domingo, 1 de março de 2015

QUE PAIS É ESTE?

Editorial Inglês Espanhol
Ano 8 - N° 403 - 1° de Março de 2015

 



Vivemos no Brasil momentos que pensávamos jamais se repetissem. O desgoverno, a incompetência, a falta de ética, a corrupção generalizada, a irresponsabilidade, o descompromisso, eis fatores que, tendo por fundo uma crise moral sem precedentes, geraram a crise política e econômica que se instalou no país, prenunciando dias difíceis para todos nós que aqui moramos.
A toda ação corresponde uma reação; isso é inevitável. A semeadura é livre, mas a colheita é compulsória. É por isso que estamos colhendo hoje o que foi semeado e cultivado nos últimos anos em nossa terra.

Na principal obra que escreveu, Allan Kardec reportou-se indiretamente ao assunto, quando analisou a resposta dada pelos benfeitores espirituais à questão 685 d´O Livro dos Espíritos:
 
“Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos.
Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios instintos, serão de espantar as consequências desastrosas que daí decorrem?

Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis.

A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos.” (O Livro dos Espíritos, Parte terceira, cap. III, questão 685.)
(Os grifos são nossos.)
 
Por causa disso, a desesperança em todos os lugares é muito grande, o que está bem caracterizado no poema “Credo”, da professora e poetisa cearense Maria Eunice Martins Melo Aragão: 
 “(…) Só não creio, Brasil,
Nos teus políticos,
Demônios tão ridículos
A infernar o País.
E eu te pergunto, Brasil,
Qual será o teu futuro?...
Quero sair deste escuro
E vislumbrar uma luz.
Brasil, meu novo Cristo traído,
Poderoso e escarnecido
Enfim pregado na cruz.” 
Ninguém ignora que conjunturas diversas causam, efetivamente, rupturas periódicas da ordem econômica, sem que se possa individualizar quem seja o agente causador. Isso é cíclico. Isso está ligado à lei que rege a economia de mercado.
No Brasil ocorre, porém, algo bem diferente. Segundo nosso colaborador Estênio Negreiros em um texto que escreveu sobre o assunto, a crise a que nos reportamos origina-se de procedimentos equivocados ou mal-intencionados de um indivíduo, de um partido político, de uma facção criminosa ou de uma instituição corrompida, agindo conjuntamente.
“No momento presente – diz Estênio – o País está às voltas com o maior escândalo político-financeiro de todo o mundo e de todos os tempos, cujo epicentro é a nossa maior empresa estatal – a Petrobras – que não sai um dia sequer das páginas da imprensa e das telas de todas as mídias. Causa principal desse descalabro: o procedimento corrupto, imoral e anético de centenas de pessoas inescrupulosas, representantes de empresas e de partidos políticos, que se mancomunaram com o único fito de assaltar os cofres daquela gigante do petróleo para beneficiá-las individualmente ou aos seus grupos partidários.”
Como se isso não bastasse, a crise econômica que estava camuflada veio à tona, a inflação mostrou suas garras e, para tornar ainda mais difícil a vida de milhões de brasileiros, agravou-se a crise hídrica, com suas consequências perversas, que são a falta d´água nas torneiras e o perigo de sucessivos apagões no fornecimento da energia elétrica.
Não é, portanto, sem sentido a pergunta inicial: Que país é este?
Alguém poderá responder? 
Fonte: Retirado de o Consolador Revista Semanal de Divulgação Espírita

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