JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Boa tarde, amiga leitora, você sabe a
diferença entre ouvir e escutar? Ouvir é captar os sons com o aparelho
auditivo, mas não necessariamente entendê-lo. Exemplo:
– Juca, você gostaria de almoçar agora? Resposta do Juca, que
ouviu claramente, mas não escutou o que a esposa lhe disse:
– Minha nora é tão boazinha, porque eu iria
amansá-la?
Deixo a você, leitora, a interpretação do
que o Juca ouviu.
Há poucas horas, um amigo ligou para Joteli
e, conversa vai, conversa vem, disse-lhe que foi com dois amigos ao Detran para
fazer a transferência de um automóvel para um desses amigos, que o comprara do
Manoel, o amigo que ligou.
Depois de tudo certo, na hora de citar a
marca do carro para o funcionário do Detran, o ex-proprietário do veículo
disse-lhe que se tratava de um Honda Fit.
Na pressa de saírem, o novo proprietário
pegou o documento e não o conferiu. Chegando a casa, observou que o veículo
fora registrado como Honda Civic.
Conclusão número 1: o funcionário ouviu
Civic e não Fit. Conclusão número 2: ouviu, mas não escutou o nome da marca do
carro.
Você sabia que há pessoas que têm boa
audição, mas não escutam bem e vice-versa? No caso do Juca, o que ele ouve não lhe
deixa dúvida; por vezes, entretanto, o problema é o que escuta. Ele não tem um
ouvido, o que não o impediu de lecionar durante 22 anos em uma faculdade
particular.
Antes que você diga alguma coisa, ele não
tem é a audição de um dos pavilhões auditivos, mas tem as duas orelhas. Então,
ultimamente, nosso amigo pode ouvir uma coisa e escutar outra. Entretanto,
paradoxalmente, possui excelente audição, em especial para os sons musicais.
Exemplo de músico que o agrada muito: Amado Batista.
Você já percebeu, amigo leitor, como o
Amadão canta bem? Que voz! O mais próximo que um cantor pode chegar à sua
altura foi o Frank.
— Quem, o Frank Aguiar?
— Não, despiciendo leitor, o Frank Sinatra.
Outras palavrinhas que causam confusão são
entender e compreender. Entender é saber alguma coisa sem necessariamente
conhecer o seu porquê. Compreender é saber o significado daquilo que foi
entendido, para que serve, o porquê daquilo. Quem entende não reflete sobre o
que leu ou ouviu; mas quem compreende reflete, compara, questiona, busca saber
o porquê da coisa. Não é o que acontece com os conteúdos decorados, que podem
ser entendidos, mas não compreendidos. A pessoa repete tudo direitinho, mas nem
sempre sabe qual a finalidade daquilo.
O grande problema do entendimento sem compreensão
é que, por vezes, a pessoa decora um assunto sem procurar saber a sua
utilidade, para que serve e, na hora de responder uma pergunta sobre ele, dá
respostas sem sentido, como ocorre nos exames do Enem. Se a pessoa compreende
bem o assunto, responde com suas próprias palavras. Se o entendeu, mas não
compreendeu, ao esquecê-lo tenta fazer associações com outras informações
também não compreendidas. Então sai isto no exame do Enem:
– O que é ditongo e tritongo?
– Ditongo é uma palavra com dois tongos e
tritongo é a que possui três tongos...
Ou, na redação, uma conclusão como esta:
"A leitura permite ao homem tornar-se míope", que, nem se
interpretada literalmente, faz sentido, pois a miopia é a dificuldade de ver a
distância e não de perto.
Sem desejar cansar o leitor e a leitora,
algumas pérolas famosas do Enem são as seguintes:
"A prosopopeia é o começo de uma
epopeia";
"Um paralelepípedo é um animal cujos
dois pés são paralelos";
E, para finalizar: "Triângulo são os
filhos trigêmeos do ângulo".
Ah, fala sério, meu!
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o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com
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