terça-feira, 12 de abril de 2016

" NÃO EXISTE NENHUMA FORMA DE SERMOS FELIZES SE NÃO FOR ATRAVÉS DO AMOR, PENSADO,VIVENCIADO"

Entrevista Espanhol Inglês    
Ano 9 - N° 459 - 3 de Abril de 2016
MARCELO BORELA DE OLIVEIRA 
marceloborela2@gmail.com
Londrina, PR (Brasil) 
 
 
Geraldo Saviani da Silva
O presidente do Centro Espírita Nosso Lar, a mais antiga
instituição espírita de Londrina, fala sobre seus
planos à frente da conhecida Casa Espírita
Geraldo Saviani da Silva (foto), natural de Jacarezinho (PR), espírita há 38 anos, é o atual presidente do Centro Espírita Nosso Lar, instituição pioneira de Londrina (PR), fundada em 1º de janeiro de 1934. Na presente entrevista, ele nos fala sobre sua iniciação no Espiritismo, as funções e tarefas que já exerceu e, especialmente, sobre seus
planos à frente do Centro Espírita Nosso Lar, cuja presidência assumiu no início deste ano. 
Quando ocorreu seu contato inicial com o Espiritismo?  
Minha mãe criou os dois filhos dentro da Igreja Católica, tendo sido essa convicção religiosa muito forte, porém meu pai costumava nos levar periodicamente para tomar passes no Centro das Rosas em Jacarezinho. Somente em 1977, contudo, é que fui despertado para o estudo do Espiritismo, data essa em que deixei de vez o Catolicismo. 
Houve algum fato ou circunstância especial que tenha propiciado esse contato? 
Sim. Por essa época apareceram umas feridas nos dedos de minha mãe que remédio algum curava, e o médico que a atendia cogitou amputar-lhe os dedos. Minha mãe declarou que jamais permitiria uma amputação. Diante disto meu pai procurou um senhor de nome Sr. Pedro, literalmente um preto-velho, que tinha uma maravilhosa capacidade de receitar mediunicamente remédios à base de plantas. O médium praticamente curou minha mãe, mas, quando as feridas já estavam quase cicatrizadas, disse à minha mãe e a mim que eu é que teria de terminar o tratamento, pois que ele não conseguiria fazê-lo. Claro que não acreditei; tanto eu como minha mãe éramos católicos fervorosos. Minha mãe ainda sentia fortes dores, mas o médium insistiu que não poderia fazer mais nada e que o restante da cura era minha tarefa. Novamente meu pai procurou solução na mediunidade. Porém, quando a médium que meu pai havia localizado para terminar o tratamento entrou em transe para a aplicação do passe, ela, já envolvida pelo seu protetor, olhou para mim e disse exatamente como o médium anterior, que ela não conhecia: que eu é que teria de terminar a cura da minha mãe. A médium induziu-me ao transe mediúnico do qual pouco me lembro. As pessoas presentes disseram que fiquei mediunizado e que estendi a mão sobre a ferida que a minha mãe tinha, curando-a definitivamente. O fato me impressionou tanto que passei a estudar o Espiritismo e a frequentar o Centro Espírita João Batista, em Jacarezinho, o que fiz sem interrupção até o ano de 1989, quando me mudei para Londrina. 
Qual foi a reação de sua família ante sua adesão à Doutrina Espírita?
Foi muito boa. Na verdade, ao chegar a casa e contar para meu pai que havia optado pelo Espiritismo, meu pai olhou-me com muita seriedade e perguntou-me: - Com quanto você vai contribuir para a manutenção do Centro? Eu me assustei com a pergunta e respondi que ninguém havia me falado nada disso no Centro, pois era a primeira vez que eu estava indo àquele lugar. Meu pai, um homem muito prático, já foi perguntando: - Como você acha que o Sr. Joaquim (presidente do Centro) vai pagar a conta de água, luz e telefone, se você não ajudá-lo? Por conta disto, logo me candidatei à vaga de tesoureiro e nestes quase 40 anos de Espiritismo, sempre que possível, ocupo-me de conseguir recursos para a manutenção da Casa Espírita que eu frequento, sendo sempre que possível tesoureiro. Aliás, no Centro Espírita Auta de Souza tenho ocupado sempre esse cargo. 
Que cargos ou funções você já exerceu no meio espírita? 
No Centro Espírita João Batista, exerci as funções de tesoureiro e de secretário.  No Centro Espírita Nosso Lar fui Conselheiro por vários anos. Em 2005, com a Gisele, fundamos o Grupo Espírita Irmã Zenóbia, que hoje conta com 160 colaboradores, grupo esse que atua em diversas áreas da caridade, tais como visitação ao Cense (Centro de Correção de menores Infratores), fornecimento de sopa e café da manhã uma vez por semana, fornecimento de 100 cestas básicas mensalmente para a população carente, atendimento semanal a cerca de 60 famílias carentes e manutenção do Centro Espírita Auta de Souza, entre outras atividades. 
Dos três aspectos do Espiritismo, – científico, filosófico e religioso, –  qual é o que mais o atrai? 
O aspecto religioso. A religião está implícita na minha personalidade. Não sei se é por conta da educação católica que minha mãe me deu, mas a verdade é que crer em Deus, em Jesus, na bondade dos Espíritos superiores, no amor pelo próximo e no sacrifício pessoal, é a minha motivação, a minha razão de tentar ser melhor, ser bom. Claro que os aspectos filosófico e científico me atraem. Tenho a vaidade de dizer que raros dias se passaram nos últimos 38 anos sem que eu tenha lido no mínimo uma página de uma obra espírita. A atividade da mediunidade, a prática do passe, a experimentação do fenômeno mediúnico têm sido igualmente uma pálida tentativa de estudar o Espiritismo através da experimentação. 
Que autores espíritas mais lhe agradam?  
Evidentemente que Allan Kardec é maravilhoso em sua capacidade de síntese, sua clareza de ideias, seu tirocínio, sua inteligência, enfim, não consigo imaginar um outro autor que eu possa dizer que se lhe equipare, sendo portanto meu preferido. Por outro lado, Francisco Cândido Xavier também foi um fenômeno, muito embora ele tenha atribuído todo o seu trabalho aos Espíritos. Suas obras são, a meu ver, o mapa para entendimento da obra de Kardec, sendo ele o autor que mais admiro e leio depois de Kardec. Felizmente a literatura espírita conta com autores extraordinários, podendo citar como exemplo os que leio desde a mocidade: Léon Denis, Camille Flammarion, Ernesto Bozzano, Yvonne Pereira, Divaldo Pereira Franco, Raul Teixeira, Célia Xavier de Camargo, Salvador Gentile, Hermínio Miranda,  Jorge Rizzini, entre muitos outros. 
Mencione 5 obras espíritas, além das obras de Allan Kardec, que você entende que não podem faltar na estante do espírita. 
Não consigo conceber cultura espírita na qual o estudante espírita não tenha razoável conhecimento das obras de André Luiz, ditadas para Chico Xavier. Para complementar esse estudo, também entendo que é imprescindível a leitura de pelo menos dois livros da obra de Léon Denis: “O Problema do Ser, do Destino e da Dor” e “Depois da morte”. Além dessas obras, o livro “A Caminho da Luz”, de Emmanuel, ditado para Chico Xavier, é fundamental para entendermos a migração dos Espíritos para os diversos mundos quando da mudança dos estágios evolutivos. Por outro lado, a pesquisa fabulosa de Camille Flammarion, exposta na obra a “A Morte e o seu Mistério”, é outra que a pessoa interessada no conhecimento espírita precisa conhecer para um mínimo de entendimento sobre o mecanismo da libertação do Espírito. 
Empossado no início do ano como presidente do Centro Espírita Nosso Lar, fale-nos sobre a situação da entidade tal como a recebeu. 
Eu me candidatei a presidente, porque senti que a preocupação com a burocracia havia sobrepujado a preocupação com o amor no trato com os frequentadores do “Nosso Lar”. Foi um choque para mim descobrir que algumas pessoas não gostaram da mudança de foco a que a nova diretoria se propôs. Felizmente foram poucas, mas resistentes, o que me fez pensar se eu não havia cometido um erro ao concorrer a essa diretoria. Junto com problemas pessoais veio a descoberta de que o CENL estava com o caixa negativo. O saldo em caixa era quatro vezes menor que as contas que herdamos. Além disto, percebemos problemas nas instalações que exigiam imediata atenção, tais como exaustores, toldos, ameaça de que a casa fosse interditada por falta de adequações e outros problemas mais ou menos urgentes, mas todos de custo expressivo. No ponto máximo da minha desesperança, isso nos primeiros dez dias de janeiro, em seguida à posse, em uma manhã de domingo entrou na minha sala o Sr. Castelo, pedindo-me autorização para abrir a livraria nas manhãs e tardes de domingos. Essa era a minha preocupação naquele momento; afinal, eu precisava abrir a livraria no domingo em face da precária situação econômica e aquele irmão abençoado estava ali oferecendo-se para resolver um problema! Fiquei muito feliz e agradecido. Ao retirar-se, o Sr. Castelo disse-me que estava pedindo a Deus que me ajudasse. Uma felicidade tomou conta de mim e eu respondi, sem pensar, que Deus já estava me ajudando ao enviá-lo. Ele ficou emocionado. Depois daquela manhã tudo foi se acertando. Fiz uma campanha relâmpago para angariar fundos, a qual foi plenamente exitosa. Os sócios colocaram em dia suas mensalidades, aumentaram-se as vendas de livros, ampliou-se o número de sócios do Clube do Livro. Enfim, em janeiro o CENL já registrou mudanças abençoadas tanto no campo dos relacionamentos como na parte da estrutura física. Para incrementar o relacionamento, realizamos um seminário no carnaval, no domingo e na segunda-feira. Oferecemos apenas cem vagas, mas a frequência foi de cento e quinze pessoas, o que extrapolou em muito o êxito que esperávamos, pois nossa expectativa era de apenas cinquenta pessoas. 
Do seu programa divulgado por ocasião do processo eleitoral, que metas você considera mais urgentes? 
A meta mais urgente era a acessibilidade e a harmonização do ambiente da Casa Espírita, mas, uma vez empossado, descobri que o CENL vinha enfrentando um sério problema com relação à segurança perante o Corpo de Bombeiros, fato que ganhou prioridade absoluta diante da perspectiva de que a falta de solução do problema poderia implicar o fechamento, ainda que provisório, e consequente encerramento posterior das atividades do Centro Espírita Nosso Lar. Após muito trabalho e muitas preces, tivemos a graça de uma inspiração, e, aparentemente, o problema poderá ser solucionado com um custo muito inferior ao esperado e celeridade também maior que a prevista. Se Deus quiser já neste mês de abril estaremos voltando para nossas prioridades, a saber: a) harmonização entre todos os frequentadores e colaboradores do “Nosso Lar”; b) colocação de um elevador permitindo a todos assistirem às palestras no salão principal do CENL. 
No mês passado, o Conselho Deliberativo do “Nosso Lar” aprovou a Campanha por você apresentada com objetivo de arrecadar os recursos à concretização do seu programa de obras. Fale-nos sobre essa Campanha. 
Esta Campanha visa primordialmente auferir recursos para resolver a questão da acessibilidade e da segurança para os frequentadores do CENL. Com os recursos que serão arrecadados vamos trocar as portas de acesso ao interior do Centro Espírita Nosso Lar, uma exigência do Corpo de Bombeiros, tanto para permitir o acesso fácil de pessoas com dificuldade de locomoção, como saída rápida em caso de sinistro; também faremos rebaixamento do piso, permitindo livre circulação de cadeirantes e de pessoas com quaisquer tipos de dificuldades de locomoção. Será instalada uma plataforma elevatória que oferece o conforto de um elevador, e, para tanto, serão feitas algumas adequações necessárias no sistema de circulação do “Nosso Lar”, para que as pessoas que necessitem consigam acessar o elevador. Esses itens são decorrentes da exigência legal para permitir acessibilidade e segurança a todos que queiram assistir às palestras ministradas na Casa Espírita. A meta da Campanha é arrecadar inicialmente R$ 100.000,00. Dividimos esse valor em 500 cotas de R$ 200,00 (duzentos reais) cada uma, sendo que as pessoas interessadas poderão contribuir com quantas cotas quiserem, podendo também, se necessário, pagá-las de forma parcelada, conforme melhor lhes parecer. Todas as contribuições deverão ser feitas diretamente na Livraria do Centro Espírita Nosso Lar. 
Além das obras físicas de que o “Nosso Lar” necessita, quais novidades no tocante às atividades doutrinárias deverão ser implementadas ao longo do seu mandato? 
Acredito que começamos com o pé direito, porque logo de início fizemos um seminário durante o feriado de carnaval, com público superior ao número de vagas. Essa iniciativa, até onde me recordo, foi inédita no CENL. Iniciamos um processo de avaliação de cursos com mais de vinte questões. O primeiro teste realizamos com nossa turma do ESDE do ano de 2015 e tivemos a felicidade de perceber como as pessoas são criteriosas nas suas avaliações, permitindo-nos aproveitar as avaliações para melhorar a qualidade do estudo  para os irmãos espíritas. Além dos cursos normais de passes, entrevistas e recepção, teremos uma novidade que é a Semana da Cultura Espírita, com data prevista para os dias 16 a 22 de julho de 2016. Todas as palestras versarão sobre assuntos de interesse do espírita frequentador do Centro Espírita, tais como: mediunidade, psicografia, caridade etc. Participar do curso implicará um momento de reciclagem e renovação. Antes do início das palestras haverá a apresentação de música e teatro espírita. Outra novidade foi a criação experimental de duas alas inéditas com foco de cursos, sendo a primeira destinada aos jovens de 21 a 36 anos, visando precipuamente formar o líder jovem espírita, e mantê-lo na casa espírita nessa idade crítica para o jovem. E a segunda ala, que é composta por aposentados e espíritas com mais de 60 anos. Esta segunda pretende treinar as pessoas da melhor idade na execução de tarefas. O primeiro grupo tem sido um sucesso e os jovens já estão praticando caridade, estudando e trabalhando de modo geral pela unificação e divulgação.  
Há algo que você gostaria de acrescentar? 
Gostaria de acrescentar que não existe nenhuma forma de sermos felizes se não for através do amor, pensado, falado, vivenciado. Tanto que Jesus afirmou que somente seremos cristãos se tivermos amor pelos nossos semelhantes. 
Sua mensagem final aos espíritas do “Nosso Lar”. 
Espíritas do CENL: em primeiro lugar, quero agradecer-lhes pela confiança através da escolha da minha pessoa e também pela colaboração que tem sido ofertada por todos vocês! Ninguém pense que não é mais necessário! Todos são imprescindíveis! Voltem para o “Nosso Lar” ou, se ainda não o conhecem, venham conhecê-lo e dele participar! Sei que não é possível administrar nada sem a colaboração dos frequentadores, dos participantes de cada atividade e que é mesmo impossível trabalhar sozinho, muito especialmente em uma casa tão grande e tão complexa. Sei que todos já estão colaborando muito conosco! Peço apenas mais um pouquinho de esforço, porque o CENL vem atendendo a população de Londrina ao longo de oitenta e dois anos e merece uma reforma geral, a troca de seus equipamentos, o aumento do conforto, tanto quanto de mais espaço e mais salas. Somos milhares! Milhares podem muito! Podem tudo que realmente quiserem! Vamos sonhar e realizar! Juntos, nós podemos muito, e muito mais ainda! Peço a Jesus que abençoe a todos!
Fonte: Retirado em inteiro teor de o Consolador uma Revista de Divulgação Espírita


 







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