Por: Cinthia Cortegoso
De baixo para cima, sem
dúvida, a altura era majestosa e sua circunferência também não ficava a
desejar. Era um morro eminente por sua geometria, por sua cobertura
vegetal, pela incomparável árvore em seu topo, pelas inigualáveis flores
miúdas e coloridas que se espalhavam sobre ele… sobre seu segredo.
Era imensurável o número de
visitas a ele registrado. Olhos curiosos e brilhosos o observavam com a
avaliação de supostos estudiosos, mas com o coração de homens simples em
busca do entendimento das diversas formas de vida rumo ao progresso.
Alguns retiravam, com cuidado,
alguns de seus raminhos para amigos ou parentes que, sem condições, não
puderam participar; outros se colocavam em gesto respeitoso quando
alcançavam o seu topo e muito mais na posição do alto conquistada. Cada
alma ali presente demonstrava seu júbilo com grande reverência; cada
espírito se mantinha mais calmo e feliz naquele morro tão em paz.
E esse movimento perdurava nos
períodos matutinos e vespertinos, diminuía um pouco quando a noite
determinada prevalecia por suas horas, ainda assim, havia os tão
desesperados ou confiantes demais que o buscavam até no momento de
predominância da lua.
Para os corações, o grande
objetivo é sentir o amor que os amansa e põe-nos em estado apurado para
valorizar a vida, compreendê-la e vivê-la com o seu maior e pleno
sentido.
Muitas vezes, o homem ainda não
domina seu instinto e o socorro exterior torna-se decisivo e acalenta,
embora o curso natural seja o inverso. E lá, na paz do morro, muitos
homens e mulheres, irmãos e pais, filhos e filhas em socorro buscavam a
luz pacificadora para os seus corações aflitos. Lágrimas facilmente
escorriam pelas faces necessitadas, umas mais que outras.
Olhos voltados para os céus,
braços estendidos também para o infinito rogando força e encontro com a
coerência de viver a preciosidade a nós concebida: a vida, criação
suprema. Palavras sussurradas pelos lábios arrependidos; mentes que
realizaram atos impensados agora em prece de contrição e amor; é assim o
curso natural como o vento firme no alto do morro.
O coração precisa se amansar
para aprender e, consequentemente, evoluir. E quando a alma se
balsamizar de luz e se perpetuar para o estado em espírito, compreenderá
definitivamente que não precisará de um morro para esse fim, mesmo que
se justifique por sua concentração na natureza e sua altura para o
infinito; no entanto, a centelha divina participa de todo ser vivo, como
o é no próprio ser humano.
Para muitos, graças a Deus,
os morros existem e estimulam milhares de almas a se reencontrarem com
sua própria essência e a ouvirem a voz divina; para uma menor
quantidade, aqui no Planeta, os morros já se transformaram em
recolhimento e prece; caridade e amor; paz e progresso.
E assim a humanidade caminha, na
verdade, com um único objetivo, o da conquista, mesmo que muito
devagar, de sua ascensão com o esforço reconhecido na tão maravilhosa
seara do bem amparada pelo amor, estado verdadeiro no qual a felicidade
se eterniza.
(Cínthia Cortegoso)
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