Pênfigo
Antônio
Valentim da Costa Magalhães
“Fogo!
Fogo!...” – esbraveja o inquisidor, fremente,
Torvo
olhar na expressão implacável e crua.
Coleia
a chama enorme e, trágica, flutua
A
subir e bailar qual rúbida(1) serpente.
-
“Piedade, meu Deus!...” – Choram vítimas, rente
Ao
fogo que lhes rompe a carne viva e nua.
Estorcem-se
de horror, ante os gritos da rua,
E
somem-se, a bradar: - “Inocente! Inocente!...”
O
tempo voa e abate o verdugo do povo...
Ordena
a Grande Lei que ele nasça de novo
Para
que o lume vivo o experimente e encangue(2);
E o
terrível algoz na prova a que se aferra,
Aos
singultos(3) de dor, arrasta sobre a Terra
O
corpo torturado em brasas cor de sangue!...
(1) Rúbida – rubra,
vermelha.
(2) Encangue – do verbo
encangar: pôr a canga em; jungir; cangar.
(3) Singultos – soluços.
Romancista, poeta, crítico
literário, teatrólogo, contista, jornalista e bacharel pela Faculdade de
Direito de S. Paulo, Valentim Magalhães nasceu no Rio de Janeiro em 16/1/1859 e
faleceu na mesma cidade em 17/5/1903. O soneto acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra
psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.
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