sexta-feira, 13 de outubro de 2017

EM CONVERSA UMA AMIGA ME PERGUNTOU COMO FOI A MINHA INFÂNCIA!

Eu respondi  que  nunca  tive infância. Quando criança e, por ser o filho mais velho  do casal: José Nazário Lima e Antônia Cantanhêde, fui o cuidador  dos  meus irmãos. O meu pai e a minha mãe tinham como principal atividade a roça no toco, eram lavradores. A minha mãe  exercia outras atividades sazonais, quebrava coco babaçu e coletava e tratava de andiroba. O meu pai  depois que preparava a roça, pescava camarão de escora e  também  extraía madeira em toras, lavrava e serrava com uma ferramenta  que se chamava de serrotão.

Com oito anos de idade eu ficava em casa com a incumbência de comprar sururu no porto do Ribeirão, fazer a comida dar para os irmãos e no final da tarde sambucar o sururu,  varrer a casa e fazer o fogo.  Eu me entretia no jogo de pelada  que acontecia todas as tardes  no terreirão de Dona Avelina  que era anexo ao nosso. Essa atividade da garotada impedia eu   não cumprir com a tarefa caseira porque  eu também participava  era tão bom!   

Quando a minha mãe apontava no início do terreiro com um cofo de palha babaçu meado  com  coco e mais uns  paus  de lenha para fazer o fogo, era que eu corria para cumprir as tarefas. Aí,   Dona Antônia me batia até acabar a vassoura de juçara ou quebrar  as galhadas que chamavam de cipó. Isso era quase todo dia às vezes o excesso do bater  fazia com que a minha avó Dona Avelina  me socorresse ou então eu corria. Eu calculo que apanhava em média três surras por dia.

A vizinhança desaprovava  essa conduta excessiva da minha mãe. Entretanto, a época determinava  que fosse assim. Filho teria que respeitar a todos  ou então apanharia, Havia um corinho: “ quem come do meu pirão apanha do meu cinturão”.  A película da minha costa não é a mesma  com a que eu nasci.  Eu cresci e com 16 anos de idade eu já era um homem  de boa conduta.  Ouvir o meu pai dizer  várias vezes em conversa  na minha casa. Ele  nos finais de semana cortava cabelo para ganhar um dinheirinho e nesse ínterim a conversa  era o  entretenimento.

Quando eu ia trabalhar na roça em terra de barro próprio para plantar arroz eu tinha ojeriza de pisar no chão  e as vezes  amassava a plantação, ele batia na minha perna com força e ia tentar equilibrar a touceira  de arroz. Tempo se passou e eu me queixei para a minha avó.

No outro dia  Dona Avelina  minha protetora, conversou com a minha mãe e o meu pai e aconselhou eles  a  permitir com que eu aprendesse uma profissão para dela sobreviver.  Meu pai  falou  com um primo dele  Maximiano era alfaiate  que havia aprendido o ofício em  São José de Ribamar.  Depois vim para  Rosário aprender  a profissão de Alfaiate com  o Senhor José Maria Lima que  era baterista do JAZZ 4 de MARÇO,  foi  Sou Zé quem  pedi-o para Velho  me ensinar.  Depois  eu pedi para José Serra me ensinar  ler partitura e Depois fui examinado pelo Senhor João dos Santos.

Eu cheguei  em Rosário em 04 de setembro de 1964 e em 14 de setembro de 1965 casei-me  com  Maria Madalena Marques  tivemos 05 filhos e eu tentei implantar o modelo  de educar como eu fui ensinado, não deu certo!  Só descobri  o equívoco  quando o meu primeiro filho já estava  cursando o terceiro ano  no Colégio Agrícola no Maracanã.  Por tais fatos  sou defensor  de que  se eduque e  não se destrua  uma criança. Só a educação combate  a violência!

Reinaldo Cantanhêde Lima - Aposentado, Sindicalista, Autodidata, Educador Alternativo e Mobilizador Social - Blog  www.reinaldocantanhede.blogspot.com - Face: Reinaldo Cantanhede Lima Cantanhêde Lima


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