terça-feira, 30 de setembro de 2014

" A ASSOCIAÇÃO CHICO XAVIER ESTÁ VOLTADA PRIMORDIALMENTE À DIFUSÃO DO ESPIRITISMO"

Entrevista Espanhol Inglês
Ano 8 - N° 382 - 28 de Setembro de 2014
ORSON PETER CARRARA
orsonpeter92@gmail.com
Matão, SP (Brasil)

 
César Moron: 
O confrade paulista fala-nos sobre a proposta e os objetivos
da Associação Chico Xavier, que ele preside na
cidade paulista de Bauru  

 

Bancário aposentado e residente em Bauru, no interior de São Paulo, César Moron (foto) vincula-se ao Centro Espírita Vicente de Paulo, situado na mesma cidade, e é também presidente da Associação Chico Xavier, fundada há nove anos. Nesta entrevista, Moron fala-nos sobre a origem e os objetivos da entidade que preside. 

Por que o nome de Chico Xavier?

Por reconhecer o papel fundamental do médium Chico Xavier na popularização dos princípios doutrinários e seu atributo de grande comunicador espírita, um grupo bauruense resolveu dar seu nome a um empreendimento voltado primordialmente à difusão do Espiritismo, como uma maneira de homenageá-lo.  
Quando a Associação foi fundada? E por quê?
Ela foi fundada em 8 de junho de 2005, com o nome de ASSOCIAÇÃO CHICO XAVIER PARA DIVULGAÇÃO ESPÍRITA, tendo como meta a utilização dos meios de comunicação social (rádio, TV, internet) para a propagação dos princípios espíritas e de outros valores morais, como forma de colaborar na formação ética, cultural e religiosa da coletividade. Superada a fase inicial de constituição da associação perante os órgãos competentes e de implantação de uma estrutura mínima de funcionamento, a Associação vem-se preparando para produzir programas para a televisão e internet. 
Fale-nos da parceria entre a Associação e Instituto Cairbar Schutel. Como surgiu?
Para a concretização dos seus planos de ação na área da divulgação espírita, a Associação Chico Xavier firmou parceria com o Instituto Cairbar Schutel editando em conjunto o jornal Tribuna do Espiritismo, cujos objetivos são os mesmos. Foi uma forma de fortalecer ambas as instituições. 
O que é a Banca do Chico?
É uma banca de livros espíritas dentro da Feira Livre de Bauru, com média de venda de 80 livros por domingo, a um público leigo, com pleno êxito na disseminação dos ensinos espíritas junto ao grande público. 
A Associação tem sede própria?
Sim, mas ela está em fase de acabamento. No momento estamos construindo um espaço para as gravações de programas espíritas na própria sede. 
Nesses anos de existência da Associação, qual a maior experiência acumulada?
Nestes nove anos de existência da Associação Chico Xavier, passamos por diversas fases e notamos que houve uma evolução muito grande nos meios de comunicação. Eu diria que estamos vivendo uma época de revolução e a internet está-nos obrigando a rever formas e conceitos de divulgação, porque vem ela cada vez mais ganhando espaço. Aproveitando as experiências com nossos erros e acertos na gravação de programas e palestras, estamos trabalhando na criação de um Polo de produção de programas espíritas em várias cidades e para isto estamos convidando pessoas das mais variadas cidades que queiram se engajar neste trabalho. Assim trocaremos experiências e desenvolveremos em conjunto projetos de criação na área da Televisão, Internet e Jornal. 
Quais as repercussões sentidas da parceria com o Instituto Cairbar Schutel na edição e distribuição do jornal Tribuna do Espiritismo?
Está sendo muito gratificante somar forças com o Instituto no fortalecimento da divulgação espírita. Estamos contentes com o trabalho e principalmente com as manifestações de apoio e incentivo na continuidade deste trabalho. A parceria ainda vai produzir muitos frutos. 
Como última pergunta, quanto aos projetos de sede própria e programação de futuras atividades, qual a maior necessidade e como possíveis parceiros podem auxiliar?
Temos os seguintes projetos em andamento: construção do estúdio (produção de programas), Banca do Chico (livros espíritas usados), Curso de Espiritismo a Distância (a ser brevemente lançado no site), E a vida continua... (Finados no Cemitério), Feira do Livro Espírita, Jornal Tribuna do Espiritismo. O que precisamos: apoio financeiro para aquisição de livros, confeccionar mensagens e apostilas dos cursos, gravação de programas. Quanto ao material: equipamentos de filmagens e estúdio. 
Há uma conta bancária em que os colaboradores possam depositar sua contribuição?
Sim. Eis a conta da Associação em que os depósitos podem ser feitos: Banco: 104 – Caixa Econômica Federal, agência 4210 conta 003.359-7.

Para contato e mais informações sobre nossos projetos, eis nossos endereços:
tel. (14) 3241-1857 - e-mail: contato@associacaochicoxavier.com.br 

Fonte: Retirado de O Consolador uma Revista de Divulgação da Doutrina Espírita


segunda-feira, 29 de setembro de 2014

MEUS TEMPOS DE CRIANÇA

Ataulfo Alves
Eu daria tudo que eu tivesse
Pra voltar aos dias de criança,
Eu não sei pra que que a gente cresce
Se não sai da gente essa lembrança...
Aos domingos missa na Matriz
Da cidadezinha onde eu nasci,
Ai, meu Deus, eu era tão feliz
No meu pequenino Miraí.
Que saudade da professorinha
Que me ensinou o beabá!
Onde andará Mariazinha,
Meu primeiro amor, onde andará?
Eu igual a toda meninada,
Quanta travessura que eu fazia,
Jogo de botões sobre a calçada,
Eu era feliz e não sabia...
Eu igual a toda meninada,
Quanta travessura que eu fazia,
Jogo de botões sobre a calçada,
Eu era feliz e não sabia...
Eu era feliz e não sabia...
Você pode ouvir a canção acima, na voz dos intérpretes abaixo, clicando nos respectivos links:
Noite Ilustrada - https://www.youtube.com/watch?v=W-2Wnkpq9LU


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domingo, 28 de setembro de 2014

DIÁLOGO MEDIEVAL, MAS ATUALÍSSIMO

Diálogo medieval, mas atualíssimo.

Entrada
x

Leda

10:14 (Há 6 horas)


para Leda


 
Leiam esse diálogo ! Inacreditável.  
Este diálogo, da peça teatral "Le Diable Rouge", de Antoine Rault, entre os personagens Colbert e Mazarino, durante o reinado de Luís XIV, século XVIII, apesar do tempo decorrido.... é bem atual.
Leiam:

Colbert:- Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço…

Mazarino:- Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas e não consegue honra-las, vai parar na prisão. Mas o Estado é diferente! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!

Colbert:- Ah, sim? Mas como faremos isso, se já criamos todos os impostos imagináveis?

Mazarino:- Criando outros.

Colbert:- Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.

Mazarino:- Sim, é impossível.

Colbert:- E sobre os ricos?

Mazarino: -E os ricos também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta, faz viver centenas de pobres.

Colbert: - Então, como faremos?

Mazarino: - Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável. É a classe média!

  
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      O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
     O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.            Bertoldo Brecht
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sábado, 27 de setembro de 2014

KARDEC NÃO ANTECIPOU DARWIN

Especial Inglês Espanhol    
Ano 8 - N° 382 - 28 de Setembro de 2014
PAULO DA SILVA NETO SOBRINHO
paulosnetos@gmail.com

Belo Horizonte, MG (Brasil)
 
 
Paulo da Silva Neto Sobrinho
Às vezes ouvimos palestrantes espíritas, embora bem-intencionados – mas, desculpe-nos a sinceridade –, bem mal-informados, falarem coisas que são dolorosas de ouvir, tal é o disparate. Especificamente, estamos nos referindo ao tema sobre a evolução dos seres, quando presenciamos um determinado palestrante, até de muito conhecimento, dizer que, na questão da evolução das espécies, Kardec antecipou Darwin.
Ficamos boquiabertos, tamanha a nossa surpresa diante de tal informação, pois, para nós, foi Kardec quem se utilizou da teoria de Darwin, conforme iremos demonstrar.
Temos em mãos o livro Evolução: do átomo ao arcanjo, uma publicação da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, do qual transcrevemos:
A ideia de um encadeamento evolucionário sem solução de continuidade entre os outros seres criados e o homem só teve condições de firmar-se a partir da segunda metade do século XIX, com a publicação de duas importantes obras contemporâneas: O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, em 1857, apresentando a evolução como um processo espiritual contínuo, que abrange todos os seres, sendo o homem “apenas o último elo da cadeia da animalidade na Terra” (A Gênese, capítulo 10, item 29), e A Origem das Espécies de Charles Darwin, em 1859, que procura explicitar a evolução das espécies dentro de uma escala biológica, incluindo nela o homem, ainda com algumas reservas, pois sabemos que a teoria darwiniana encontrou, e encontra até nossos dias, grande resistência por parte das Igrejas Cristãs. (PAIM, 2013, p. 142, grifo nosso.)
Primeiro, gostaríamos até de pedir desculpas à autora Zoé Mary Saraiva Paim, por citar sua obra, cuja publicação tem a chancela da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, mas precisávamos de alguma evidência concreta para tratar o assunto. Assim, não temos a mínima intenção de desmerecer a obra ou sua autora, mas apenas o de ajudar no esclarecimento desse assunto, para que possamos ter uma ideia exata dos acontecimentos.
O que temos visto é que não se presta a devida atenção num ponto fundamental entre a obra de Allan Kardec e a de Charles Darwin; a primeira, publicada em 18 de abril de 1857, a segunda em 22 de novembro de 1859. Só que os estudiosos espíritas não se dão conta de que as atuais 1019 perguntas de O Livro dos Espíritos são da segunda edição, de 18 de março de 1860, e aí sim, ele trata da questão da evolução espiritual, o que não aconteceu na primeira edição de 1857, com 501 perguntas. Aliás, na edição de 1857 a informação é até mesmo contrária à que temos com a segunda edição; portanto, há uma diferença no que se fala sobre o assunto entre a 1ª e a 2ª edição de O Livro dos Espíritos.
Um pouco mais à frente, a autora volta a afirmar:
[…] Já tivemos ocasião de ressaltar, quando falamos sobre a teoria evolucionista, a correlação que há entre o lançamento de O Livro dos Espíritos, em 1857, e o aparecimento da obra de Darwin, A Origem das Espécies, dois anos depois. Ambas são complementares. A primeira antecipa-se à evolução biológica de Darwin e a coloca como resultado da evolução espiritual.
Ao final da Introdução de “O Livro dos Espíritos”, Kardec escreveu: “Se se observa a série dos seres, descobre-se que eles formam uma cadeia sem solução de continuidade, desde a matéria bruta até o homem mais inteligente. Porém, entre o homem e Deus, alfa e ômega de todas as coisas, que imensa lacuna. Será racional pensar-se que no homem terminam os anéis dessa cadeia e que ele transporta sem transição a distância que o separa do infinito?” (p. 47). Kardec apresentava, assim, já no início de seu trabalho, o caráter evolucionista da Doutrina dos Espíritos. […]. (PAIM, 2013, p. 3378-338, grifo nosso.)
O problema aqui é que a falta de atenção não permitiu à autora perceber que esse trecho da Introdução de O Livro dos Espíritos, que cita, só aparece na segunda edição, março de 1860; portanto, essa observação de Kardec só apareceu após a divulgação da teoria da evolução de Darwin, ao contrário do que muitos propagam – que Kardec se antecipou à “Teoria Darwiniana” – sem atentarem para a cronologia das edições.
O que os Espíritos disseram, quando da primeira edição, deixa isso bastante claro:
127 — A alma do homem, não teria sido ela antes o princípio da vida dos últimos seres vivos da criação para chegar, por meio de uma lei progressiva, até ao homem, em percorrendo os diversos degraus da escala orgânica?
“Não! Não! Homens nós somos desde natos”.
“Cada coisa progride na sua espécie e em sua essência; o homem jamais foi outra coisa que não um homem.” (KARDEC, 2004, p. 65, grifo nosso.)
Os comentários de Kardec:
127 — Qualquer que seja a diversidade das existências pelas quais passa nosso espírito ou nossa alma, elas pertencem todas à Humanidade; seria um erro acreditar que, por uma lei progressiva, o homem passou pelos diferentes degraus da escala orgânica para chegar ao seu estado atual. Assim, sua alma não pode ter sido antes o princípio da vida dos últimos seres animados da criação para chegar sucessivamente ao degrau superior: ao homem. (KARDEC, 2004, p. 65, grifo nosso.)
É clara a posição dos Espíritos e de Kardec que o Espírito do ser humano jamais passou pelos vários reinos da natureza para chegar ao atual estágio: o hominal. O que se admitia à época da primeira edição era que o progresso – intelectual e moral – acontecia pela fieira da reencarnação; porém, o Espírito humano sempre encarnou e reencarnou em corpos humanos, vamos assim dizer.
Na segunda edição, Kardec questiona os Espíritos a respeito dessa informação que constou da primeira edição. Vejamos as respostas a algumas questões que se ligam ao assunto:
607. Dissestes (190) que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento?
“Numa série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade.”
607. a) - Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, não?
“Já não dissemos que tudo em a Natureza se encadeia e tende para a unidade? Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra então no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois a da juventude e a da madureza.
Nessa origem, coisa alguma há de humilhante para o homem. Sentir-se-ão humilhados os grandes gênios por terem sido fetos informes nas entranhas que os geraram? Se alguma coisa há que lhe seja humilhante, é a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo. Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário na Natureza. Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, fora blasfemar da Sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.”
607. b) Esse período de humanização principia na Terra?
“A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana. O período da humanização começa, geralmente, em mundos ainda inferiores à Terra. Isto, entretanto, não constitui regra absoluta, pois pode suceder que um Espírito, desde o seu início humano, esteja apto a viver na Terra. Não é frequente o caso; constitui antes uma exceção.”
(KARDEC, 2007a, 336-337, grifo nosso.)
Não resta dúvida que o princípio inteligente que hoje se encontra no reino hominal, veio, via progresso evolutivo, tendo experiências nos reinos inferiores, na situação mencionada na pergunta acima, no reino animal. Recomendamos ao leitor que também veja as questões e respectivas respostas de número 608 a 611, que completam a que aqui apresentamos.
A conclusão que chegamos é exatamente o contrário do que dizem. Para nós, foi Kardec que se aproveitou da teoria da evolução das espécies de Darwin para voltar com o assunto e, como já havia suporte científico, os Espíritos foram mais explícitos na questão, reformulando o que disseram anteriormente, para afirmarem sobre a evolução do espírito através do reino animal. Lembrando o que dissera Jesus em João, 16:12: “Tenho ainda muito que vos dizer, mas não podeis agora suportar”.
Compreendemos que, para que pudéssemos entender, houve a necessidade de ter um suporte científico para que a informação tivesse condições de ser assimilada por nós.
Por outro lado, Kardec também deixou bem claro que: “[...] Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificará nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará”. (KARDEC, 2007e, p. 54). O que demonstra que o Espiritismo deverá aliar-se às novas verdades científicas; evidentemente, obedecendo aos princípios morais e éticos cristãos. Fonte: Retirado de O Consolador uma Revista de Divulgação Espírita
 
Referência bibliográfica:
KARDEC, A. A Gênese. Rio de Janeiro: FEB, 2007e.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos – primeira Edição de 1857. São Paulo: IPECE, 2004.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: FEB, 2007a.
PAIM, Z. M. S. Evolução: do átomo ao arcanjo. Porto Alegre: Francisco Spinelli, 2013.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

NINGUEM SE ELEVARÁ AO CÉU SEM PLENA QUITAÇÃO COM A TERRA



Um leitor pergunta-nos qual é a explicação espírita das chamadas expiações coletivas, que atingem grupos de pessoas, às vezes uma família inteira, uma cidade, uma etnia, sem distinção entre bons e maus, inocentes e culpados.
Segundo a doutrina espírita, as faltas dos indivíduos, de uma família, ou de uma nação, qualquer que seja o seu caráter, se expiam em virtude da mesma lei. O criminoso revê sua vítima, seja no plano espiritual, seja vivendo em contato com ela numa ou em várias existências sucessivas, até a reparação de todo o mal cometido. Dá-se o mesmo quando se trata de crimes cometidos solidariamente, por um certo número de pessoas. As expiações são, então, solidárias, o que não aniquila a expiação simultânea das faltas individuais.
Lembra-nos Kardec que em todo homem há três caracteres: o do indivíduo, do ser em si mesmo, o de membro de família, e, enfim, o de cidadão. Sob cada uma dessas três faces pode ele ser criminoso ou virtuoso, quer dizer, pode ser virtuoso como pai de família, ao mesmo tempo que criminoso como cidadão, e reciprocamente. Disso derivam as situações especiais em que ele irá se encontrar em suas existências sucessivas.
Salvo as naturais exceções, pode-se admitir como regra geral que todos aqueles que têm uma tarefa comum, reunidos numa existência, já viveram juntos para trabalharem pelo mesmo resultado, e se acharão reunidos ainda no futuro, até que tenham alcançado o objetivo, quer dizer, expiado o passado ou cumprido a missão aceita.
Graças ao Espiritismo, compreendemos a justiça das aflições ou vicissitudes que não resultam de atos da vida presente, porque sabemos que se trata da quitação de dívidas perante a Lei contraídas no passado. Por que não ocorreria o mesmo com as dívidas coletivas?
Diz-se, comumente, que as infelicidades gerais atingem o inocente como o culpado; mas pode ser que o inocente de hoje tenha sido o culpado de ontem. Tenha ele sido atingido individualmente ou coletivamente, certamente é que assim mereceu. Ademais, há faltas do indivíduo e do cidadão. A expiação de umas não livra a pessoa da expiação das outras, porque é necessário que toda dívida seja quitada até o último centavo.
As virtudes da vida privada não são as da vida pública. Um indivíduo que seja excelente cidadão pode ser um mau pai de família, e outro, que é bom pai de família, probo e honesto em seus negócios, pode ser um péssimo cidadão e haver soprado o fogo da discórdia, oprimido o fraco, manchado as mãos em crimes de lesa-sociedade. São essas faltas coletivas que são expiadas coletivamente pelos indivíduos que para elas concorreram, os quais se reencontram para sofrerem juntos a pena de talião ou terem a ocasião de reparar o mal que fizeram, provando o seu devotamento à coisa pública, socorrendo e assistindo aqueles que outrora maltrataram.
Um expressivo exemplo de expiações coletivas nos é mostrado por André Luiz no cap. 18 do livro Ação e Reação, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, no qual é descrita a ocorrência de um desastre de avião e relatadas as providências tomadas pelos benfeitores espirituais com o objetivo de socorrer as vítimas.
Em face desse caso e de outros semelhantes, Hilário, amigo de André, perguntou ao instrutor Druso se a dor dos pais das pessoas que perecem nas lutas expiatórias coletivas é considerada pelos poderes que controlam a vida.
A resposta, além de elucidativa, é profundamente consoladora, porque comprova que a nave Terra não se encontra à deriva e tem, portanto, alguém no seu comando.
Respondeu-lhe o instrutor Druso: "Como não? as entidades que necessitam de tais lutas expiatórias são encaminhadas aos corações que se acumpliciaram com elas em delitos lamentáveis, no pretérito distante ou recente, ou, ainda, aos pais que faliram junto dos filhos, em outras épocas, a fim de que aprendam na saudade cruel e na angústia inominável o respeito e o devotamento, a honorabilidade e o carinho que todos devemos na Terra ao instituto da família. A dor coletiva é o remédio que nos corrige as falhas mútuas". (Ação e Reação, capítulo 18, pp. 249 a 251.)
Ninguém se elevará a pleno Céu, sem plena quitação com a Terra. "Quanto mais céu interior na alma, através da sublimação da vida, mais ampla incursão da alma nos céus exteriores, até que se realize a suprema comunhão dela com Deus, Nosso Pai", asseverou o instrutor espiritual.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

HARUCA, O PRIMEIRO VENTINHO DA PRIMAVERA

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
Como um suspiro de alegria, o primeiro sopro da primavera surgiu; Haruka era o seu nome.
Veio anunciando a leveza das flores, a proteção do céu azul, o ar mais puro, a certeza, mais uma vez, de que Deus é o Criador incomparável da vida.
Pequeninos brotos desenvolvendo-se em presentes delicados, bem-vindos e queridos, nas flores de texturas tão doces e perfumes suaves e aconchegantes.
Os parques viraram telas de Monet, Manet, Van Gogh, tornaram-se felicidades para os olhos que os admiravam com tantas coloridas flores e cores e esperança de amanheceres melhores na caminhada dos dias.
A natureza ensina que tudo possui o seu tempo. Há o tempo das árvores floridas, há também o calor mais intenso, ainda há o momento dos galhos sem folhas e os dias mais frios e sérios.
E o prenúncio da linda estação acontecera com o primeiro ventinho, brisa anunciando que o novo ciclo estava de volta. Assim como os atos realizados. Tudo, sob os olhos do Pai, é observado e gravado na consciência individual e coletiva. O céu, entre o seu azul e o dourado do sol, cobria as flores, admirado, com tantas maravilhas da natureza, como as mariposas del aire, as infindáveis espécies de pássaros a revoar o cenário real da magnífica vida.(1)
E o recomeço, a oportunidade, o progresso são verdadeiras ocorrências para todos os seres, os que sentem a emoção, o amor e também para os seres que, reincidindo no caminho equivocado, ainda compreenderão o verdadeiro fluxo para a felicidade.
E sobre o novo tempo, flores de espécies diferentes e cores incomparáveis recebem a mesma luz do sol e a proteção sincera do céu que protege os seres. E todas são sopradas, com carinho, pelo mesmo ventinho fresco.
E os canteiros vivificados reforçam que a vida recomeça e brilha sempre. A estrela ofuscada de dia torna-se brilho intenso na apresentação da noite; tudo a seu tempo, no entanto, preenchido com a perseverante sabedoria.
Haruka aguardou dias e meses para anunciar a chegada da primavera. Teve a paciência das horas e o carinho dos dias. Recolheu-se humildemente para que as outras estações pudessem também se apresentar e, finalmente, chegara o seu momento. Quando sua autorização fora proclamada pela retirada do vento mais frio e sério, totalmente recomposta, a primavera tão autêntica e viva apresentou-se, mais uma vez, aos jardins da vida.
Lindos campos floridos, bosques alegres e olhos radiantes começaram a participar do cenário do momento e a aproveitarem o presente vindo da natureza.
Tudo a seu exato período.
Quando se compreende que há o tempo de nascer e de morrer; de falar e de calar; de amar e ser amado; de oferecer a mão e resgatar com amor; de meditar e imprimir energia para a reconstrução do universo íntimo e do coletivo, então, quando há esse entendimento bem mais sorrisos florescerão entre as flores participantes da existência tão linda.
E Haruka já compreendera seu momento nas estações. Ainda não era uma, nem outra, mas sim, o anúncio tão suave e lindo da preciosa estação das flores; ela estava feliz.
Quando o primeiro ventinho soprou, o seu propósito já se deu como iniciado e, um dia, com méritos próprios, se tornará definitivo nessa estação de tanta alegria.
Exatamente agora, Haruka começa a visitar meu rosto, com beijinhos doces de início de primavera.
(1) “Mariposa del aire” é o título de um conhecido poema dedicado às crianças. Confira em - http://www.conmishijos.com/actividades-para-ninos/cuentos/mariposa-del-aire-poesia-de-federico-garcia-lorca-para-ninos/
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