David Conrado
Liesenberg:
“Cairbar é um
modelo de
espírita a ser
conhecido e
imitado”
Autor de um TCC
sobre Cairbar
Schutel na
conclusão do
curso de
Jornalismo, o
estudioso
paulista
fala-nos sobre o
legado e o
exemplo que nos
deixou o saudoso
seareiro
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De onde o seu
interesse pela
produção
literária de
Cairbar e pelo
legado do grande
seareiro?
Desde quando
passei a me
considerar
espírita - pouco
mais de trinta
anos - já ouvia
falar em Cairbar
Schutel. Por
intermédio do
médium e orador
espírita
Reynaldo Leite,
que me iniciou
nos estudos da
Doutrina
Espírita, tive
acesso aos
periódicos
fundados por
Cairbar, Jornal
O Clarim e
Revista
Internacional de
Espiritismo (RIE).
Fiquei surpreso
ao saber que
existia um órgão
informativo
espírita ativo
desde o início
do século XX. À
medida que me
aprofundava no
conhecimento do
Espiritismo, a
obra de Schutel
ficava cada vez
mais
interessante.
Fiquei sabendo
que Cairbar
Schutel, mesmo
depois de sua
desencarnação,
continuava
trabalhando pela
divulgação do
Espiritismo no
mundo. Não
bastasse isso,
no período em
que morei no
Exterior, graças
a Cidinha
Bergman (*),
muito ligada a
Cairbar,
consegui
perceber a
extensão da obra
do grande
espírita da
cidade de Matão,
SP.
Seu TCC na
formação
acadêmica versou
sobre Cairbar
Schutel. Por que
escolheu esse
vulto espírita?
Como foi a
pesquisa e quais
as repercussões?
Eu desejava
levar esse vulto
espírita para a
universidade.
Pelas razões
acima expostas,
e por estar
morando em
Matão, cidade
onde Cairbar
Schutel se
notabilizou como
homem público,
farmacêutico e
principalmente
como grande
divulgador do
Espiritismo,
achei que ele
poderia ser
conhecido também
nos meios
acadêmicos.
Assim, para o
meu TCC em
Jornalismo
resolvi escrever
um
livro-reportagem
biográfico sobre
Schutel. Este
trabalho foi
possível graças
a pesquisas
realizadas na
própria
instituição
fundada pelo
biografado -
Casa Editora O
Clarim
(Matão/SP) - e
no CCDPE -
Centro de
Cultura,
Documentação e
Pesquisa do
Espiritismo (São
Paulo, SP), que
generosamente me
franquearam seus
arquivos
históricos.
Pesquisas
documentais em
cartórios e
entrevistas
também fizeram
parte desse
trabalho. A
repercussão foi
ótima, porque
Cairbar Schutel
passou a ser
conhecido pela
coordenação do
curso de
jornalismo (UNIARA),
professores e
alunos. Por ter
obtido a nota
máxima em meu
TCC, o livro
ainda é
recomendado para
outros alunos
utilizarem como
base de estudo e
referência para
livros-reportagem.
Como você vê
atualmente a
influência de
Schutel na
realidade atual
do movimento
espírita?
Assim como
Cairbar Schutel,
muitas
personalidades
que se
destacaram no
Movimento
Espírita do
passado são
pouco conhecidas
na atualidade.
Infelizmente. A
influência de
Schutel ocorre
por intermédio
de sua obra
literária e
pelos periódicos
(Jornal O Clarim
e a RIE -
Revista
Internacional de
Espiritismo),
que circulam até
hoje, graças ao
esforço daqueles
que continuam à
frente da
instituição
fundada por ele.
Quem segue o
Espiritismo
baseado em Allan
Kardec, e Jesus
como modelo e
guia, está
seguindo o mesmo
caminho de
Schutel.
Sob o ponto de
vista histórico,
na vida de
Cairbar o que
mais lhe chama
atenção?
O que mais me
chama a atenção
é a sua grande
capacidade de
trabalho.
Cairbar, em
pleno início de
século XX, tinha
uma capacidade
de realização
diferenciada. À
medida que
Cairbar se
aprofundava no
trabalho de
divulgação do
Espiritismo, ele
crescia, e o
trabalho
avançava, se
multiplicava.
Imagine um
espírito com a
capacidade de
Cairbar Schutel
vivendo nos dias
de hoje, com as
facilidades
tecnológicas e
de comunicação,
trabalhando na
seara espírita?
A produção
literária de
Cairbar Schutel
era constante:
todo o processo
de edição de um
jornal e uma
revista. Não
bastasse isso,
ele tinha farto
material em
outros idiomas
para tradução.
Cairbar ainda
escrevia artigos
para outros
jornais e
publicava
livros. Como
farmacêutico,
atividade que à
época tinha
influência
expressiva na
sociedade,
atendia a
população local
e nas fazendas,
independente de
cor, credo ou
classe social.
Conferencista,
Cairbar
realizava
palestras em
centros
espíritas onde
era chamado,
inclusive na
cadeia de Matão.
Como homem
público, foi o
primeiro
intendente da
cidade. Como
espírita,
defendia os
preceitos
doutrinários
perante os
incrédulos, os
ignorantes, mas
também perante
aqueles que
combatiam o
Espiritismo.
Trabalho com
amor. Isso me
chamou muito a
atenção.
Qual, na sua
opinião, foi o
maior legado e o
maior exemplo
deixados por
Schutel como
contribuição à
expansão do
pensamento
espírita?
O maior legado
foi a sua
convicção na
imortalidade.
Essa convicção
foi o
combustível para
mantê-lo
irredutível na
caminhada. Com
todas as
dificuldades e
percalços, seus
ideais se
mantiveram
sempre elevados,
conectados com a
espiritualidade
superior. Esse
legado ele mesmo
fez questão de
deixar
registrado em
seu epitáfio,
por intermédio
de comunicação
mediúnica logo
depois de sua
morte: “Vivi,
vivo e viverei,
porque sou
imortal”.
O maior exemplo
deixado por
Schutel como
contribuição à
expansão do
pensamento
espírita foi a
sua fidelidade a
Jesus. Essa
fidelidade se
expressava na
sua humildade,
no seu
desinteresse
pelas coisas do
mundo, no seu
coração
totalmente
ligado ao bem.
Dedicou-se ao
próximo curando
os enfermos do
corpo e da alma,
sem distinção.
Com esses
valores,
tornou-se
incansável
divulgador da
Terceira
Revelação. Com o
magnetismo dos
grandes homens,
aglutinou uma
fiel equipe de
trabalhadores,
que não somente
o acompanharam
durante sua
estada terrena,
como deram
continuidade à
sua obra depois
de sua
desencarnação em
1938.
Sobre os livros
que Cairbar
Schutel
escreveu, quais
você recomenda
ao leitor?
Recomendo a
leitura de todas
as obras de
Cairbar Schutel.
Todas possuem
conteúdo
altamente
doutrinário.
Mesmo tendo sido
escritas há
praticamente um
século, mantêm a
atualidade. Eu
recomendaria em
especial a
leitura do livro
Parábolas e
Ensinos de Jesus.
Esta obra,
publicada em
1928, é um
verdadeiro
tratado sobre as
parábolas de
Jesus. As
explicações de
Cairbar colocam
luzes ao
entendimento
evangélico. Para
quem pratica a
leitura d’ O
Evangelho
segundo o
Espiritismo,
o Parábolas
enriquece o
entendimento do
leitor.
Para você,
residindo na
cidade onde
laborou Schutel,
e também com a
experiência
internacional
que acumulou
quando residiu
no exterior, que
ângulo de visão
lhe oferece o
trabalho de
Schutel visto
com a ótica do
conhecimento
espírita e da
atualidade do
movimento
espírita?
A experiência
de seis anos
residindo na
Suécia foi muito
valiosa. A
convivência com
espíritas de
vários países
europeus
permitiu-me
viver num
cenário onde o
Espiritismo
ainda é
desconhecido
pela maioria.
Diante dessa
situação, pude
testemunhar o
início do
trabalho de
divulgação
espírita. Um
terreno árido,
onde não existia
literatura
espírita, nem
espíritas.
Consegui
imaginar o que
Cairbar
vivenciou nos
primórdios da
divulgação
espírita no
Brasil. Tivemos
a oportunidade
de “esquecer”
exemplares d’
O Evangelho
segundo o
Espiritismo
nos trens de
Estocolmo
(lembrando que
Cairbar fazia o
mesmo com os
exemplares do
jornal O
Clarim), na
esperança de que
alguém pudesse
se interessar.
Participamos da
organização de
palestras, com a
ida de oradores
como Divaldo
Franco, com
pouquíssima
adesão popular
nos seus
primórdios, mas
que aos poucos
as barreiras
foram sendo
vencidas. Enfim,
o trabalho de
Schutel é
inspirador em
qualquer lugar
do mundo!
Algo marcante
que gostaria de
ressaltar aos
leitores, seja
da literatura
produzida por
Schutel, seja
dos exemplos
deixados pelo
grande seareiro?
Sim, eu gostaria
de trazer mais
exemplos
deixados pelo
grande seareiro.
Ao conhecer o
Espiritismo,
Cairbar passou a
divulgá-lo nos
seus periódicos,
distribuindo-os
em cemitérios,
trens,
enfrentando seus
opositores com
inteligência e
maestria.
Cairbar
construiu
barracos no
terreno de sua
casa para
abrigar
desamparados,
doentes e
miseráveis. Ele
não somente
acolhia, mas
ajudava a
alimentá-los,
por vezes
sentando-se à
mesa junto com
seus assistidos.
Colocou sua
farmácia à
disposição dos
mais
necessitados,
atendendo e
medicando sem
exigir nada em
troca. Não à toa
foi considerado
o Pai da Pobreza
de Matão.
Schutel amava os
animais,
protegia-os,
tratando-os como
irmãos menores
que mereciam
atenção e
carinho.
Cairbar foi
grandioso no
exemplo cristão.
Ele não se
deixou vencer
pela vaidade nem
pelo orgulho,
pois que se
manteve – repito
– fiel a Jesus.
Suas palavras
finais.
Cairbar é um
modelo de
espírita a ser
conhecido e
imitado. Num
mundo repleto de
“celebridades” e
ídolos de barro,
esse espírita é
o bom exemplo
que segue,
imortal, no
coração de todos
os homens de
bem!
Fonte: o Consolador Revista Semanal de Divulgação Espírita
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