terça-feira, 28 de novembro de 2017

COMO O PÁSSARO QUE VOLTA A CANTAR - PART. DE O BLOG ESPIRITISMO SÉCULO XXI


Contos e crônicas






Como o pássaro que volta a cantar

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Haverá os dias com mais sorriso e leveza; haverá os com mais gris cuja tristeza será a presença; ainda virão os dias perturbadores nos quais nos sentiremos tão fracos que a passagem parecerá ter chegado; os dias de insegurança também amanhecerão; e a luz voltará a brilhar porque a vida é a maravilhosa lição de aprendizado.
No caminho presenciaremos campos verdes com flores coloridas, miudinhas e maiores; nossos passos caminharão em paz. Depois, olhando para o horizonte, chuva de pedra surgirá, mas um local haverá para a nossa proteção. Durante essa espera, poderemos observar detalhes nunca antes avistados e voltaremos a seguir. Até poderão ocorrer outros muitos “imprevistos” ‒ mais conhecidos como lições a serem aprendidas ‒, tropeços, desfalecimento e quedas, mas alguém nos resgatará para colocar-nos na estrada novamente.
E nós, mais uma vez, como sobreviventes de uma batalha, seguiremos rumo à luz do sol, pois, de certa maneira, sabemos quantos apuros já vivenciamos, quantas vezes tentaram aniquilar-nos, mas somos bravos e dentro do coração há a sabedoria de que precisamos continuar, ir adiante, amar, conhecer, pois as estrelinhas do céu só brilham porque aprenderam a levitar, a criar e a manter sua própria luz.
As estrelinhas também cintilam para nos orientarem, já que possuem luz e quem luz tem, o maior desejo é iluminar. São discretas e puras, tantas vezes já presenciaram nossa dor, a morte que quase se tornou real diante da dor que nos tomou conta. Ainda, assim, continuamos os passos. E o horizonte nos chama. Em alguns momentos, ele parece muito perto, logo ali, e em outros, a distância imensurável eterniza a chegada. Seguimos.
Seguimos como a planta que nasce no mais inóspito local; como seres esperançosos no amor; como o pássaro solitário, mas determinado, que encontra os pássaros companheiros de há muito tempo e volta a cantar... cantar a sua melodia. Seguimos com o instinto espiritual buscando mais luz e refletindo sobre as inúmeras ocorrências vividas de quase morte na vida.
Refletiremos sobre a solidão, a bondade, o amor, a dor, a desesperança, a força, a luz e a sua falta, o companheirismo, o olhar amoroso e o frio olhar, a mão estendida a ajudar e a receber ajuda. Refletiremos durante a caminhada e, principalmente, quando pudermos mais nos conectar com o silêncio que faz ouvir o verdadeiro sentimento; então nos veremos como de fato somos, pequeninos filhos de Deus que a cada dia se desenvolverão até assemelharem-se às estrelas do céu.
E dias tão variados continuarão a nascer, já que cada um possui o conteúdo necessário para o nosso crescimento. Melhor que seja assimilado o conhecimento, pois, dessa forma, mais aprendizado se avalia em menor tempo e com menos dor. Mas não será o último dia difícil.
Como a flor murcha que cai ou a flor seca para dar maior força à planta, nós também precisaremos aprender a viver um dia de cada vez e hoje ser o mais importante deles. E quando houver dor olharmos para o céu, durante o dia, e aceitarmos a luz dourada do sol que nos aquece, e quando à noite, buscarmos a luz das estrelas que nos anima e em toda a vida lembrarmo-nos das palavras sinceras que nos ligam a outra dimensão.
Em muitas vezes ainda nos sentiremos abalados, e em tantas vezes seremos fortes. E os pássaros sempre cantam porque, embora também sintam dor, eles sentem ainda mais a alegria de viver.

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