Reflexões à luz do Espiritismo
A Teoria do Design Inteligente na visão de um homem de
ciência
Algum tempo atrás, em
um dos vestibulares realizados pela Universidade Federal do Paraná, uma das
questões versou sobre o evolucionismo, o criacionismo e a então novíssima corrente
de pensamento conhecida pelo nome de “Design Inteligente”.
Em face dessas três
correntes de ideias, como se posiciona a Doutrina Espírita?
É por demais
conhecida nossa opinião de que, entre o evolucionismo de Darwin e o
criacionismo bíblico, não há dúvida de que o Espiritismo ficaria sempre com o
primeiro, uma vez que a evolução da alma e dos seres viventes verificou-se
lentamente, no correr dos milênios, e não como narra o Gênesis. É, porém, mais
que evidente que, conforme propõem os partidários da Teoria do Design
Inteligente, existem no mundo estruturas biológicas complexas demais para terem
surgido tão somente nas condições descritas por Darwin, pela acumulação gradual
de modificações aleatórias.
Tudo, pois, nos leva
a crer que houve e há nesse processo a intervenção de inteligências
extracorpóreas, fato que Emmanuel afirma expressamente em seu livro A Caminho da Luz, psicografado por Chico
Xavier em 1938, muito antes de terem ganhado notoriedade as ideias da citada
corrente de pensamento, que entende existir um “designer”, um projetista
inteligente, para explicar as maravilhas da Criação.
Um dos partidários
da Teoria do Design Inteligente (TDI) é o professor e doutor Marcos Eberlin, docente
no Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), membro
da Academia Brasileira de Ciências, comendador da Ordem Nacional do Mérito
Científico e atual presidente da Sociedade Brasileira de Espectrometria de
Massas. Eberlin foi recentemente laureado com a medalha J. J. Thomson,
conferida bianualmente pela Fundação Internacional de Espectrometria de Massa.
Em entrevista
concedida ao jornalista Michelson Borges, o Dr. Eberlin explica o que é a
Teoria do Design Inteligente. A entrevista pode ser vista na íntegra
clicando-se neste link: http://www.entrevistas.criacionismo.com.br/2010/05/professor-da-unicamp-defende-design.html
Eis o que, a
respeito do assunto, diz o professor Eberlin:
“A TDI é uma teoria
científica, defendida por uma comunidade crescente de cientistas gabaritados do
mundo todo e de várias áreas, e que procura estabelecer metodologia científica
robusta capaz de detectar sinais de inteligência na vida e no universo. Através
desses métodos, a TDI reinterpreta todo o arsenal de dados riquíssimos e com
detalhamento altíssimo disponíveis hoje sobre o funcionamento da vida e do
universo. E a partir dessa análise cuidadosa, sem pré-conceitos, desapaixonada
e racional, feita dentro de todo o rigor da metodologia científica que rege as
ciências históricas, a TDI conclui, procurando seguir os dados aonde quer que
eles levem, que esses dados apontam com muita segurança para uma mente
inteligente e consciente como a única causa conhecida, necessária e suficiente
para a vida e o universo. Ou seja, o design detectado no universo e na vida não
é aparente ou ilusório, mas real e inteligente.”
Seria a TDI um tipo
de criacionismo?
“O criacionismo tem
várias vertentes, mas a principal é aquela que assume que um Ser todo-poderoso projetou
e criou o universo e a vida. O criacionismo bíblico vai muito mais longe e dá
nome e endereço ao Criador; descreve Sua intenção e Seus métodos, e faz muitas
outras afirmações que estão muito além da capacidade da Ciência de
investigá-las, devido às muitas limitações da metodologia científica. Ou seja,
o criacionismo parte de pressuposições filosóficas e teológicas, fecha com
essas pressuposições e confere a elas racionalidade quando encontra na natureza
e, eventualmente, na Ciência suporte às suas teses. A TDI, porém, não tem absolutamente nada a ver com teses criacionistas,
de qualquer vertente. Nelas não se inspira e não se apoia. A TDI busca,
pura e simplesmente, da forma mais honesta possível, escrutinar os dados
científicos brutos e interpretá-los corretamente, sem absolutamente nenhum
pressuposto, nenhuma predefinição de como ou qual seria a nossa conclusão.
Concluímos por uma mente inteligente como causa primeira da vida e do universo
pela obrigação que todos os cientistas têm de seguir sempre as evidências, as
informações fornecidas pelas caixas-pretas da vida e do universo, deixando ao
máximo nossa subjetividade, naturalista ou teísta, de lado.” (Negritamos.)
A química (que é a
área de estudos do Dr. Eberlin) revela o design inteligente?
“Muitos usam
comparações morfológicas, comparam bicos de passarinhos, ossos, embriões, cores
de asas de mariposas. Mas é através da química, em nível molecular, que
entendemos mesmo como a vida e o universo funcionam. É através da Química que
aprendemos a ‘língua’ das moléculas e podemos assim traduzir corretamente os
ecos moleculares, os quais transmitem os segredos de nossa existência. É
através da Química que percebemos que a
vida não é coisa de amador, não! Vida é coisa de profissional! E profissional gabaritado,
especializado! Que orquestrou os diversos códigos e a informação zipada,
encriptada e compartimentalizada do DNA, tipo hard-disk. A arquitetura top-down
algorítmica da vida, sua lógica estonteante e hiperotimizada. E elaborou o
código de especialização celular das histonas, baseado em reações químicas
ultrassincronizadas e ajustadas. E elaborou os planos corporais que nem sequer
sabemos onde e como estão armazenados.” (Negritamos.)
Chamamos a atenção
para este trecho da entrevista acima: “a vida não é coisa de amador”, e
sugerimos ao leitor compará-lo com as respostas dadas pelos Espíritos
Superiores nas questões 8 e 9 de O Livro
dos Espíritos, a principal obra do Espiritismo:
– Que se deve pensar da opinião dos que
atribuem a formação primária a uma combinação fortuita da matéria, ou, por
outra, ao acaso?
“Outro absurdo! Que
homem de bom senso pode considerar o acaso um ser inteligente? E, demais, que é
o acaso? Nada.” (L.E., n. 8)
A harmonia existente
no mecanismo do Universo patenteia combinações e desígnios determinados e, por
isso mesmo, revela um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso
é insensatez, pois que o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a
inteligência produz. Um acaso inteligente já não seria acaso. (Nota de Allan Kardec.)
– Em que é que, na causa primária, se revela
uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências?
“Tendes um provérbio
que diz: Pela obra se reconhece o autor. Pois bem! Vede a obra e procurai o
autor. O orgulho é que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite
acima de si. Por isso é que ele se denomina a si mesmo de espírito forte. Pobre
ser, que um sopro de Deus pode abater!” (L.E.,
n. 9)
Do poder de uma
inteligência se julga pelas suas obras. Não podendo nenhum ser humano criar o
que a Natureza produz, a causa primária é, conseguintemente, uma inteligência
superior à Humanidade. Quaisquer que sejam os prodígios que a inteligência
humana tenha operado, ela própria tem uma causa e, quanto maior for o que
opere, tanto maior há de ser a causa primária. Aquela inteligência superior é
que é a causa primária de todas as coisas, seja qual for o nome que lhe deem. (Nota de Allan Kardec.)
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