sábado, 22 de agosto de 2015

NO INVISÍVEL (12)


Estudamos semanalmente no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina (PR), o livro “No Invisível”, um dos clássicos do Espiritismo, de autoria de Léon Denis. São duas as turmas de estudo, uma na terça à noite, a outra na quinta-feira à tarde.
Reproduzimos, em seguida, o texto do módulo concluído nesta semana, cuja publicação tem por finalidade proporcionar, a quem se interessar, a oportunidade de acompanhar o mencionado estudo.

Questões para debate

A. A luz pode atrapalhar o curso de uma reunião mediúnica?
Sim. A luz geralmente exerce uma ação dissolvente sobre os fluidos. Em todos os casos em que não seja indispensável, como para obter-se a escrita semimecânica, será conveniente diminuir-lhe a intensidade e mesmo suprimi-la inteiramente. (No Invisível - O Espiritismo experimental: IX - Condições de experimentação.)
  
B. Quando o médium está agitado, inquieto, desassossegado, esse fato pode prejudicar as comunicações mediúnicas?  
Evidentemente. As mais secretas leis do pensamento se revelam nas experiências. Quando os membros de um grupo estão agitados por intensas preocupações, pode a linguagem do médium ressentir-se desse fato. O mesmo se dará com a ação dos Espíritos sobre o médium, e reciprocamente. Qualquer que seja o predomínio de um Espírito sobre o sensitivo, se este se acha desassossegado, inquieto, agitado, as comunicações apresentarão o cunho desse estado de perturbação. (Obra citada - O Espiritismo experimental: IX - Condições de experimentação.)

C. A composição do grupo, com maior ou menor número de participantes, pode afetar os resultados da sessão mediúnica?  
Pode. Os grupos pouco numerosos e de composição homogênea são os que reúnem as maiores probabilidades de êxito. Se já é difícil harmonizar as vibrações de cinco ou seis pessoas entre si e com os fluidos do Espírito, é evidente que as dificuldades aumentam com o número dos assistentes. É prudente não exceder o limite de dez a doze pessoas, mantendo, quando possível, sempre as mesmas, porque a renovação frequente da assistência, reclamando contínuo trabalho de fusão e assimilação da parte dos Espíritos, compromete ou pelo menos provoca a demora dos resultados. (Obra citada - O Espiritismo experimental: IX - Condições de experimentação.)

Texto para leitura

329. É compreensível ser necessário que haja afinidade entre os membros de um círculo e as entidades atuantes. As influências humanas atraem inteligências similares e as manifestações revestem um caráter em harmonia com as disposições, as preferências, as aptidões do meio.
330. Há críticos que têm pretendido concluir daí que as comunicações espíritas não passam de reflexos dos pensamentos dos assistentes. Fácil de refutar é essa opinião. Basta recordar as revelações de nomes, fatos, datas, desconhecidos de todos, as quais se têm produzido em tantos casos e foram reconhecidas exatas depois de verificação. Têm-se obtido palavras, ditadas em línguas ignoradas dos assistentes; a assinatura, o estilo, a maneira de escrever de pessoas falecidas têm sido mecanicamente reproduzidas por médiuns que nunca as haviam conhecido.
331. Às vezes, também, experimentadores instruídos só obtêm coisas vulgares, ao passo que em reuniões de iletrados têm sido transmitidas comunicações notáveis pela elevação e beleza de linguagem.
332. As analogias que se notam entre os membros de um grupo e os Espíritos que o dirigem não provêm unicamente das simpatias adquiridas e da similitude de opiniões; radicam-se também nas exigências da transmissão fluídica. Nas manifestações intelectuais o Espírito necessita de um agente e de um meio que lhe forneçam os elementos necessários para expor suas ideias e as fazer compreender. Daí a tendência para se aproximar dos homens com quem se acha em comunhão de ideias ou de sentimentos.
333. É sabido que nos fenômenos de escrita, de incorporação e, às vezes, mesmo, de tiptologia, o pensamento do Espírito se transmite através do cérebro do médium e este não deixa passar senão um certo número de vibrações – as que se acham em harmonia com o seu próprio estado psíquico. Do mesmo modo que um raio de luz, atravessando os vidros coloridos de uma janela, se decompõe e não projeta do outro lado senão uma quantidade reduzida de vibrações, assim o ditado do Espírito, seja qual for a opulência dos termos e das imagens que o compõem, será transmitido no restrito limite das formas e das expressões familiares ao médium e contidas em seu cérebro.
334. Essa regra é geral. Temos, entretanto, observado que um Espírito poderoso em vontade e energia consegue fazer um médium transmitir ensinos superiores a seus conhecimentos e indicar fatos que sua memória não registra.
335. Quanto às lacunas e contradições que entre si apresentam as comunicações e de que tantas vezes se faz um argumento contra o Espiritismo, convém não esquecer que os Espíritos, como os homens, representam todos os graus da evolução. A morte não lhes confere a ciência integral e, posto que suas percepções sejam mais extensas que as nossas, não penetram eles senão a pouco e pouco, e na medida do seu adiantamento, os segredos do Universo imensurável.
336. A atmosfera terrestre está povoada de Espíritos inferiores, em inteligência e em moralidade, aos quais o peso específico que lhes é próprio não permite elevarem-se mais alto. São os que acodem aos nossos chamados e se comunicam a maior parte das vezes. Os que se elevaram a uma vida superior não volvem até nós senão em missão. Suas manifestações são mais raras. Revestem-se de caráter grandioso, que não as permite confundir no conjunto das outras comunicações.
337. Se os pensamentos divergentes dos circunstantes são uma causa de perturbação e de insucesso, por um efeito contrário, os pensamentos dirigidos para um objetivo comum, sobretudo quando elevado, produzem vibrações harmônicas que difundem no ambiente uma impressão de calma, de serenidade, que penetra o médium e facilita a ação dos Espíritos. Estes, em vez de lutarem, empregando o poder da vontade, não têm mais que associar seus esforços às intenções dos assistentes; e desde logo a diferença dos resultados é considerável.
338. É por isso que nas reuniões do nosso grupo de estudos reclamamos constantemente o silêncio, o recolhimento, a união dos pensamentos e, a fim de os facilitar e de orientar a assistência no sentido de elevados assuntos, abrimos sempre as sessões com uma prece coletiva, com uma invocação improvisada ao Poder Infinito e aos seus invisíveis Agentes, pondo nessa invocação todas as forças de nosso espírito, todos os espontâneos surtos de nosso coração.
339. Além disso, nas sessões de efeitos físicos, quando se pretende obter fenômenos de transportes, escrita direta, materializações, é conveniente empregar um meio artificial para fixar num ponto os pensamentos dos circunstantes. Pode-se adotar um signo e colocar imaginariamente acima do médium, como, por exemplo, uma cruz, um triângulo, uma flor, e, de quando em quando, no curso da sessão, lembrar o signo convencional, atrair para ele a atenção oscilante e prestes sempre a desviar-se.
340. Esse processo substitui com vantagem as cantarolas vulgares, pouco edificantes, a que muitos costumam recorrer em certas reuniões e que impressionam desagradavelmente as pessoas de fino gosto e espírito culto, e só têm aplicação na obscuridade. A luz geralmente exerce uma ação dissolvente sobre os fluidos. Em todos os casos em que não seja indispensável, como para obter-se a escrita semimecânica, será conveniente diminuir-lhe a intensidade e mesmo suprimi-la inteiramente, desde que, por exemplo, se dispõe de médiuns videntes e de incorporação.
341. A música, os cantos graves e religiosos podem também contribuir poderosamente para determinar a harmonia dos pensamentos e dos fluidos. Isto não é, porém, suficiente. Nas sessões, à união dos pensamentos é necessário acrescentar a união dos corações. Quando reina a antipatia entre os membros de um grupo, a ação dos Espíritos elevados se enfraquece e aniquila. Para obter sua intervenção assídua é preciso que a harmonia moral, mãe da harmonia fluídica, se estabeleça nos corações e que todos os adeptos se sintam na conjunção de esforços por alcançar um objetivo comum, ligados por um sentimento de sincera e benévola cordialidade.
342. As mais secretas leis do pensamento se revelam nas experiências. Quando, às vezes, os membros de um grupo estão agitados por intensas preocupações, pode a linguagem do médium ressentir-se desse fato. O mesmo se dará com a ação dos Espíritos sobre o médium e reciprocamente. Qualquer que seja o predomínio de um Espírito sobre o sensitivo, se este se acha desassossegado, inquieto, agitado, as comunicações apresentarão o cunho desse estado de perturbação. As inteligências que se manifestam, quando sejam pouco adiantadas, podem também sofrer a influência dos assistentes.
343. Há, de modo geral, entre o meio terrestre e as entidades invisíveis uma reciprocidade de influências que é preciso ter em consideração na análise dos fenômenos. O Espírito elevado, porém, mesmo em virtude de sua superioridade e das forças de que dispõe, escapa a essas influências, as domina e governa, e se afirma com uma autoridade que não deixa lugar à menor dúvida. É por isso que convém acima de tudo captarmos a intervenção das almas superiores e facilitá-la, colocando-nos nas condições que elas nos impõem, sem as quais não podemos atrair senão Espíritos medíocres, pouco aptos a nos servir de guias e traduzir fielmente os altos ensinamentos do Espaço.
344. Os grupos pouco numerosos e de composição homogênea são os que reúnem as maiores probabilidades de êxito. Se já é difícil harmonizar as vibrações de cinco ou seis pessoas entre si e com os fluidos do Espírito, é evidente, a fortiori, que as dificuldades aumentam com o número dos assistentes.(1) É prudente não exceder o limite de dez a doze pessoas, de um e outro sexo, quando possível sempre as mesmas, sobretudo no começo das experiências.
345. A renovação frequente da assistência, reclamando contínuo trabalho de fusão e assimilação da parte dos Espíritos, compromete ou pelo menos demora os resultados. Se é excelente, no ponto de vista da propaganda, franquear os círculos a novos adeptos, é necessário que ao menos um núcleo de antigos membros permaneça compacto e constitua invariável maioria.
346. Convém reunir-se em dias e horas fixos e no mesmo lugar. Os Espíritos podem apropriar-se, assim, dos elementos fluídicos que lhes são necessários, e os lugares de reunião, impregnando-se desses fluidos, tornam-se cada vez mais favoráveis às manifestações.
347. A perseverança é uma das qualidades indispensáveis ao experimentador. Aborrece muitas vezes passar um serão infrutífero na expectativa dos fenômenos. Sabemos, contudo, que uma ação insensível, lenta e progressiva, se realiza no curso das sessões. A concentração das forças necessárias não se efetua, às vezes, senão depois de repetidos esforços, em reuniões de tentativas e de ensaios.
348. Os seguintes exemplos nos demonstram que a paciência é frequentemente a condição do êxito. Em 1855 o professor Mapes formou, em Nova Iorque, um grupo de doze pessoas, homens cultos e cépticos, que combinaram reunir-se, com um médium, vinte vezes seguidas. Durante as dezoito primeiras noites os fenômenos apresentaram caráter tão indeciso e trivial que muitos dentre os assistentes deploravam a perda de um tempo precioso; no curso das duas últimas sessões, porém, produziram-se fatos de tal modo notáveis que o estudo foi prosseguido pelo mesmo grupo durante quatro anos; todos os seus membros se tornaram convencidos adeptos.
349. Em 1861, o banqueiro Livermore, experimentando com a médium Kate Fox, com o fim de obter materializações do Espírito de sua esposa Estela, só à 24ª sessão viu desenhar-se a sua forma. Pôde mais tarde conversar com esse Espírito e obter comunicações diretas.  A falta de perseverança nenhum desses resultados teria permitido colher.
350. Compreende-se, à vista desses fatos, quanto é necessário aplicar uma atenção rigorosa à composição dos grupos e às condições de experimentação. Tal seja a natureza do meio, a faculdade do médium produzirá efeitos muitíssimo diversos. Ora se manifestará em fenômenos de caráter equívoco, que despertarão a dúvida e a desconfiança, fazendo que as sessões, em tal caso, deixem uma impressão de mal-estar indefinível; ora dará lugar a efeitos tão poderosos que diante deles toda incerteza se dissipará.
351. Tenho, por minha parte, assistido a muitas sessões nulas ou insignificantes; mas também posso afirmar que tenho visto médiuns admiravelmente inspirados em suas horas de êxtase e de sono magnético. Outros tenho visto escrever de um jato, às vezes mesmo na obscuridade, páginas magníficas de estilo, esplêndidas de elevação e de vigor. Tenho assistido, aos milhares, a fenômenos de incorporação que permitiam a habitantes do Espaço apoderar-se, durante algumas horas, do órgão de um médium e proferir frases, discursos, com inflexões tais que todos quantos os ouviam guardavam dessas reuniões uma recordação imorredoura.
352. Para o observador atento, que estudou todos os aspectos do fenômeno, há como que uma gradação, uma escala ascensional, que vai desde os ligeiros ruídos e os movimentos de mesas até as mais altas produções do pensamento. É uma engrenagem que se apodera do experimentador imparcial e cujo poder todos os homens que têm a preocupação da verdade cedo ou tarde reconhecerão.
353. Apesar das hostilidades, das repulsas e hesitações, forçoso virá a ser um dia consagrar-se, de modo geral, ao estudo das manifestações físicas; este, por um rigoroso encadeamento, conduzirá à psicografia e, em seguida, pela visão e audição, à incorporação; e desde que se quiser investigar as causas reais desses fenômenos, defrontar-se-á com o grande problema da sobrevivência.
354. À medida que o observador penetrar nesse domínio, sentir-se-á pouco a pouco elevado acima do plano material. Será induzido a reconhecer que os fatos de ordem física não são mais que preparação para fenômenos mais eminentes e que todos, em conjunto, convergem para a manifestação desta verdade: que a alma humana é imperecível e os seus destinos são eternos. Conceberá, desde então, das leis do Universo, da ordem e harmonia das coisas, uma ideia cada vez mais grandiosa, com uma noção sempre mais profunda do objetivo da existência e dos imprescritíveis deveres que ela impõe.
355. Nos fenômenos é, portanto, necessário distinguir três causas em ação: a vontade dos experimentadores, as forças exteriorizadas do médium e dos assistentes e a intervenção dos Espíritos. Os próprios fenômenos se podem dividir em duas grandes categorias: os fatos magnéticos e os fatos mediúnicos; uns e outros, porém, intimamente se entrelaçam e muitas vezes se confundem.
356. O médium, uma vez mergulhado em sono magnético, acha-se em três estados distintos que se podem nele suceder, a cada um dos quais corresponde uma ordem de fenômenos. São eles:
1 - O estado superficial de hipnose, favorável aos fatos telepáticos e à transmissão de pensamento. Os que, todavia, se produzem nesse estado são em geral pouco concludentes; o desprendimento do corpo fluídico do médium é incompleto, e sua ação pessoal se pode misturar à sugestão do Espírito.
2 - O sono magnético real, que permite ao corpo fluídico do médium exteriorizar-se e agir à distância.
3 - O sono profundo, graças ao qual se produzem as aparições, as materializações, a levitação do médium, as incorporações. O sono mediúnico, em suas várias fases, pode ser provocado, ora por um dos experimentadores, ora diretamente pelo Espírito. Julgamos preferível deixar agir a influência oculta, quando suficiente. Assim se evitará a objeção habitual de que a ação do magnetizador favorece a sugestão.
(1) A fortiori – expressão latina que significa ‘com tanto mais razão’, usada, em Lógica, na expressão ‘raciocínio a fortiori’. 
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