Estudamos semanalmente no Centro Espírita Nosso Lar, de
Londrina (PR), o livro “No Invisível”, um dos clássicos do Espiritismo, de
autoria de Léon Denis. São duas as turmas de estudo, uma na terça à noite, a
outra na quinta-feira à tarde.
Reproduzimos, em seguida, o texto do módulo concluído nesta
semana, cuja publicação tem por finalidade proporcionar, a quem se interessar,
a oportunidade de acompanhar o mencionado estudo.
Questões para
debate
A. O
estudo dos fenômenos é realmente importante?
Sim. O estudo
dos fenômenos é de importância capital, pois que nele é que se baseia
inteiramente o Espiritismo. Muitas vezes, a ausência de método e a falta de
continuidade e direção nas experiências tornam estéreis a boa-vontade dos
médiuns e as legítimas aspirações dos investigadores. Em consequência mesmo do
estado de espírito em que fazem as pesquisas, acumulam dificuldades e, se ao
fim de algumas sessões não obtêm mais que fatos insignificantes, banalidades ou
mistificações, desanimam e abandonam a investigação. É aí então que mais se
compreende a importância do estudo. (No Invisível - O Espiritismo
experimental: IX - Condições de experimentação.)
B. É
necessário submeter as produções mediúnicas a rigoroso exame?
Evidentemente.
Não apenas é necessário, mas indispensável submeter as produções mediúnicas a
rigoroso exame e conduzir as investigações com espírito analítico sempre
vigilante. (Obra citada - O Espiritismo experimental: IX - Condições de
experimentação.)
C. Qual é,
segundo Léon Denis, um importante elemento de êxito nas sessões mediúnicas?
O estado de
espírito dos assistentes e sua ação fluídica e mental constituem importante
elemento de êxito ou de insucesso nas sessões mediúnicas. Quanto mais sensível
é o médium, tanto mais receptivo é à influência magnética dos experimentadores.
Em uma assembleia composta, na maioria, de incrédulos, cujos pensamentos hostis
convergem para o sensitivo, o fenômeno dificilmente se produz.
Os
pensamentos divergentes se chocam e formam uma espécie de caos fluídico, que a
vontade dos invisíveis nem sempre consegue dominar. É o que torna tão
problemáticos os resultados nas assembleias numerosas, de composição
heterogênea, nas sessões teatrais, por exemplo, como o tem demonstrado a
experiência. (Obra citada - O Espiritismo experimental: IX - Condições de
experimentação.)
Texto para leitura
298. IX -
Condições de experimentação - O estudo dos fenômenos é de importância
capital, pois que nele é que se baseia inteiramente o Espiritismo. Muitas
vezes, porém, a ausência de método, a falta de continuidade e direção nas
experiências tornam estéreis a boa-vontade dos médiuns e as legítimas
aspirações dos investigadores. Em consequência mesmo do estado de espírito em
que fazem as pesquisas, acumulam dificuldades e, se ao fim de algumas sessões
não obtêm mais que fatos insignificantes, banalidades ou mistificações,
desanimam e abandonam a investigação.
299. Se, ao
contrário, se produzem resultados satisfatórios, determinam eles muitas vezes,
com irrefletido entusiasmo, uma tendência prejudicial para a credulidade, uma
disposição para atribuir aos Espíritos desencarnados todos os fenômenos
obtidos. Em casos tais não se fazem esperar as decepções necessárias, porque
fazem nascer a dúvida e, com ela, restabelecem o equilíbrio mental, o senso
crítico, indispensável em todo estudo experimental e, mais que qualquer outro,
nesse domínio das investigações psíquicas, em que a sugestão, o inconsciente e
a fraude se podem a cada passo misturar com as manifestações do mundo
invisível.
300. Noutros
lugares fazem-se críticas levianas, são acusados os grupos de má direção, os
médiuns de incapacidade e os assistentes de ignorância ou misticismo.
Queixam-se de não obter senão comunicações destituídas de interesse científico
e consistindo de repisadas exortações morais.
301. Essas
críticas nem sempre são infundadas; mas é preciso não esquecer, como geralmente
se faz, que nenhum bem se adquire sem trabalho e que se não deve procurar
colher os frutos antes da maturação. Em tudo se requer moderação e paciência.
As faculdades mediúnicas, como todas as coisas, estão submetidas à lei de
progressão e desenvolvimento. Em lugar de estéreis críticas, mais vale, pelo
concurso de mentes de boa-vontade reunidas, facilitar a tarefa do médium,
formando em torno dele uma atmosfera de simpatia que lhe seja ao mesmo tempo
sustentáculo, estímulo e proteção.
302. É
indispensável submeter as produções mediúnicas a rigoroso exame e conduzir as
investigações com espírito analítico sempre vigilante. A falta de benevolência,
a crítica exagerada, a malsinação sistemática podem, entretanto, desanimar o
médium, compeli-lo a abandonar tudo, ou pelo menos afastá-lo das reuniões
numerosas, para se incorporar aos grupos familiares, aos círculos restritos,
onde encontrará sem dúvida mais favorável ambiente, mas em que os seus
trabalhos só aproveitarão a reduzido número de escolhidos.
303. Há,
portanto, antes de tudo um duplo inconveniente a remover. Se demasiado
cepticismo é prejudicial, a credulidade excessiva constitui perigo não menor. É
preciso evitar um e outra com igual cuidado e conservar-se num prudente
meio-termo.
304. Entre os
homens de ciência é que se encontram os mais inveterados preconceitos e
prevenções a respeito dos fatos espíritas. Querem eles impor a essas
investigações as regras da ciência ortodoxa e positiva, que consideram os
únicos fundamentos da certeza; e se não são adotadas e seguidas essas regras, rejeitam
todos os resultados obtidos.
305.
Entretanto, a experiência nos demonstra que cada ciência tem suas regras
próprias. Não se pode estudar com proveito uma nova ordem de fenômenos,
socorrendo-se de leis e condições que regem fatos de uma ordem inteiramente
diversa. Só mediante pesquisas pessoais, ou graças à experiência nesse domínio
adquirida pelos investigadores conscienciosos, e não em virtude de teorias a
priori, é que se podem determinar as leis que governam os fenômenos ocultos.
306. São das
mais sutis e complicadas essas leis. Seu estudo exige espírito refletido e
imparcial. Mas como exigir imparcialidade àqueles cujos interesses, nomeada e
amor-próprio estão intimamente ligados a teorias ou a crenças que o Espiritismo
pode aniquilar? “Para achar a verdade – disse notável pensador – é preciso
procurá-la com o coração simples.”
307. É, sem
dúvida, por isso que certos sábios, imbuídos de teorias preconcebidas,
escravizados pelo hábito aos rigores de um método rotineiro, colhem menos
resultados nessas investigações do que homens simplesmente inteligentes, mas
dotados de senso prático e de espírito independente. Esses se limitam a
observar os fatos em si mesmos e lhes deduzir as consequências lógicas, ao
passo que o homem de ciência se aferrará principalmente ao método, ainda quando
improdutivo.
308. O que
nesse domínio importa, antes de tudo, são os resultados, e o único método que
os favorecer, mesmo que pareça defeituoso a alguns, deve ser por nós
considerado bom. Não é necessário ser matemático, astrônomo, médico de talento,
para empreender, com probabilidade de êxito, investigações em matéria de
Espiritismo: basta conhecer as condições a preencher e submeter-se a elas.
Nenhuma outra ciência nos pode indicar essas condições. Só a experimentação assídua
e as revelações dos Espíritos no-las permitem estabelecer com precisão.
309. Os
sábios tomam muito pouco em consideração as afinidades psíquicas e a orientação
dos pensamentos, que, entretanto, constituem um importante fator do problema
espírita. Encaram o médium como um aparelho de laboratório, como máquina que
deve produzir efeitos à vontade, e procedem a seu respeito com excessiva
desatenção. As inteligências invisíveis que o dirigem são por eles equiparadas
a forças mecânicas. Nelas recusam-se, em geral, a ver seres livres e
conscientes, cuja vontade entra numa considerável proporção, nas manifestações
– seres que têm suas ideias, seus desígnios, seu objetivo, desconhecidos para
nós, e que nem sempre julgam conveniente intervir: uns, porque o desembaraço e
os intuitos excessivamente materiais dos experimentadores os afastam; outros,
porque, demasiado inferiores, não se preocupam com a necessidade de demonstrar
aos homens as realidades da sobrevivência.
310. Força é,
todavia, reconhecer que as exigências e os processos dos sábios podem, num
certo limite, ser justificados, em vista de fraudes com que têm sido muitas
vezes desfigurados ou simulados os fenômenos. Não somente hábeis
prestidigitadores têm praticado esse gênero de exercícios, mas verdadeiros
médiuns têm sido, não raro, surpreendidos em flagrante delito de simulação. Daí
a bem legítima prevenção de certos investigadores e a obrigação, que se lhes
impõe, de eliminar, nas experiências, tudo o que apresenta caráter suspeito,
todo elemento de dúvida, todo motivo de ilusão.
311. É
indubitável que, no fenômeno de transporte, por exemplo, será preciso uma
grande acumulação de provas, irrecusável evidência, para acreditar-se na
desmaterialização e sucessiva reconstituição de objetos, passando através das
paredes, de preferência a admitir que tenham sido trazidos por algum dos
assistentes. A desconfiança, entretanto, não deve ser levada ao extremo de
impor ao fenômeno condições que o tornem impossível.
312. A ignorância das causas em ação e das condições em que elas
se manifestam explica os frequentes insucessos daqueles mesmos que, supondo dar
lições aos outros, só conseguem demonstrar insuficiência das regras de sua
própria ciência, quando as querem aplicar a esta ordem de pesquisas. Além
disso, o espírito de suspeita e malevolência em que envolvem o médium atrai as
entidades inferiores, que se comprazem em perturbar e impelem o sensitivo à
prática de atos fraudulentos.
313. Quando
esses elementos fazem irrupção num grupo, o melhor alvitre a adotar é suspender
a sessão. É sobretudo nesse caso que a presença e os conselhos de um
Espírito-guia são de grande utilidade; e os que, deles privados, se entregam a
experiências, ficam expostos a graves decepções.
314. O médium
é um instrumento delicado, repositório de forças que se não renovam
indefinidamente e que é preciso utilizar com moderação. Os Espíritos
esclarecidos, os experimentadores sensatos, aos quais merece cuidado a saúde
dos sensitivos, sabem deter-se aos primeiros sintomas de esgotamento; os Espíritos
levianos e embusteiros, que afluem às reuniões mal dirigidas, em que não reina
a harmonia nem a elevação de pensamentos, têm menos escrúpulos. Senhores dos
intuitos dos investigadores inexpertos, não trepidarão em exceder o limite das
forças do médium, para produzirem fenômenos sem interesse, e mesmo para
mistificarem os assistentes.
315. Quase
sempre, forças, causas, influências diversas intervêm nas experiências; daí uma
certa confusão, uma mescla de verdadeiro e falso, de coisas evidentes e
duvidosas que nem sempre é fácil distinguir. Os próprios sábios reconhecem que,
na maior parte dos casos, pode a sugestão intervir numa considerável proporção;
do que resulta que, para obter fenômenos espíritas verdadeiramente autênticos e
espontâneos, deve-se evitar com cuidado tudo o que pode influenciar o médium e
perturbar a ação dos Espíritos.
316. Ora, é
do que parece menos se preocuparem certos homens de ciência. Julgam
lícito embaraçar o sensitivo com perguntas inoportunas, pueris, insidiosas.
Perturbam as sessões, entretendo-se em conversas particulares e colóquios.
Quando são indispensáveis a calma, o silêncio, a atenção, uns mudam de lugar,
entram e saem, interrompem as manifestações em curso, apesar das injunções dos
Espíritos; outros, como certo doutor de nosso conhecimento, fumam e tomam
cerveja durante as experiências. Em tais condições tão pouco sérias, tão pouco
honestas, como é possível, legitimamente formular conclusões?
317. Algumas
vezes a experiência segue uma direção normal, satisfatória; o fenômeno se
desenvolve com feição prometedora. E subitamente age uma nova causa; uma
vontade intervém; uma corrente de ideias contrárias entra em jogo; a ação
mediúnica se perturba e transvia; já não produz senão efeitos em desacordo com
as esperanças do começo. Fatos reais parece ladearem coisas ilusórias; às
sessões imponentes sucedem manifestações vulgares.
318. Como
destrinçar essa complicação que nos deixa perplexo? Como evitar a sua
reprodução? E aí que a necessidade da disciplina nas sessões se faz vivamente
sentir e, mais ainda, a assistência de um Espírito elevado, cuja vontade
enérgica exerça império sobre todas as correntes adversas.
319. Quando a
harmonia das condições se estabelece e a força do Alto é suficiente, já se não
produzem essas contradições, essas incoerências que provêm, quer das forças
inconscientes, quer de Espíritos atrasados, quer mesmo do estado mental dos
assistentes. O fenômeno se desenvolve, então, em sua majestosa grandeza e o
fato probatório se apresenta.
320. Mas para
isso, para obter essa assistência do Alto, fazem-se precisas a união, a
elevação dos pensamentos e dos corações; são necessários o recolhimento e a
prece. As entidades superiores não se põem de boamente ao serviço dos
experimentadores que não são animados do sincero desejo de instruir-se, de um
amor profundo ao bem e à verdade.
321. Aqueles
que fazem do Espiritismo um passatempo, uma frívola diversão, não têm que
contar senão com incoerências e mistificações. Pode haver mesmo nisso, às
vezes, um perigo. Certas pessoas se comprazem em conversas mediúnicas com os
Espíritos inferiores, com almas viciosas e degradadas, e isso sem intenção
benéfica, sem intuito de regeneração, movidas por sentimento de curiosidade,
pelo desejo de divertir-se. Ao passo que não teriam suportado a convivência
desses seres, na vida terrestre, não receiam atraí-los, depois de
desencarnados, e com eles entreter palestras de mau gosto, sem reparar que
desse modo se abandonam a perigosas influências magnéticas.
322. Se
entrardes em relação com almas perversas, fazei-o com o fim de sua redenção, de
sua reabilitação moral, sob o amparo de um guia respeitável; doutro modo vos
exporeis à nociva promiscuidade, a obsessões temíveis. Não abordeis essas
regiões do Além senão com o propósito firme e elevado, que vos seja como a arma
assestada contra o mal. A mediunidade, esse poder maravilhoso, foi concedida ao
homem para um nobre uso. Aviltando-a, aviltareis a vós mesmos, e de um
puríssimo eflúvio celeste fareis um sopro envenenado.
323. O antigo
iniciado, como os orientais em nossos dias, só se entregava às evocações depois
de se haver purificado pela abstinência, pela prece e pela meditação. A
comunicação com o invisível era um ato religioso, que ele executava com
sentimento de respeito e de veneração pelos mortos.
324. Nada há
mais diametralmente oposto que o modo de proceder de certos experimentadores
atuais. Apresentam-se nos lugares de reunião depois de copioso jantar,
impregnados do cheiro do fumo, com o desejo intenso de obter manifestações
ruidosas ou indicações favoráveis aos seus interesses materiais. E admiram-se,
em tais condições, de só se apresentarem Espíritos fraudulentos e mentirosos
que os enganam e se divertem em lhes causar inúmeras decepções!
325. Mau
grado à repugnância dos modernos sábios pelos meios com cuja aplicação se
realiza a elevada comunhão das almas, será forçoso a eles recorrer, a não ser
que se queira fazer do Espiritismo uma nova fonte de abusos e de males.
326. O estado
de espírito dos assistentes, sua ação fluídica e mental, é por conseguinte, nas
sessões, um importante elemento de êxito ou de insucesso. Quanto mais sensível
é o médium, tanto mais receptivo é à influência magnética dos experimentadores.
Em uma assembleia composta, na maioria, de incrédulos, cujos pensamentos hostis
convergem para o sensitivo, o fenômeno dificilmente se produz. A primeira das
condições é abster-se de toda ideia preconcebida, a fim de deixar ao Espírito a
necessária liberdade de ação. Tenho, por minha parte, em certos casos, podido
verificar que uma vontade enérgica e persistente pode paralisar o sensitivo, se
é fraco, e constituir obstáculo às manifestações.
327. Os
pensamentos divergentes se chocam e formam uma espécie de caos fluídico, que a
vontade dos invisíveis nem sempre consegue dominar. É o que torna tão
problemáticos os resultados nas assembleias numerosas, de composição
heterogênea, nas sessões teatrais, por exemplo, como o tem demonstrado a
experiência.
328. As pessoas ávidas de propaganda pública, que, sem
cogitar das necessárias precauções, se aventuram nesse terreno, expõem-se a bem
graves reveses. Aí correm os médiuns grande risco: não somente se acham à mercê
dos Espíritos atrasados que se comprazem na permanência entre as turbas, mas
ainda ficam à disposição de todo mal-intencionado que, aparentando de sábio,
deles exigirá experiências contrárias às verdadeiras leis do Espiritismo. E
quando tiver usado e abusado de suas forças sem resultado prático, persuadirá
os espectadores de que, nessa ordem de ideias, não há mais que fraude ou erro.
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