A quebra do sigilo bancário de Giselda Rousie
de Lima, esposa do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, aponta várias
“inconsistências fiscais”, de acordo com o Ministério Público Federal
(MPF). Embora tenha se declarado como “aposentada” à Receita Federal, a
companheira de Vaccari movimentou quase R$ 9 milhões entre os anos de
2006 e 2014, de acordo com os investigadores. Entre o segundo semestre
de 2006 e o final do ano passado, Giselda recebeu R$ 8.904.028,24 em
três contas – duas de investimento e uma corrente –, revela a quebra do
sigilo bancário determinada pela Justiça Federal do Paraná.
A força-tarefa da Operação Lava Jato suspeita que Giselda Rousie
tenha sido usada como uma espécie de “laranja” das operações de Vaccari.
Ela foi levada para prestar esclarecimentos no mesmo momento em que o
seu marido foi preso ontem pela manhã. A aposentada foi dispensada em
seguida. O tesoureiro, que se afastou do cargo após a prisão, foi levado
de São Paulo para Curitiba.
Vaccari efetuou dois depósitos em favor da esposa no período
investigado pela Lava Jato: um no montante de R$ 75 mil, em 14 de
dezembro de 2011, e outro no valor de R$ 192 mil, em julho de 2012.
“Na análise fiscal de Giselda, que se declara como aposentada com
baixos rendimentos, foram encontradas evidências de irregularidades em
relação aos seguintes pontos: possível movimentação financeira
incompatível do casal em 2012 (especialmente em julho), com alguma
possibilidade, também, nos meses de novembro de 2008 e de 2009; indícios
fortes de variação patrimonial a descoberto em 2011 e doação em 2013 de
R$ 280.000,00 para sua filha Nayara de Lima Vaccari.”
Segundo o extrato bancário de Giselda, somente em julho de 2012, ela
recebeu R$ 391 mil. Além dos R$ 192 mil depositados por Vaccari, houve
outra movimentação, de R$ 195 mil, originária de fundos de aplicação
financeira. Os investigadores também estranharam como a aposentada
recebeu R$ 1.080.387,60 durante o ano de 2011, o que daria uma média
mensal de R$ 90 mil. O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF)
Joaquim Barbosa, por exemplo, aposentou-se com salário de R$ 30 mil
mensais no ano passado. Os vencimentos do Supremo são o teto do
funcionalismo público.
Em novembro de 2008, a esposa de Vaccari recebeu R$ 476.225,00 e um
ano depois, outros R$ 419.298,72. Um dos depósitos foi uma transferência
bancária no valor de R$ 350 mil, ocorrida no dia 18 de novembro daquele
ano.
Os investigadores também consideraram incompatível a compra no valor
de R$ 500 mil de um apartamento em São Paulo. O valor foi declarado por
ela no Imposto de Renda de 2009. Desse total, R$ 400 mil tiveram como
origem empréstimo da empresa CRA (Centro de Reprodução das Américas –
Comércio de Produtos Agropecuários Ltda), alegou a força-tarefa da Lava
Jato no pedido de prisão de Vaccari.
“Na quebra de sigilo bancário também foram identificados diversos
depósitos fracionados na conta bancária de Giselda. Nesse sentido, a
informação nº 86/2015, entre 2008 e 2014 foram depositados na conta de
Giselda cerca de R$ 322.900,00 de forma fracionada de origem não
identificada. Entre 2008 e 2012 ocorreram diversos depósitos acima de R$
10.000,00 não identificados que também totalizaram R$ 260.500,00. Em
que pese a estruturação de depósitos não seja por si só ilícita,
trata-se de expediente comum na lavagem de capitais”, analisa o MPF no
pedido de prisão de Vaccari.
Mais sobre a Operação Lava Jato
Fonte;
Revista Congresso em Foco
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