desviando a química que nos preside o equilíbrio do pensamento. 
A ectoplasmia – A partir dos fenômenos das mesas girantes, a mediunidade proporcionou aos pesquisadores do Século XIX uma imensa variedade de manifestações físicas, entre elas a materializações de entidades espirituais. Nessa fenomenologia é mobilizada uma grande quantidade de ectoplasma permitindo o estudo da sua elaboração e constituição química. Todos os que estão presentes no ambiente da experimentação estarão doando uma cota maior ou menor de fluidos, mas é do médium que sai, por todos seus poros e orifícios de excreção, o material mais ou menos denso que permitirá a presença das silhuetas que se corporificarão no ambiente onde o público aguarda.
No âmbito do estudo que estamos abordando, interessa anotar que o conteúdo bioquímico do ectoplasma procede, na esfera física, do citoplasma das células do aparelho mediúnico. Em conjugação com os fluidos dos dois planos da vida é que o fenômeno adquire as propriedades de transição que permitem aos Espíritos adentrarem a nossa dimensão. 
A respiração restauradora – O ar, como fonte insubstituível de vida, é percepção do senso comum a qualquer de nós. O ato de respirar está intimamente ligado à nossa sobrevivência. Anaxágoras atribuía ao ar a origem de tudo. A Bíblia registra que recebemos a vida a partir do sopro de Deus. Nos textos de Galeno, como já notamos, as expressões espírito e pneuma (ar) eram equivalentes. Para ele o pneuma vital era absorvido pelos pulmões e circulava do coração até ao cérebro para nos manter vivos. Na cultura oriental os exercícios respiratórios têm indicação mais importante que a atividade muscular.
Um dos fundamentos da Doutrina Espírita é de que a vida decorre da presença do princípio vital que vivifica a matéria orgânica dando-lhe a propriedades de reagir.
A atividade constante dos nossos órgãos se faz à custa desse princípio vital e seu esgotamento leva o corpo à morte. Por outro lado, nossa atividade mental nos permite absorver da espiritualidade os fluidos que agregam elementos para sustentação do princípio vital. Mais atividade corresponde a mais vida, tanto do ponto de vista físico como espiritual. ndré Luiz nos aponta em seus textos que a respiração é porta de entrada restauradora para realimentação de nossas energias vitais.                                
                                                  
Nubor Orlando Facure é médico neurocirurgião e diretor do Instituto do Cérebro de Campinas-SP. Ex-professor catedrático de Neurocirurgia na Unicamp (Universidade de Campinas), é escritor e expositor espírita.