quinta-feira, 24 de setembro de 2015

PÉROLAS LITERÁRIAS (117)



Culpa e resgate

Antônio Valentim da Costa Magalhães

– Senhora, compaixão! – a moça triste implora.
– Não merece perdão a mulher que se aluga!...
Acabarei contigo, infame sanguessuga!... –
Grita no espancamento a impassível senhora.
A vítima doente anseia, tomba e chora,
Tremendo, a soluçar, sob o pé que a subjuga...
Rompe-se um grande vaso... E o sangue rola em fuga.
A morte arranja o fim... Tudo é silêncio agora...
A ré que ninguém viu, como se nada houvera,
Continua a viver qual flor na primavera,
Mas a Lei vigilante assinala-lhe a trilha.
E antes que a dama nobre em remorsos se adentre,
A alma da moça triste acolhe-se-lhe ao ventre
E ela estende-lhe o seio, enlaçando-a por filha...

Diretor-fundador do célebre jornal literário A Semana e membro fundador da Academia Brasileira de Letras, Valentim Magalhães foi romancista, poeta, crítico literário, teatrólogo, contista e jornalista. O soneto acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra psicografada pelos médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier.
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