quinta-feira, 25 de junho de 2015

PÉROLAS LITERÁRIAS (104)




Redivivo
Alphonsus de Guimaraens
Sou o cantor das místicas baladas
Que, em volutas(1) de flores e de incenso,
Achou, no Espaço luminoso e imenso,
O perfume das hóstias consagradas.
Almas que andais gemendo nas estradas
Da amargura e da dor, eu vos pertenço,
Atravessai o nevoeiro denso
Em que viveis no mundo, amortalhadas.
Almas tristes de freiras e sorores(2),
Sobre quem a saudade despetala
Os seus lírios de pálidos fulgores;
Eu ressurjo nos místicos prazeres,
De vos cantar, na sombra onde se exala
Um perfume de altar e misereres(3)...
(1) Voluta: espiral; parte de objeto ou ornato, em forma de espiral.
(2) Sorores: plural de soror ou sóror; feminino de frei; tratamento dado às freiras.
(3) Misereres: plural de miserere, que significa em latim 'tem piedade (de mim, meu Deus)'; trata-se da primeira palavra do Salmo 51 e, por extensão, refere-se a esse salmo.

Afonso Henrique da Costa Guimarães, poeta mineiro, natural de Ouro Preto, nasceu em 24 de julho de 1870 e desencarnou em 15 de julho de 1921. Foi magistrado, jornalista e poeta. O soneto acima integra a obra Parnaso de Além-Túmulo, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

  
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