CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
Um dia!
Talvez esse
um dia não chegue para o pedido de desculpa; para o tempo agradável com quem se
ama; para a admiração do pôr do sol; para um sorvete à tardezinha; para
conversas mais despreocupadas e não só com definido objetivo, apenas para estar
com quem se quer. Talvez esse dia nunca se aproxime para pensar mais em si
próprio e menos na avaliação dos pensamentos alheios; talvez esse um dia para a
felicidade esteja bem mais distante do que se imagina, pois é incerto demais
para o tempo que se tem.
Essa
oportunidade existirá quando o orgulho e o egoísmo forem mais sutis, parecidos
com a brisa que sopra na manhã de primavera. Logo, se assim forem, haverá, sim,
tempo para amar mais, viver melhor e valorizar a real essência que a vida
possui.
E se esse um
dia demorar a chegar, outros chegarão com certeza como o dia no qual o grande
amor se cansou de esperar e se foi; a amizade que, sem atenção, se distanciou e
se desfez; a chuva que não pôde ser apreciada, pois o trabalho compensava muito
mais; um abraço demorado que não mais existiu; um sorriso que não quis mais
sorrir; a vida, grandiosa, que perdeu o encanto para um coração.
O tempo mais
verdadeiro e preciso é o de agora, pois neste exato momento posso dizer “te
amo”, posso pedir desculpa, posso declarar “conte comigo”, posso compartilhar
minha dor e minha alegria, posso fazer uma oração de profundo agradecimento ou
rogar discernimento e sabedoria; neste exato segundo posso querer ser mais amor
que qualquer outro tipo de razão... na verdade, posso ser neste exato momento
somente amor.
Como não se
sabe a hora do regresso, protelar as nobres ações é distanciar da alma o dia
mais feliz e mais leve, ou então, pelo fato de se perder oportunidade, sofrer
por não haver mais tempo para reparar ações infelizes e impensadas. E algo que
insiste demais no sentimento é o que poderia ter feito de bom, mas que o
orgulho e o egoísmo não permitiram. E como esse sentimento sobrevive no
coração! E como nosso coração, com isso, padece!
Se agora é o
presente, também é o tempo mais brilhante para ser melhor do que até este
momento se pôde ser. É o tempo que se pode reparar ou compensar uma existência,
que se pode amparar uma ou mais vidas.
“Um dia” é
quase inexistência pura; é a dúvida; é a probabilidade desvalida; é o
sofrimento continuado; é a falta da paz de espírito; é o nada ao invés do tudo;
é a consciência do que se precisa realizar, mas não o faz; é a distância fria
da felicidade; é a lamúria inconformada que se transforma em doença;é mais o
não do que o sim; é o duro coração que não se quer converter em doçura amorosa.
Entretanto,
que a reflexão possa ser feita agora, assim como as atitudes no bem, e que a
expressão “dia nenhum” seja cada vez mais consolidada para os insensatos
sentimentos e atitudes.
“Um dia”,
para as ações necessárias e importantes, é quase sinônimo de não se realizar e,
consequentemente, favorecer a continuação ou aquisição de um dispensável
sofrimento.
Portanto,
hoje é o mais precioso tempo, é a oportunidade para uma alma em sua jornada de
renovação.
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