Reflexões à luz do Espiritismo
O futuro não está
sujeito ao acaso nem a uma cega fatalidade
É
correto o pensamento de que o futuro a Deus pertence?
Sim,
é isso que deduzimos dos ensinamentos espíritas.
Somos
os construtores do nosso próprio destino, isto é, nossa caminhada rumo à meta
para a qual fomos criados depende de nossos esforços, de nossa dedicação, do
empenho com que a ela nos dirigimos. Mas ignoramos, quando estamos encarnados,
o que nos acontecerá na atual existência e nas próximas, visto que o
conhecimento do futuro não está ao nosso alcance.
A
doutrina espírita trata com clareza essa questão.
Vejamos
o que, a respeito do assunto, está consignado em O Livro dos Espíritos, que é, como se sabe, a principal obra da
doutrina espírita:
Pode o
futuro ser revelado ao homem?
“Em princípio, o
futuro lhe é oculto e só em casos raros e excepcionais permite Deus que seja
revelado.” (L.E., 868)
Com
que fim o futuro se conserva oculto ao homem?
“Se o homem
conhecesse o futuro, negligenciaria do presente e não obraria com a liberdade
com que o faz, porque o dominaria a ideia de que, se uma coisa tem que
acontecer, inútil será ocupar-se com ela, ou então procuraria obstar a que
acontecesse. Não quis Deus que assim fosse, a fim de que cada um concorra para
a realização das coisas, até daquelas a que desejaria opor-se. Assim é que tu
mesmo preparas muitas vezes os acontecimentos que hão de sobrevir no curso da
tua existência.” (L.E., 869)
Mas,
se convém que o futuro permaneça oculto, por que permite Deus que ele seja
revelado algumas vezes?
“Permite-o, quando o
conhecimento prévio do futuro facilite a execução de uma coisa, em vez de a
estorvar, obrigando o homem a agir diversamente do modo por que agiria, se lhe
não fosse feita a revelação. Não raro, também é uma prova. A perspectiva de um
acontecimento pode sugerir pensamentos mais ou menos bons. Se um homem vem a
saber, por exemplo, que vai receber uma herança, com que não conta, pode dar-se
que a revelação desse fato desperte nele o sentimento da cobiça, pela
perspectiva de se lhe tornarem possíveis maiores gozos terrenos, pela ânsia de
possuir mais depressa a herança, desejando talvez, para que tal se dê, a morte
daquele de quem herdará. Ou, então, essa perspectiva lhe inspirará bons
sentimentos e pensamentos generosos. Se a predição não se cumpre, aí está outra
prova, consistente na maneira por que suportará a decepção. Nem por isso,
entretanto, lhe caberá menos o mérito ou o demérito dos pensamentos bons ou
maus que a crença na ocorrência daquele fato lhe fez nascer no intimo.” (L.E.,
870)
A
restrição ao conhecimento do futuro, claramente explicada nas questões
precedentes, é reafirmada por Emmanuel no livro O Consolador, obra psicografada por Chico Xavier, na qual o
conhecido instrutor espiritual diz:
“Os Espíritos de
nossa esfera não podem devassar o futuro, considerando essa atividade uma
característica dos atributos do Criador Supremo, que é Deus. Temos de
considerar, todavia, que as existências humanas estão subordinadas a um mapa de
provas gerais, onde a personalidade deve movimentar-se com o seu esforço para a
iluminação do porvir, e, dentro desse roteiro, os mentores espirituais mais elevados
podem organizar os fatos premonitórios, quando convenham as demonstrações de
que o homem não se resume a um conglomerado de elementos químicos, de
conformidade com a definição do materialismo dissolvente”. (O Consolador, pergunta 144.)
Segundo
o que Allan Kardec ensina no cap. XVI, itens 7 a 10, do livro A Gênese, a extensão das faculdades
perceptivas dos Espíritos depende da efetiva elevação deles. Essa faculdade é
inerente ao seu estado de espiritualização ou desmaterialização. Quer isto
dizer que a espiritualização produz um efeito que se pode comparar, se bem
muito imperfeitamente, ao da visão de conjunto que tem o homem colocado sobre a
montanha, capaz de ver de forma mais ampla do que aquele que esteja na planície.
No
mesmo livro e capítulo Allan Kardec transmite-nos, nos itens 12 a 15, duas
informações muito importantes para que possamos compreender melhor a questão em
análise:
1ª.
As mais das vezes, os acontecimentos vulgares da vida privada são consequência
da maneira de proceder de cada um, de modo que se pode dizer que cada um é o
artífice do seu próprio futuro, futuro que jamais se encontra sujeito a uma
cega fatalidade.
2ª.
Os acontecimentos que envolvem interesses gerais da Humanidade têm a regulá-los
a Providência. Quando uma coisa está nos desígnios de Deus, ela se cumpre a
despeito de tudo, ou por um meio, ou por outro. Os homens concorrem para que
ela se execute; nenhum, porém, é indispensável, pois, do contrário, Deus
estaria à mercê de suas criaturas. Se faltar aquele a quem incumba a missão de
a executar, outro será dela encarregado. Não há missão fatal; o homem tem
sempre a liberdade de cumprir ou não a que lhe foi confiada e que ele
voluntariamente aceitou.
Em
face do exposto, não é difícil compreender que o futuro a Deus pertence, embora
exerçamos na sua construção um papel importante, fruto das ações ou omissões
que marcarem a nossa caminhada rumo à perfeição.
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