Eis breve resumo dessa
providencial conversa,
na qual o Mestre sugere
a ela permanecer no lar,
junto ao esposo
incompreensivo.
Vivia em Cafarnaum e
“acompanhava a Jesus nas
pregações do lago”.
Mulher dedicada e de
nobre caráter, possuía
verdadeira fé, mas não
contava com o apoio do
esposo – servidor dos
‘poderosos’ do dia –,
mais vinculado aos
interesses imediatistas.
Em casa de Simão, ela
procura Jesus e
expõe-Lhe suas amarguras
e padecimentos
domésticos. O marido não
tolerava a nova
doutrina, eis que não
‘aceitava as claridades
do Evangelho’. Não devia
impor-lhe sua fé?
Após ouvi-la
pacientemente, Ele lhe
responde:
“– (...) Teu esposo não
te compreende a alma
sensível?
Compreender-te-á um dia.
É leviano e indiferente?
Ama-o, mesmo assim. Não
te acharias ligada a ele
se não houvesse para
isso razão justa.
Servindo-o com amorosa
dedicação, estarás
cumprindo a vontade de
Deus. (...) Deves, pelo
Evangelho, amá-lo ainda
mais. Os sãos não
precisam de médico.
(...)
Sê fiel a Deus, amando
o teu companheiro do
mundo, como se fora teu
filho. (...) Volta ao
lar e ama o teu
companheiro como se fora
o material divino que o
céu colocou em tuas mãos
para que talhes uma obra
de vida, sabedoria e
amor!
(...)
– Vai, filha!... Sê
fiel!”
Essa ponderada diretriz
dera-lhe resignação e
nova dimensão para sua
vida.
Buscou esquecer as
características
inferiores do marido e
observar o que ele
possuía de bom,
estimulando-o a
desenvolver suas
virtudes potenciais.
Revelou, assim, que
aquele que ama e
compreende mais deve
estender as mãos para
auxiliar ao que é frágil
na fé, descendo ao nível
de sua compreensão.
Nasceu-lhe um filhinho,
que lhe duplicou os
trabalhos.
Com os anos, desenvolveu
sua fé e seus
conhecimentos.
Perseguições políticas
levaram o marido às
dívidas, ao sofrimento e
à morte.
Joana suportou todos os
infortúnios. Esqueceu o
conforto da nobreza
material.
Dedicou-se aos filhos de
outras mães e ocupou-se
com os mais subalternos
afazeres domésticos,
para que seu filhinho
tivesse pão.
E a bela página segue
comentando outros fatos
relevantes da vida dessa
extraordinária mulher,
que soube viver como
cristã e, ao final, em
Roma, entregar-se ao
martírio, por fidelidade
a Jesus e à Sua Doutrina
de Amor.
QUE É UM LAR?
“O lar supõe um porto,
um lugar de abrigo, a
representação material
de uma morada, um
domicílio para o
desenvolvimento das
relações espirituais,
mentais e morais
daqueles que o habitam,
como imagem do que será,
mais adiante, o lar
celestial, no reino dos
céus.”
3
É possível construir o
lar ideal? Há fórmulas?
Há receitas?
Quais os objetivos do
casamento?
Quais ideais acalentam
os casais ao formarem os
próprios lares? Que
buscam?
Será apenas a
perpetuação da espécie
humana?
O casamento nos propicia
a formação de um lar,
que é laboratório onde
Deus nos educa para o
exercício do amor
universal.
Não é algo acabado; é
construção de todos os
dias. Não se encerra ao
final das cerimônias que
o envolvem. É a partir
daquele momento que ele
efetivamente se inicia!
Embora sua importância
para os casais e a
comunidade, não nos
preparamos devidamente
para vivenciá-lo, como
seria ideal, eis que
requer ajustamentos
constantes, porque reúne
pessoas com formações
diferentes e aproxima
famílias até com ideias
opostas sobre a vida. O
que é natural para um,
agride o outro.
Sem mútuas concessões,
coisas banais viram
pontos de discórdia.
Tudo se transforma em
apreciação desfavorável.
A intolerância gera
implicâncias quanto ao
posicionamento à mesa;
ao modo de mastigar; à
altura da voz; à maneira
de vestir-se ou de
pentear-se.
A indisposição ao
diálogo conduz à solidão
a dois – talvez a mais
perversa das formas em
que ela se apresenta –,
ou ao divórcio.
Bem compreendido, é
instrumento que favorece
a evolução moral dos
seres.
Permite-nos vencer o
egoísmo.
Antes dele, predomina o
pronome "meu"; agora
passa a ser o "nosso".
Daí a importância do
diálogo, para resolver
conflitos, que se
sucedem, ao longo da
vida.
Nele, importa, também,
dividir a atenção,
treinar a renúncia,
aprender a passar noites
sem dormir, tropeçar em
fraldas sujas, correr
para o médico nas horas
mais impróprias, perder
o filme que gostaríamos
de assistir; a novela; o
telejornal ou o
espetáculo esportivo.
Enfim, devemos nos
preparar para substituir
hábitos arraigados.
O CASAMENTO E O
ESPIRITISMO
Na Doutrina Espírita não
há cerimônias de
casamentos, batizados,
ou formalismos de
quaisquer natureza. Ele
se efetiva pela união
civil, na forma da Lei,
que visa assegurar o
direito das partes e de
eventuais descendentes.
Nos casamentos,
unimo-nos em preces, em
favor do casal e de suas
famílias.
“(...) os consórcios
humanos estão previstos
na existência dos
indivíduos, no quadro
escuro das provas
expiatórias, ou no
acervo de valores das
missões que regeneram e
santificam.” 4
“(...) há casamento de
amor, de fraternidade,
de provação, de dever
(...).” 5
“Tão somente na base da
indulgência e do perdão
recíprocos (...)
conseguirão o
companheiro e a
companheira do lar o
triunfo esperado, nas
lides e compromissos que
abraçam, descerrando a
si mesmos a porta da paz
e a luz da libertação.”
6
O casamento “É um
progresso na marcha da
Humanidade”. 7
“O casamento, segundo as
vistas de Deus, deve
fundar-se na afeição dos
seres que se unem.”
7
“(...) quantos não são
os que acreditam amar
perdidamente, porque
apenas julgam pelas
aparências, mas que,
quando obrigados a viver
com as pessoas, não
tardam a reconhecer que
não passava de um
entusiasmo material!
(...)
Há duas espécies de
afeição: a do corpo e a
da alma, tomando-se
muitas vezes uma pela
outra. A afeição da
alma, quando pura e
simpática, é durável; a
do corpo é perecível.
Eis por que, com muita
frequência, os que
julgavam amar-se
eternamente acabam por
odiar-se, desde que a
ilusão se desfaça.”
7
“Quantas uniões
infelizes, porque
resultaram de um cálculo
de interesse ou de
vaidade, e nas quais o
coração não tomou parte
alguma!”
8
“(...) o casamento
humano é um dos mais
belos atos da existência
na Terra.” 9
“Nenhum coração pode
viver normalmente sem
companhia.
Olhar, gesto e palavra
(...) têm significações
profundas para a
garantia da felicidade.”
10
O CASAMENTO E A
REENCARNAÇÃO
O marido faltoso é o que
inclinamos à crueldade e
à mentira, no passado.
A esposa desequilibrada
é a que relegamos à
necessidade e à
viciação, em outra
existência física.
(Continua na próxima
edição desta revista.)
Referências:
1. DIAS DA SILVA, MA.
Quem Ama Não Adoece.
5. ed. São Paulo:
Editora Best Seller,
1994. p. 283.
2. XAVIER, F. Cândido.
Boa Nova. Pelo
Espírito Humberto de
Campos. 13 ed. Rio de
Janeiro: FEB, 1979.
Cap. 15, p. 99 a 104.
3. MCGAREY, Gladys y
William. Revelaciones
de Edgar Cayce sobre el
amor y la familia.
Madrid: EDITORIAL EDAF,
S. A., 1989. Cap. 16, p.
245. Tradução livre, do
Espanhol.
4. XAVIER, Francisco C.
O Consolador.
Pelo Espírito Emmanuel.
7. ed. Rio de Janeiro:
FEB.1977. Q. 179.
5. XAVIER, Francisco C.
Nosso Lar. Pelo
Espírito André Luiz. 25.
ed. Rio de Janeiro: FEB,
1982. Cap. 38, p. 212.
6. XAVIER, Francisco C.
Vida e Sexo. Pelo
Espírito Emmanuel. 6.
ed. Rio de Janeiro: FEB,
1982. P. 60.
7. KARDEC, Allan. O
Livro dos Espíritos.
Trad. Evandro Noleto
Bezerra. 1ª edição
Comemorativa do
Centenário. Rio de
Janeiro: FEB, 2006. Q.
695; 701 e 939,
respectivamente.
8. KARDEC, Allan. O
Evangelho segundo o
Espiritismo. Trad.
Evandro Noleto Bezerra.
2. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2013. Cap. V, it.
4.
9. XAVIER, Francisco C.
Os Mensageiros.
Pelo Espírito André
Luiz. 12. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 1980. Cap.
30, p. 160.
10. VIEIRA, Waldo.
Sol nas Almas. Pelo
Espírito André Luiz. 3.
ed. Uberaba: CEC, 1974.
Cap. 37, p. 111.
Retirado de o Consolador, Revista Semanal de Divulgação Espírita
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