O Palácio do Planalto comemorou, com cautela, a redução do número de
manifestantes nos protestos contra a presidenta Dilma Rousseff
promovidos em todo o país nesse domingo (12), em comparação com os atos
organizados em 15 de março. O governo entende que ganhou tempo para
reagir à pressão das ruas e que o pior momento da presidenta já passou,
como indica pesquisa Datafolha divulgada ontem, que aponta estagnação no
percentual de brasileiros que rejeitam a gestão da petista. A avaliação
interna, porém, é de que ainda é cedo para se falar na retomada da
popularidade presidenta. Afinal, o mesmo Datafolha mostra que 63% dos
entrevistados são favoráveis ao impeachment da presidenta e que a
rejeição ao governo, hoje em 13%, ainda é uma das mais altas dos últimos
22 anos.
Segundo dados da Polícia Militar, os protestos reuniram ontem pouco
mais de 590 mil pessoas em todo o Brasil. Número bem inferior ao
registrado no dia 15 de março, quando as PMs estimaram em mais de 2
milhões o número de manifestantes país afora. Na ocasião, mais de 1
milhão de pessoas passaram pela Avenida Paulista, de acordo com os
policiais. Nesse domingo, os protestos no antigo coração financeiro de
São Paulo reuniram 275 mil pessoas, na projeção da polícia.
Interlocutores da presidenta acreditam que o pequeno intervalo entre
um protesto e outro – menos de um mês – cansou parte dos manifestantes.
Também avaliam que a manifestação anterior foi impulsionada pelo
pronunciamento feito uma semana antes, em 8 de março, pela presidenta,
nas comemorações do Dia Internacional da Mulher. O discurso da
presidenta, feito dois dias após a divulgação da lista dos políticos sob
investigação na Operação Lava Jato, foi acompanhado de panelaço em
diversas capitais, o que ampliou a onda de insatisfação com a petista.
Desde então, Dilma não fez mais pronunciamentos.
Do lado da oposição, a avaliação é que muitos brasileiros não
voltaram às ruas por causa de uma “sensação de impotência”, motivada
pela percepção de que perdeu fôlego a possibilidade de impeachment,
reivindicação de parte dos manifestantes. Embora mais de 60% defendam o
afastamento da presidenta, apenas 29% acreditam na concretização do
impeachment, segundo o Datafolha.
Mesmo assim, oposicionistas apostam na continuidade dos protestos. “A
presidente da República permanece imobilizada e tentando terceirizar
responsabilidades intransferíveis. Neste domingo de mobilizações pelo
país, o PSDB se une aos milhares de brasileiros que amam o Brasil e que,
por isso, dizem não ao governo responsável pelo caminho tortuoso que
neste momento todos trilhamos”, disse o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG).
Já os petistas acreditam que as mobilizações tendem a perder ainda
mais força nas próximas convocações. Embora o PT e o governo não tenham
se pronunciado oficialmente sobre as manifestações desse domingo,
defensores de Dilma fizeram um “tuitaço” a favor da presidenta. A
hashtag “#Aceita Dilma Vez” chegou a entrar nos assuntos mais comentados
do Twitter durante algumas horas e foi o terceiro assunto mais comentado
em todo o mundo durante a tarde. Por outro lado, caiu em mais de 80% o
número de menções de protesto contra a presidenta na rede social em
comparação com o dia 15 de março.
Em todo o país, os atos pediram o impeachment de Dilma e a redução
pela metade do número de ministérios. Manifestantes cobraram também
medidas de combate à corrupção. Houve manifestações a favor da Operação
Lava Jato e aplausos ao juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná,
responsável pelas investigações. Entre os mais exaltados, houve quem
pedisse a extinção do PT e a imediata intervenção militar.
Fonte: Reproduzido de o Congresso em Foco
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