quinta-feira, 20 de agosto de 2015

PÉROLAS LITERÁRIAS (112)



Crença
Antero de Quental
Minha vida de dor e de procela
Que se extinguiu na tempestade imensa
Despedaçou-se à falta dessa crença,
Que as grandes luzes místicas revela.
E estraçalhei-me como alguém que sela
Com o supremo infortúnio a dor intensa,
Desvairado de angústia e de descrença,
Dentro da vida sem compreendê-la.
Ah! Crer! bem que, na Terra, não possuí
Quando entre conjeturas me perdi,
De tão pequena dor fazendo alarde...
Crença! Luminosíssima riqueza
Que enche a vida de paz e de beleza,
Mas que chega no mundo muito tarde.
O poeta Antero de Quental nasceu na ilha de São Miguel, nos Açores, em 1842 e desencarnou por suicídio em 1891. O soneto acima integra o Parnaso de Além-Túmulo, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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