Reflexões à luz do Espiritismo
Aos olhos de Deus, somos todos importantes
A expansão da
logoterapia nos dias que correm é mais um dado que mostra não estar muito
distante o momento em que se dará na Terra a aliança entre a Ciência e a
Religião, um fato antevisto por Allan Kardec, que escreveu em 1864 que são
chegados os tempos em que a Ciência, deixando de ser exclusivamente
materialista e levando também em conta o elemento espiritual, e a Religião,
deixando de ignorar as leis orgânicas e imutáveis da matéria, como duas forças
que são, apoiando-se uma na outra e marchando combinadas, prestar-se-ão mútuo
concurso.(1)
Sistema
teórico-prático de psicologia criado pelo médico psiquiatra vienense Viktor
Frankl, a logoterapia tornou-se mundialmente conhecida a partir do livro Em Busca de Sentido (Um Psicólogo no Campo
de Concentração), em que Frankl expôs suas experiências nas prisões
nazistas e lançou as bases do seu pensamento. De acordo com Allport,
"trata–se do movimento psicológico mais importante de nossos dias".
Embora desenvolvida
quando Frankl se encontrava preso em um campo de concentração, ela só foi
divulgada em 1949. Ignorada por boa parte dos psicólogos brasileiros, trata-se,
no entanto, de uma das três escolas da psicoterapia reconhecidas
cientificamente que se caracteriza por imprimir ideias mais humanistas à psicologia,
ideias essas que combinam, pela primeira vez na psicologia, espiritualidade,
religião e psicoterapia.
Segundo alguns
estudiosos, a logoterapia, diferentemente da escola freudiana, baseia sua
atuação não no inconsciente do indivíduo, mas na possibilidade de sua
transcendência espiritual e do encontro de um sentido para a vida.
Essa necessidade de
se encontrar um sentido para a vida constitui a base da filosofia e da
metodologia terapêutica propostas por Viktor Frankl. E ela tem-se mostrado
eficiente na cura das chamadas neuroses coletivas, como a solidão, a
agressividade e a depressão.
As ideias de Frankl
estão mais próximas dos ensinamentos espíritas do que se pode imaginar, uma vez
que o Espiritismo define com clareza qual o sentido de nossa presença na Terra
– ou, como queiram, o sentido da vida –, assunto tratado na questão 132 d´O Livro dos Espíritos, adiante
transcrita:
– Qual o objetivo da encarnação dos
Espíritos?
“Deus lhes impõe a
encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para
outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as
vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda
outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte
que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o
Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim
de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que,
concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.” (L.E., 132)
Comentando o
ensinamento, Allan Kardec explica que a ação do homem é necessária à marcha do
Universo. Deus, porém, na sua sabedoria, quis que nessa mesma ação
encontrássemos um meio de progredir e de nos aproximar dele.
Assim é que, por uma
admirável lei da Providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza e
ninguém pode alegar que sua presença e seu papel no mundo não têm importância
ante as vistas do Criador, visto que, aos olhos do Pai, somos todos
importantes.
(1) O Evangelho segundo o
Espiritismo, cap. I,
item 8.
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