Isabel Porras González:
A confreira espanhola,
conhecida por seu
trabalho na área de
tradução, diz como anda
o movimento espírita na
Espanha
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Isabel concedeu-nos gentilmente a entrevista seguinte:
Como se deu sua
conversão ao
Espiritismo?
Em janeiro de 1993,
circunstâncias muito
dolorosas me levaram a
procurar um médium, para
que me dissesse por que
estava a sofrer e como
procurar a solução. Eu
tinha sido durante 20
anos agnóstica. Pensava
que quando deixamos o
corpo na Terra saía de
nós uma espécie de
energia; nada mais. Dei
as costas a Deus, aos 16
anos, e tudo que fosse
relacionado com a
espiritualidade, até que
chegou o momento da dor
e me senti guiada a
procurar ajuda. A partir
daí tudo o que lia ou
escutava parecia-me
familiar e natural. E no
dia 2 de abril, fundei o
Centro de Estudos
Espíritas Allan Kardec,
em Málaga. Fundamos em
seguida um Boletim e uma
Editora, porque eram
parte dos compromissos a
cumprir.
Qual foi a reação de sua
família ante sua adesão
à Doutrina Espírita?
Felizmente minha família
é pouca e respeitosa.
Minha mãe viu como eu ia
mudando para bem e me
disse: “O Espiritismo
deve ser bom, porque só
ele conseguiu te mudar”.
Mas somente eu segui o
caminho espírita. Minhas
filhas têm conhecimento
da doutrina espírita,
mas não são espíritas.
Dos três aspectos do
Espiritismo -
científico, filosófico e
religioso -, qual é o
que mais a atrai?
Para mim, os três
aspectos são
fundamentais, mas, se
devo destacar algum, é o
moral. Pois só seguindo
os passos de Jesus e a
doutrina espírita
assentada em seu ensino,
conseguimos mudar-nos e
nos tornar melhores
pessoas.
Dos autores espíritas
mais conhecidos, quais
os que mais lhe agradam?
Depois dos livros da
Codificação, a série
André Luiz, os livros de
Cairbar Schutel, Abel
Glaser, Divaldo Franco,
Richard Simonetti e
Rogério Coelho. Mas
todos os outros que são
confiáveis contribuem
para o meu aprendizado.
Que livros espíritas
você considera de
leitura indispensável
aos confrades
iniciantes?
O Livro dos Espíritos, O
que é o Espiritismo, O
Evangelho segundo o
Espiritismo, O Livro dos
Médiuns
e talvez Nosso Lar.
Vai depender do que essa
pessoa possa
compreender.
Você colabora com a
revista “O Consolador”
há quase seis anos.
Fale-nos sobre esse
trabalho.
Desejo poder seguir
participando por muitos
anos mais. Fazer este
pequeno trabalho por
minha parte faz-me
sentir útil e feliz, por
contribuir,
humildemente, com a
divulgação da doutrina
espírita. Sou muito
grata ao Astolfo
Olegário de Oliveira
Filho por me haver
convidado a colaborar
com a revista.
Como tem sido seu
trabalho como tradutora
de textos espíritas?
É uma história muito
linda, porque a primeira
vez que fui ao Brasil me
hospedei na FEB
(Federação Espírita
Brasileira) e me
presentearam com O
Evangelho segundo o
Espiritismo em
português. Eu comecei a
ler e me parecia fácil
de entender. Ganhei
vários livros e lia tudo
quase sem problemas. A
segunda visita foi
decisiva, porque me foi
dito então pelos
Espíritos que eu tinha
um compromisso com a
tradução de obras
espíritas em português
para o espanhol, a fim
de aumentar a
divulgação.
Traduzo toda classe de
textos, inclusive em
power point, que seja
bom divulgar. E como
sempre fui dócil aos
conselhos dos irmãos
espirituais e do meu
Anjo guardião, comecei a
traduzir livros de
Cairbar Schutel e
outros, e me apaixonei
pelo trabalho de
tradução, que pretendo
seguir até o final de
minhas forças.
Um tema que suscita
geralmente debates
acalorados no Brasil diz
respeito à obra Os
Quatros Evangelhos,
publicada na França por
J. B. Roustaing. Você
conhece essa obra? Se a
conhece, qual sua
opinião sobre ela?
Sim, conheço essa obra.
Minha opinião é que
devemos deixar que o
tempo demonstre se a
obra é verdadeira ou
não. De todas as formas,
eu sempre evito qualquer
polêmica. Quando algo
não me convence, eu o
ponho em “quarentena” e
o tempo dirá. Não faço
divulgação dessa obra.
Com respeito aos passes
magnéticos, a opção dos
espíritas brasileiros em
geral, quanto à técnica
de aplicação dos passes,
é pela simples imposição
das mãos, tal como
recomenda J. Herculano
Pires. Qual é sua
opinião a respeito?
Minha opinião é que o
que Edgard Armond
recomenda não está
errado, mas fico com a
recomendação de J.
Herculano Pires. Penso,
aliás, que é hora de os
espíritas terem claro
qual é o passe que se
deve aplicar nos Centros
Espíritas.
Como você vê a discussão
em torno do aborto? Na
Espanha o aborto é
livre?
Para mim, não há dúvida
nem discussão em torno
do aborto. Faço campanha
em defesa da vida,
contra o Suicídio, o
Aborto e a Eutanásia,
faz muitos anos. Na
Espanha o aborto tem
sido livre há muito
tempo, mas agora se está
reformando a lei e pondo
impedimentos para que
não seja livre como
antes. Os espanhóis são,
em sua maioria,
favoráveis ao aborto
livre. Por isso, nós
espíritas temos feito
campanhas para divulgar
as consequências
nefastas do aborto.
A eutanásia, como
sabemos, é uma prática
que não tem o apoio da
Doutrina Espírita.
Kardec e outros autores,
como Joanna de Ângelis,
já se posicionaram sobre
esse tema. Qual a sua
opinião sobre a
eutanásia?
Como espírita que sou, é
claro que não aceito a
eutanásia.
Como vai o movimento
espírita na Espanha? O
movimento espírita
espanhol lhe agrada ou
falta algo a ele?
O movimento espírita na
Espanha vai bem, mas um
pouco lento. As pessoas
não gostam de estudar –
não todos, certamente.
Tivemos 40 anos de
ditadura, fato que
provocou muito dano ao
Espiritismo. Muitos
espíritas foram
fuzilados, mas diziam
que eram fuzilados por
serem comunistas.
Sim. Agrada-me o
movimento espírita
espanhol, mas gostaria
que os que já fazem
parte do movimento há
muito tempo não se
sentissem meros
espectadores, mas também
trabalhadores.
A FEE (Federação
Espírita Espanhola) faz
um grande trabalho e se
esforça para motivar,
ajudar a difusão do
Espiritismo e animar a
todos os centros novos.
Realizar a cada ano um
Congresso Espírita
Nacional é muito
importante para todos
nós. Ainda há muito
materialismo no país e
nos custa muito
divulgar, mas vamos
trabalhando.
Para concluir esta
entrevista, diga-nos: em
face dos problemas que a
sociedade terrena está
enfrentando, qual deve
ser a prioridade máxima
dos que dirigem
atualmente o movimento
espírita no Brasil, na
Espanha e no mundo?
Para mim, a divulgação
do Espiritismo é muito
importante, é essencial.
A doutrina espírita é
consoladora,
esclarecedora, propicia
a fé e ensina-nos que
somos seres eternos e
que, graças ao amor
infinito de Nosso Pai,
existe a reencarnação.
Temos à mão uma Doutrina
que oferece esperanças e
respostas e, por isso,
os espíritas têm a
obrigação de divulgá-la
com seus exemplos e,
assim, transmitir e
irradiar a paz aos que
ainda se fazem
ignorantes ou violentos.
Suas palavras finais.
Estou muito agradecida
por esta entrevista, que
me dá a oportunidade de
me poder expressar e
contar coisas sobre o
Movimento Espírita
Espanhol. Sempre
agradecida à revista “O
Consolador”, por contar
com esta pequena
trabalhadora. Deus
abençoe o trabalho da
revista e todos vocês.
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Fonte: Retirado de O Consolador uma Revista Semanal de Divulgação Espírita
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