Contos e crônicas
Nem de mais, nem de menos
CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR
O vento suave anima as flores, movimenta com harmonia os galhos e folhas das árvores e refresca a pele. Também tomba com delicadeza o campo de trigo sem machucá-lo. Impulsiona com sabedoria o pássaro que faz seu desenho no céu e, neste momento, a criatura do voo reforça como a liberdade é necessária para manter os olhos alegres.
Quando o vento está forte, nem as folhas, nem as flores continuam em suas plantas, são arrancadas mesmo com tempo ainda para animarem com vida e cores os nossos olhos e a composição da própria natureza. Este vento devasta o campo e tudo o que a este pertencia.
E se o vento está em sua imperceptível atividade, o sufoco desanima até quem era a própria explosão de ânimo. Tudo fica parado, logo, sem energia, já que para esta o movimento preciso a vivifica. Como querer seguir se falta a harmonia entre as partes geradoras da vida?
Quando se aproxima da quantidade coerente em tudo, o progresso é sentido, pois a sabedoria passa a administrar e todo ato torna-se positivo. Tanto o corpo como o espírito sofrem com o desequilíbrio; quando o trabalho é exagerado, as forças enfraquecem e as entradas de energias e a sua manutenção ficam precárias causando as doenças que impossibilitam a realização do que, de fato, se deveria fazer.
Quando o trabalho é de menos, sobrará tempo de mais para pensamentos, em muitos casos, não muito proveitosos ou salutares. Há que saber diferenciar o descanso do ócio já que há muito a ser feito, porém, com sabedoria e vontade.
E o espírito também pode adoecer se sua energia não for mantida com elevada vibração, ou seja, bons pensamentos, sentimentos, palavras e atitudes. Quando essa elevação é mantida, naturalmente o seu andamento traz alegria e bem-estar a quem propiciou e aos que convivem com o seu promovedor. Todas as criaturas apreciam o equilíbrio e o amor, podem até não perceber, no entanto, o interior deseja as nobres realizações. Talvez só exista muito ignorância para um pequenino dicionário de cabeceira. É necessário querer ampliar para as grandes bibliotecas da vida.
Quando a chuva é torrencial, a enchente é certa, pois a rapidez e a quantidade da água não permitem que o solo usufrua, nem que os rios se mantenham equilibrados, muito menos as metrópoles sem as catástrofes construídas pelos próprios habitantes.
Mas se a chuva é calma, tanto benefício é alcançado. A natureza é banhada pelos suaves pingos e todos os seres matam a sede e todo meio é acariciado. A raiz é hidratada para que dê vida às outras necessárias partes também estarem vivas.
Porém, se a chuva é escassa não é possível alimentar a terra para que esta fecunde. Então, o alimento não nascerá nem as flores colorirão os jardins, nem as árvores serão frondosas e a sua respiração não será sustentável para os nossos pulmões. E se a chuva for pouca, então, haverá pouco brilho e grande sofrimento.
Tudo obedece a uma lei natural: o equilíbrio. Quando de mais, ocorre sofrimento; quando de menos, a dor está presente. E a vida segue o curso que obedece à lei universal e as pessoas vivem no curso natural do universo.
Nem de mais, nem de menos.
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