feira, 10 de abril de 2014
O caso da mulher paralítica
Uma leitora pergunta-nos qual é o livro que apresenta o caso
da paralítica que Chico Xavier visitou numa cidade vizinha a Uberaba, sobre
a qual lhe veio depois a informação de que fora ela rainha numa anterior encarnação,
alguns séculos atrás.
O caso nos é apresentado no cap. 10 do livro
“Astronautas do Além”, obra elaborada em parceria por Chico Xavier, J.
Herculano Pires e Espíritos diversos.
Veja como o médium relatou essa história:
“Horas antes de nossa reunião pública, com quatro
irmãos que se achavam em nossa companhia, fomos a cidade vizinha visitar uma
criança doente. Não longe da casa em que reside a pequenina enferma encontramos
uma senhora paralítica, em recanto quase isolado de extensa zona rural, que nos
solicitou orarmos com ela por alguns momentos. Muito simpática e sofredora,
vivendo da caridade pública e sem qualquer parente, a situação dela realmente
nos comoveu muito. Voltamos para a nossa reunião. E, depois de nossa habitual
visita a alguns lares de irmãos nossos, passamos ao desenvolvimento das tarefas
da noite.
O Evangelho segundo o Espiritismo nos ofereceu a exame
a formosa página intitulada ‘Uma realeza terrestre’, no capítulo II, assinada
por entidade espiritual que se reportava às lutas que encontrara na posição
altamente destacada que usufruiu na Terra.
A comunicação foi carinhosamente estudada por uma de
nossas irmãs presentes. E, no encerramento da reunião, o poeta Epifânio Leite
nos trouxe o soneto com dedicatória expressiva. Ele mesmo, o poeta
desencarnado, informou-nos por audição referir-se à paralítica em penúria
material que havíamos visitado horas antes.”
O soneto, assinado por Epifânio Leite, intitula-se
“Refazimento” e diz o seguinte:
Vejo-te, soberana, aos painéis da memória!
O trono te emoldura a face de outras eras…
Oprimes sem temor, espancas onde imperas,
Fulges no fausto vão de vaidade ilusória!…
A paixão te esfogueia a fome de vanglória,
Exilas e destróis, humilhas e encarceras…
Vem a morte, no entanto, entre forças austeras,
E largas sob a cinza a pompa transitória!
Foi-se o tempo… Hoje achei-te em catre duro e
estreito,
Paralítica e só, parafusada ao leito!…
Chorei ao ver-te a choça e o triste quarto em ruínas!
Mas louvo o fel de agora ante o sol do futuro…
Pela dor subirás ao reino do amor puro
Em teu carro estelar de açucenas divinas!
Na apresentação do soneto, Epifânio Leite escreveu
estas palavras: “Versos dedicados à venerável irmã que conhecemos na realeza
terrestre, há quatro séculos. Culta, não espalhou os benefícios da
inteligência; amiga incondicional dos amigos e inimiga implacável dos
adversários; generosa para com os áulicos abastados e indiferente às vítimas da
penúria. Embora destacasse as vantagens da paz, incentivou, quanto pôde, as
guerras de conquista e ambição. Agradecida aos vassalos obedientes, perseguia
até à morte quantos não lhe observassem as diretrizes. Amada e odiada, alcançou
o Mais Além e, à frente da verdade, preocupou-se com a redenção própria.
Regressou à Terra, várias vezes, apagando-se devagar, quanto ao brilho terreno
que ostentava, até que rogou a prova final, em que a identificamos
presentemente, habilitando-se no corpo enfermo e disforme, em acentuada
penúria, para a ascensão próxima à Espiritualidade Superior. A essa irmã
admirável e valorosa, capaz de omitir-se e sofrer até a integral reparação da
própria grandeza em si mesma, oferecemos aqui a nossa pálida homenagem,
desejando-lhe plena vitória em Jesus e com Jesus.”
O poeta Epifânio Leite de Albuquerque nasceu e morreu
em Fortaleza-CE (1891-1942). Autor do livro de poesias “Escada de Jacó”, membro
da Academia Cearense de Letras, foi juiz de Direito em Baturité, no mesmo
Estado.
quarta-feira, 9 de abril de 2014
O espírita tem o dever de instruir-se
Levamos a
efeito ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar mais uma etapa do estudo
metódico do livro O Tesouro dos Espíritas,
de Miguel Vives y Vives, conforme tradução de J. Herculano Pires, publicada
pela EDICEL.
Eis as
questões propostas inicialmente para debate:
1. Como
devemos tratar as demais religiões?
2. As
instituições espíritas devem funcionar como casas de instrução?
3. Por que a
instrução é importante para o espírita?
Em seguida realizamos
a leitura do texto – abaixo reproduzido – que serviu de base aos estudos da
noite, verificando-se, a cada item lido, os comentários pertinentes:
163. As
religiões são escolas, em que os Espíritos aprendem a verdade espiritual. “Quem
já passou pela escola primária e está na secundária pode frequentar ao mesmo
tempo as duas?” Se o Espiritismo nos ensina que o que vale é a intenção, como
havemos de continuar na prática dos ritos? Se já aprendemos que Deus está no
coração de cada um, como continuarmos a incensá-Lo no altar? Se sabemos que os
sacramentos são fórmulas exteriores, simples símbolos destinados a ensinar
verdades mais profundas, havemos de regredir à prática das fórmulas? (P. 178)
164. O
espírita não tem apenas liberdade, mas também responsabilidade. Ele está em
condições de participar dos ídolos, isto é, dos sacramentos e rituais das
igrejas, sem se afetar pessoalmente. Mas não pode esquecer que, agindo assim,
afetará os outros. “Se, pelo seu exemplo, abrir as portas do movimento espírita
à infiltração de elementos formalistas, será responsável pela deformação da
prática doutrinária.” (P. 180)
165. Em
conclusão: O espírita deve respeitar todas as crenças sinceras, todas as
religiões que levam a criatura ao Criador, não atacando nenhuma nem zombando de
suas práticas; mas não tem o direito de, em nome da tolerância, tornar-se
cúmplice de práticas religiosas ou de ensinos teológicos que podem levar seus
irmãos de volta ao passado. (P. 181)
166. O
espírita tem o dever de instruir-se, de integrar-se na cultura do seu tempo. O
Espírito da Verdade trouxe-nos um mandamento novo, ao declarar: Espíritas,
amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo. (P. 182)
167. A antiga lei, a do
Velho Testamento, era a lei da justiça, dura e fria, como a espada. É por isso
que a Bíblia está cheia de matanças ordenadas até pelos profetas. A lei
renovadora do Cristo, que modificou e continua a modificar o mundo, era a lei do amor. Com a Nova
Revelação, com o Espiritismo, nos veio a lei da instrução. (PP. 182 e 183)
168. A fé, como sabemos, é
uma necessidade. Um homem sem fé é uma criatura inútil. Mas a fé espírita, como
a definiu Kardec, é a fé raciocinada, ou seja, a fé iluminada pela razão. Ora,
de que luzes disporá a razão, para com ela iluminar a fé, se não tivermos
instrução? (P. 184)
169. Estamos
na idade da razão, na fase racional da evolução humana. Temos de alicerçar a
nossa fé no conhecimento, se quisermos que ela seja uma luz para todos e não
apenas uma lamparina de uso particular. (P. 185)
170. Não há
lugar para beatos no Espiritismo. Os que nele quiserem permanecer deverão
instruir-se, libertando-se de suas falsas ideias, de seus conceitos antiquados,
de seus erros. (P. 186)
171. As
instituições espíritas, por sua vez, devem tornar-se verdadeiras casas de
instrução, não apenas evangélica e doutrinária, mas de cultura geral. Os
Centros podem manter escolas superiores e fundar Universidades, porque a
Universidade Espírita é a nova luz que deve raiar no mundo da cultura. (P. 187)
172. Mas a escola
espírita não será nem poderá ser sectária. Será a escola de todos, oferecendo a
todos a nova cultura que o Espiritismo vem implantar na Terra. As escolas do
mundo, sabe-se, ensinam o materialismo, ao lado do dogmatismo religioso.
Difundem conhecimentos e superstições em mistura, semeando o ateísmo. É dever
dos espíritas, como foi dever dos judeus no seu tempo e dever dos cristãos de
seu tempo, criar uma nova modalidade de instrução e preparar o mundo para uma
nova cultura. (P. 188)
173. Em
conclusão: O dever do espírita é estudar e esclarecer-se quanto aos princípios
de sua própria doutrina. A fé raciocinada exige o desenvolvimento das
potencialidades da razão, o que só pode ser feito através da instrução. Para
amar e auxiliar o próximo, o espírita não pode estacionar na ignorância:
precisa aprender, adquirir conhecimentos, instruir-se. (P. 189)
174. O
Espiritismo é a política do amor, mas os espíritas são, geralmente, estranhos à
política do mundo. Detestam o ambiente de mesquinhez interesseira em que se
processam as manobras políticas. E não admitem que o Espiritismo seja envolvido
na política, no que procedem muito bem. (PP. 190 e 191)
Na conclusão
do estudo, foram lidas e comentadas as respostas dadas às perguntas propostas:
1. Como devemos tratar as demais religiões?
Devemos
respeitar todas as crenças sinceras, todas as religiões que levam a criatura ao
Criador, não atacando nenhuma nem zombando de suas práticas; mas não temos o
direito de, em nome da tolerância, tornar-nos cúmplices de práticas religiosas
ou de ensinos teológicos que podem levar nossos irmãos de volta ao passado. (O Tesouro dos Espíritas, 2ª Parte, Marcha
para o Futuro, pp. 180 e 181.)
2. As instituições espíritas devem
funcionar como casas de instrução?
Sim. Devem
tornar-se verdadeiras casas de instrução, não apenas evangélica e doutrinária,
mas de cultura geral. (Obra citada, p.
187.)
3. Por que a instrução é importante para o
espírita?
A fé
raciocinada exige o desenvolvimento das potencialidades da razão, o que só pode
ser feito através da instrução. Para amar e auxiliar o próximo, o espírita não
pode estacionar na ignorância: precisa aprender, adquirir conhecimentos,
instruir-se. (Obra citada, p. 189.)
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