Artur Valadares
de Freitas
Santos:
Estudioso dos
textos
evangélicos, o
confrade
fala-nos sobre
o
método que
utiliza para
despertar o
interesse pelo
estudo e
pesquisa dos
Evangelhos
|
Nascido em berço
espírita,
natural de
Patrocínio (MG)
e residente em
São Carlos (SP),
graduado e
mestrado em
Engenharia
Mecânica,
atualmente
cursando
Doutorado na
mesma área,
Artur Valadares
de Freitas
Santos (foto)
vincula-se à
instituição
espírita
Obreiros do Bem
na cidade onde
reside, com
atividades no departamento de
divul-
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gação da
instituição e na
coordenação do
Núcleo de Estudo
e Pesquisa do
Evangelho (NEPE)
"Paulo de
Tarso".
Demonstrando
grande interesse
pelo estudo e
pesquisa dos
textos dos
Evangelhos, ele
falou-nos sobre
o assunto na
entrevista
seguinte.
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Qual a melhor
maneira de
pesquisar e
estudar os
ensinos e
parábolas de
Jesus?
Acredito que um
primeiro passo
essencial seja o
estudo,
aprofundado e
metódico, das
obras da
codificação
espírita. Essa
base é
fundamental para
que possamos ter
uma visão lúcida
e coerente a
respeito das
passagens do
Evangelho,
buscando renovar
as concepções
que trazemos do
passado em
relação ao
Cristo, à sua
mensagem e aos
seus
continuadores.
Outro ponto
importante é o
estudo das obras
subsidiárias
produzidas sobre
o tema por
médiuns
abalizados como
Francisco
Cândido Xavier e
Divaldo Franco,
dentre as quais
destacaríamos as
de autoria do
Espírito
Emmanuel, que
dedicou boa
parte de seu
trabalho
psicográfico no
desenvolvimento
e esclarecimento
do estudo do
Evangelho à luz
da Doutrina
Espírita. Por
fim, o
conhecimento do
contexto
histórico em que
o Cristo estava
inserido, dos
costumes e da
sociedade
judaica da
época, bem como
do Antigo
Testamento, é
também de grande
relevância para
uma compreensão
mais abrangente
dos ensinamentos
de Jesus. Com
esse arcabouço,
estamos aptos a
analisar, com
bom senso e de
maneira segura e
ponderada,
informações
provenientes das
mais diversas
fontes
religiosas,
filosóficas e
científicas,
buscando extrair
delas o que
possa agregar ao
estudo, como nos
recomenda o
próprio O
Livro dos
Espíritos em
suas questões de
nº 627 e 628.
De onde surgiu
seu gosto por
esse estudo e
pesquisa em
torno dos textos
do Novo
Testamento?
Desde a infância
me sentia muito
atraído para
este tipo de
estudo. Na casa
que frequentei
em Patrocínio
(MG), enquanto
criança e
adolescente, me
lembro de
assistir às
palestras do
querido confrade
Simão Pedro, em
que eram
apresentadas e
comentadas
passagens do
Novo Testamento
e de como aquilo
me despertava
uma profunda
emoção e um
interesse por
conhecer mais
sobre o assunto.
A partir de 2013
comecei
realmente a me
engajar no
movimento
espírita e, com
o lançamento da
tradução do Novo
Testamento pelo
também confrade
Haroldo Dutra
Dias, em
conjunto com as
palestras
voltadas para
essa temática
proferidas por
ele e outros
companheiros,
comecei a me
interessar ainda
mais pelo tema e
desde então não
parei mais de
estudar e de
buscar me
aprofundar a
respeito.
As histórias e
relatos,
referências e
exemplos
anotados pelos
evangelistas
trazem algo mais
além das letras?
Sim, primeiro
porque uma das
características
da própria
linguagem e
cultura semitas,
bem como das
tradições
rabínicas da
época, era a
transmissão dos
ensinamentos de
maneira
intuitiva e
simbólica, um
reflexo da
tradição milenar
de propagação
oral do
conhecimento.
Além disso,
precisamos levar
em conta a
inspiração
espiritual do
Plano Superior
durante o
processo de
redação dos
textos do
Evangelho, como
Emmanuel nos
esclarece no
livro A
Caminho da Luz.
Com o auxílio
das obras
básicas e
subsidiárias da
Doutrina
Espírita, em
especial da
coleção Fonte
Viva de
Emmanuel/Chico,
podemos perceber
de maneira mais
profunda a
dimensão da
riqueza
espiritual
oculta por trás
dos véus da
letra. Um dos
maiores
colaboradores
para este tipo
de estudo foi o
querido
confrade,
ex-presidente da
UEM, Honório
Onofre de Abreu.
Ele organizou um
livro sobre o
tema, intitulado
Luz
Imperecível,
que estabelece
as bases para
esta metodologia
de estudo, com
vários exemplos
práticos de como
se extrair da
letra o espírito
imperecível dos
ensinamentos de
Jesus.
Por que Jesus
usou essa
didática? O que
ele desejava
alcançar?
Como diz o
próprio Kardec
em O
Evangelho
segundo o
Espiritismo,
os pontos
essenciais da
doutrina do
Cristo sempre
foram claros e
explícitos, como
por exemplo a
posição da
caridade e da
humildade como
elementos
fundamentais no
processo de
iluminação
espiritual. Os
demais pontos
foram
trabalhados por
Jesus, pelo
menos para o
grande público,
de maneira
velada, pois ele
sabia que só o
tempo poderia
trazer uma
maturidade mais
adequada para a
compreensão de
determinadas
verdades
espirituais que
necessitavam de
um
desenvolvimento
científico e
filosófico do
espírito humano
ainda a ser
realizado. No
entanto, todas
essas verdades
estão inseridas
de maneira
alegórica e
simbólica em
seus
ensinamentos e
cada espírito
pôde, a seu
tempo,
compreendê-las,
se para tal se
esforçou. São
como sementes,
aguardando o
momento propício
para a
germinação.
Que tipo de
sentimento o
envolve nas
descobertas
resultantes das
pesquisas nos
textos desses
ensinos? E como
você transforma
isso em
motivação para
transmissão em
estudos que
coordena e nas
palestras que
ministra?
O sentimento é
sempre o de uma
alegria e
gratidão
imensas, pois
percebemos
quanto todos
temos sido
amparados e
conduzidos
espiritualmente
por esse Amor
imensurável que
nos envolve
desde os
primórdios de
nossa evolução.
Sempre que nos
dedicamos ao
estudo e à
meditação sobre
os ensinos de
Jesus, nos
sentimos como se
estivéssemos
novamente na
Galileia
daqueles tempos,
ouvindo e
acompanhando o
próprio Mestre
em sua
peregrinação
pela Terra. A
partir daí,
surge
naturalmente o
desejo de
compartilhar
aquilo que
pudemos
compreender e
sentir neste
processo, o que
temos buscado
fazer por meio
dos grupos de
estudo e das
palestras.
Nos grupos que
coordena, há um
interesse mais
qualificado em
torno dessas
pesquisas e
estudos?
Primeiramente,
tivemos que
buscar
estabelecer um
método de estudo
que propiciasse,
nos demais
membros do
grupo, o
surgimento desse
interesse pela
pesquisa,
participação e
colaboração,
responsável por
tornar a
experiência do
estudo tão
enriquecedora.
No início nem
sempre é fácil,
porque a
tendência que
observamos em
muitos grupos de
estudo é que
ocorra uma
acomodação, em
que apenas
alguns poucos
passam a ser
responsáveis
pela pesquisa e
transmissão do
conhecimento,
enquanto os
demais se
colocam na
postura de
receptores. No
entanto, esse
esforço por
desenvolver um
espírito de
equipe, em que
todos colaboram
e aprendem
juntos, tem dado
bons resultados,
e esperamos
conseguir
estabelecer em
2016 uma
participação
ainda mais
efetiva de cada
membro do grupo.
Qual a melhor
didática para
despertar o
interesse pelo
estudo e pela
pesquisa?
Tentamos fazer
algo bem
dinâmico e
participativo,
mostrando para o
grupo como são
feitas as
pesquisas
bibliográficas e
a preparação do
material para os
estudos.
Buscamos também
sempre vincular
os ensinamentos
das três
revelações, de
maneira a
demonstrar como
que cada uma
delas faz parte
de um processo
pedagógico mais
amplo,
coordenado pelo
Cristo e seus
prepostos. Além
disso, a
descoberta do
que está por
detrás dos
símbolos e
alegorias é um
grande estímulo
para todos.
Podemos perceber
o brilho nos
olhos de cada um
quando se
compreende uma
passagem antes
obscura. O
estudo em
formato de
mesa-redonda,
valorizando o
debate fraterno
e a troca de
ideias, faz
também com que
cada um se sinta
parte integrante
e importante no
processo de
aprendizado
coletivo.
Algo marcante de
suas
experiências que
pode nos
relatar?
O que mais tem
me marcado no
desenrolar dos
estudos e das
palestras é
perceber quanto
a figura de
Jesus, mesmo
após tanto
tempo, continua
tocando o
coração das
pessoas e quanto
elas se sentem
atraídas por Ele
e por sua
mensagem. Noto
também como
ficam
impressionadas
ao perceberem a
beleza e a
profundidade dos
ensinamentos que
existem para
além dos
símbolos e das
parábolas. Mais
do que nunca,
tenho me
certificado da
importância do
Mestre para
nossa vida
cotidiana, como
sustentáculo de
nosso equilíbrio
interior e como
orientador de
nossa conduta em
busca da paz
legítima, que
surge de uma
consciência
tranquila e do
serviço no bem.
Algo mais que
gostaria de
acrescentar?
Gostaria de
relembrar
algumas palavras
de Alcione, que
já se utilizava
naquela época,
juntamente com o
Padre Damiano
(Emmanuel),
dessa
metodologia de
estudo mais
aprofundado do
Evangelho.
Segundo ela, "o
Evangelho, em
sua expressão
total, é um
vasto caminho
ascensional,
cujo fim não
poderemos
atingir,
legitimamente,
sem conhecimento
e aplicação de
todos os
detalhes. [...]
A mensagem do
Cristo precisa
ser conhecida,
meditada,
sentida e
vivida". Fica
assim
estabelecido um
roteiro, em
quatro etapas
essenciais, no
qual o
conhecimento é
apenas a
primeira delas.
Isso é
importante para
que não nos
esqueçamos de
que todo o
estudo do
Evangelho só
será
efetivamente
útil e
significativo em
nossas vidas se
viermos a tornar
nossa vivência
coerente com o
que temos
estudado e
aprendido.
Suas palavras
finais.
Para finalizar,
creio que seria
oportuno
ressaltar a
importância de
buscarmos cada
vez mais esse
contato íntimo e
essa comunhão
com o Mestre e
sua mensagem,
nos esforçando
por adequar
nossas vidas à
sua proposta,
sobretudo nestes
momentos
tumultuosos
pelos quais
passamos
coletivamente.
Mais do que
discípulos que
conhecem os seus
ensinamentos,
Jesus precisa
daqueles que
estejam
dispostos a
vivenciá-los,
sendo o "sal da
terra" e a "luz
do mundo" para
uma Terra em
momentos de
profunda
transformação.
Que Ele nos
abençoe e
sustente nesta
jornada pelos
caminhos que nos
deixou. Paz e
Bem!
Fonte: Retirado de o Consolador uma Revista de Divulgação Espírita
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