Dada a
complexidade
mesmo da prática
mediúnica, que
dá título ao
livro, o que
você diria ao
estudioso e
pesquisador
espírita sobre o
tema?
Que eles
continuem no
estudo e na
pesquisa e
ofereçam os
resultados do
seu empenho ao
público, que
necessita de
livros didáticos
para lhe
despertar o
interesse pelo
estudo. Sabe-se
que a
comunicação
mediúnica não se
faz por um
processo simples
como imagina a
maioria dos
espíritas. Diz
André Luiz: “A
operação da
mensagem não é
nada simples,
embora os
trabalhadores
encarnados não
tenham
consciência de
seu mecanismo
intrínseco,
assim como as
crianças, em se
fartando no
ambiente
doméstico, não
conhecem o custo
da vida ao
sacrifício dos
pais”. Na
comunicação
humana, onde
adotamos o mesmo
vocabulário e
fazemos uso da
voz, se não
observarmos
determinados
princípios não
nos
comunicaremos
plenamente, gerando
desentendimento.
Os conceitos que
alimentam a
conversação
entre os humanos
são extremamente
diferentes
daquele no mundo
espiritual,
tornando o
entendimento
entre nós e eles
muito restrito.
A senhora Yvonne
do Amaral,
respeitadíssima
médium, autora
do antológico
Recordações da
Mediunidade,
diz que “A
mediunidade não
implica tão só o
intercâmbio com
entidades
desencarnadas,
mas também um
complexo de
fatos e
acontecimentos
ainda não
devidamente
estudados e
classificados”.
O que mais
lhe chama
atenção na
prática
mediúnica?
O pouco
conhecimento que
tem a maioria
dos que com ela
lidam. Uma
enquete feita
pela FEB em
2012, com a
ajuda dos
centros
espíritas de
todo o Brasil,
buscando saber
quem leu e quem
não leu O
Livro dos
Médiuns,
apresentou um
resultado
lamentável,
chegando-se à
conclusão de que
ele é um ilustre
desconhecido.
Lamentamos o que
se passa em
muitas reuniões
mediúnicas
denominadas de
“desobsessão”,
onde práticas
exóticas são
realizadas,
contrariando as
orientações de
Allan Kardec e
dos Espíritos
que deram
continuidade ao
seu projeto,
destacando-se
naquela
atividade o
livro
Desobsessão,
de André Luiz,
que deve ser
lido
analiticamente,
para melhor se
apreender a
amplidão e
profundidade dos
ensinamentos e
conceito nele
ofertados.
Qual o
principal fator
que o levou a
organizar a
obra,
considerando a
extensão que o
tema comporta?
Foi o de
cooperar um
pouco mais com
aqueles que
praticam a
mediunidade,
chamando-lhes a
atenção para
seus meandros.
Sabemos que
existem muitos
livros que
tratam do
assunto, mas
como a
mediunidade
ainda não é
plenamente
conhecida por
nós, os
encarnados, é
sempre oportuno
fazer-lhe novas
considerações. À
medida que
pesquisamos
vamos percebendo
que as
informações
proliferam e,
frustrado, temos
que optar por
esse ou aquele
conteúdo,
desprezando
outros,
prometendo
aproveitá-los em
outra ocasião.
Você foi
muito feliz no
título da obra e
no conteúdo da
pesquisa, pois o
próprio índice
já demonstra
esse esforço de
pesquisa. Como
foi organizar a
obra de tamanha
complexidade?
Ao longo de três
anos recolhemos
material que nos
chamava a
atenção para os
mecanismos
diversos
adotados pelos
Espíritos para
trazerem a
mensagem até nós
e as
dificuldades
encontradas,
tanto no plano
material quanto
no espiritual. A
organização da
obra obedeceu a
um critério
didático: um
esboço histórico
da mediunidade,
fazendo justiça
a Allan Kardec,
que a
identificou como
uma faculdade
natural que
serve ao
progresso do
homem e do
mundo; os
fundamentos
necessários para
que se conheçam
as leis que
regem o fenômeno
mediúnico e,
finalmente,
exemplos de sua
complexidade,
chamando a
atenção daquele
que deseja
exercitá-la ou
administrá-la,
para o uso do
bom senso na
avaliação da
produção
mediúnica,
considerando os
médiuns pessoas
comuns, que
lutam como todos
nós para vencer
sua
inferioridade.
O que você
diria aos
veteranos e aos
novatos?
Aos veteranos,
que continuem
pesquisando e
transferindo
seus
conhecimentos de
forma clara e
segura aos
novatos, como
fez o
codificador. Que
os novatos
comecem pelo
começo e jamais
releguem a
leitura das
obras básicas do
Espiritismo e da
Revista
Espírita,
editada por
Allan Kardec. A
leitura da
Revue Spirite
nos dá uma visão
tridimensional
da história do
Espiritismo: o
momento da
codificação, a
reação da
sociedade
parisiense e de
outras capitais,
as dificuldades
encontradas pelo
médium da
Terceira
Revelação com os
psicógrafos que
o auxiliavam.
Como estamos
no movimento
espírita
brasileiro, em
generalidade, em
termos de
maturidade com a
prática
mediúnica,
considerando-se
os vícios e
deturpações
ainda
existentes?
Após o livro
Desobsessão,
de André Luiz,
meio século
atrás, sente-se
que houve um
alinhamento com
os princípios
doutrinários no
que diz respeito
às reuniões
mediúnicas. No
entanto,
observa-se que
há muitos
desvios
resultantes da
falta de estudo
dos que dirigem
aquelas reuniões
destinadas ao
atendimento aos
desencarnados
sofredores e
equivocados por
meio do diálogo
inteligente e
amoroso.
Qual o
principal recado
ou sugestão a
integrantes de
uma reunião
mediúnica?
Que se
aprofundem no
estudo das obras
de Allan Kardec,
da médium Yvonne
do Amaral
Pereira, dos
Espíritos
Bezerra de
Menezes, André
Luiz e Manoel
Philomeno de
Miranda. Nelas
encontramos todo
o ensinamento de
que necessitamos
para a
realização do
encontro com os
desencarnados,
de forma
inteligente,
segura e
caritativa,
devendo-se
entender que a
tarefa é de
cunho
científico, já
que os Espíritos
consideram a
sala onde se
realizam as
reuniões de
desobsessão um
verdadeiro
laboratório,
contido dentro
de um amplo
hospital de
dimensão
espiritual.
O que você
diria da
seriedade e
preparo para a
prática
mediúnica?
Em O Livro
dos Médiuns
Allan Kardec nos
ensina que para
se obter uma
reunião séria é
necessário que
seja banido dos
seus
participantes
todo sentimento
de orgulho e de
personalismo, e
deve reinar
entre eles uma
mútua
cordialidade. No
entanto,
necessário se
faz o
conhecimento dos
postulados da
Doutrina e dos
mecanismos da
mediunidade para
melhor
cooperarmos com
os Espíritos que
dirigem os
trabalhos. O
“amai-vos e
instruí-vos” é
ensinamento
crucial para
toda e qualquer
atividade que se
faça em nome do
Espiritismo. A
desobsessão não
prescinde
daquele axioma.
Como
despertar
efetivamente o
público espírita
para a
necessidade
continuada de
estudo da
mediunidade para
a prática
mediúnica?
Esse esforço
teve início há
mais de meio
século com o
codificador, ao
publicar O
Livro dos
Médiuns e a
Revista
Espírita. A FEB
e as federativas
vêm realizando
trabalhos
significativos
nessa direção.
Sabemos, no
entanto, que um
dos grandes
desafios para
quem se dedica
ao ensino de
qualquer matéria
é vencer a
inércia mental
do aprendiz. É
oportuno lembrar
aqui o que nos
revelou o
Espírito Ignácio
Bittencourt, no
livro
Seareiros de
Volta, na
mensagem A
conclusão da
pesquisa:
“[...] Excelsos
Dirigentes do
Espiritismo, nas
Esferas
superiores, após
minuciosa
pesquisa,
chegaram à
conclusão de
que, junto com
as calamitosas
quedas morais e
às deserções
deploráveis de
numerosos
companheiros
responsáveis
pelo serviço
libertador,
entre todas as
causas que
dificultam a
marcha da Nova
Revelação na
Terra,
destaca-se, em
posição de
espetacular e
doloroso relevo,
a preguiça
mental”. Diante
dessa verdade,
contentemo-nos
com o que já
alcançamos até
então”.
Algo marcante
que gostaria de
relatar de suas
experiências?
Foram
enriquecedores
nossos contatos
com a
Espiritualidade
durante esse
meio século de
vida no
movimento
espírita.
Somente
lamentamos que
não soubemos
multiplicar
devidamente os
valores
recebidos.
Agimos como
aquele
trabalhador
avaro da
parábola dos
talentos. No
entanto, como
nos ensina André
Luiz, o que nos
dá esperanças é
que sempre
podemos
recomeçar.
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