Lula elogia Sarney e diz que imprensa 'avacalha' a política
Ex-presidente diz que senador nunca levantou "um único dedo" para atrapalhar os trabalhos do Congresso
Editado do Portal Terra
![]() |
José Sarney e Lula: troca de elogios |
O ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva elogiou, em discurso no Senado nesta
terça-feira (29), o trabalho do senador José Sarney (PMDB-AP) na
presidência da República durante a elaboração da Constituinte de 1988.
Lula – ao dizer que Sarney nunca levantou “um único dedo” para
atrapalhar os trabalhos do Congresso Nacional – afirmou em seu
pronunciamento que a imprensa “avacalha” a política brasileira.
“Ulysses
(Guimarães, presidente da Assembleia Constituinte) certamente coordenou
com maestria, numa situação muito difícil, porque o PMDB tinha 23
governadores de Estado e 306 constituintes. Sozinho, podia fazer o que
queria e tenho consciência que o senhor (José Sarney) não teve
facilidade e muito menos moleza. E quero colocar sua presença na
presidência no momento da constituição em igual de forças com o
companheiro Ulysses. Porque em nenhum momento, mesmo quando o senhor era
afrontado no Congresso, o senhor não levantou um único dedo para
colocar qualquer dificuldade aos trabalhos da Constituinte e certamente
foi o trabalho mais extraordinário que esse Congresso já viveu”, disse o
ex-presidente, opositor de Sarney na época da elaboração da Carta
Magna.
Lula e Sarney
receberam nesta terça-feira a medalha Ulysses Guimarães, criada pelo
Senado para homenagear pessoas que contribuíram com a Constituição de
1988, que completou 25 anos no início do mês. O petista era deputado
constituinte por São Paulo, enquanto o peemedebista assumiu a
presidência do Brasil após a morte de Tancredo Neves.
Afirmando ter
sido um deputado constituinte "impetuoso", Lula elogiou a postura de
Sarney frente aos "desaforos" da oposição que ele integrava. "Eu quero
lhe dizer claramente que o senhor merece minha homenagem por seu
comportamento digno como presidente de permitir que nós disséssemos
todos os desaforos que pensávamos que tínhamos o direito de dizer ao
senhor e o senhor não se sentiu afrontado por isso. Ao chegar a
presidência da República, as pessoas precisam estar preparadas para
saber que não são donos do Brasil, são apenas donos de um mandato com
data de chegada e de saída", disse Lula.
Repetindo o
discurso que tem adotado desde as manifestações de junho, o petista
disse que a negação da política pode levar o país a regimes
autoritários. “Na história desse país, se a juventude lesse a biografia
do Getúlio Vargas, do Juscelino Kubitscheck e outras biografias,
provavelmente as pessoas não iam desprezar a política e muito menos a
imprensa ia avacalhar a política como avacalha hoje. Não há nenhum
momento da história em nenhum lugar do mundo que a negação da política
tenha trazido algo melhor que a política. O que aparece sempre quando se
nega a política é um grupo praticando na verdade ditadura”, afirmou.
Senador disse que foi vítima da liberdade de expressão
Ao discursar
antes de Lula, o senador José Sarney exaltou as mudanças sociais
promovidas pela promulgação da Constituição de 1988. Em tom bem
humorado, destacou que talvez tenha sido a maior vítima da liberdade de
expressão.
“Eu talvez
tenha sido a grande vítima dessa abertura. Presidente Lula, o senhor
sempre disse que foi o mais atacado, mas eu quero entrar nessa disputa”,
disse Sarney, arrancando gargalhadas da cantora Fafá de Belém, também
homenageada no Senado por ser considerada a “Musa das Diretas”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário