© Fornecido por Estadão A presidente da República,
Dilma Rousseff
BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
decidiu pedir a abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF)
contra a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
o advogado-geral da União José Eduardo Cardozo. Caso o inquérito seja
autorizado, os três serão investigados juntos, sob a acusação de tentar
obstruir as investigações da Operação Lava Jato.
Para que
a presidente seja formalmente alvo de um processo no STF, o procedimento ainda
precisa ser autorizado pelo ministro Teori Zavascki. Não há um prazo predeterminado para que isso ocorra, e o ministro pode decidir tanto sozinho
quanto levar o caso para a discussão no plenário.
No início
da noite desta terça, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, se
reuniu com o presidente do STF, Ricardo Lewandowski. O motivo não foi
divulgado. Depois da audiência, Cardozo foi ao encontro de Dilma.
Janot
pediu a investigação contra a presidente com base na delação premiada do
senador Delcídio Amaral (sem partido - MS) e do imbróglio causado pela
tentativa de Dilma indicar Lula para ministro-chefe da Casa Civil.
Para os
procuradores envolvidos no caso, a nomeação de Lula para o ministério fez parte
de um “cenário” em que foram identificadas diversas tentativas de atrapalhar as
investigações criminais da Lava Jato, que apura o esquema de corrupção na Petrobras.
Em
parecer enviado ao Supremo, Janot diz que a decisão de Dilma de transformar
Lula em ministro teve a intenção de "tumultuar" o andamento das
investigações ao tentar retirar o caso do ex-presidente das mãos do juiz Sérgio
Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância.
Esse
entendimento foi reforçado após o vazamento de conversas telefônicas entre
Dilma e Lula. Em uma delas, a presidente afirma que vai enviar o termo de posse
com antecedência para que o petista use caso seja necessário.
Em sua
delação, Delcídio também fez declarações nesse sentido. Ele citou como exemplo
uma investida do Planalto sobre o Judiciário para influir nas investigações com
a suposta indicação do ministro do Superior Tribunal de Justiça Marcelo Navarro
Ribeiro Dantas.
A decisão
de Janot de pedir uma investigação contra Dilma acontece no momento em que o
Senado se prepara para votar o pedido de impeachment da presidente. Se o
processo for aprovado pela maioria do plenário, Dilma ficará afastada do cargo
por até 180 dias e o vice, Michel Temer, assume a Presidência em seu lugar.
Dilma, no
entanto, continua com foro privilegiado até a análise final do seu processo
pelos senadores. Por isso, a competência sobre os casos que envolvem Dilma permanece
do Supremo.
No ano
passado, Janot descartou a possibilidade de investigar a presidente mesmo após
menção ao nome dela por delatores da Lava Jato. Pela Constituição, alegou o
procurador, não caberia uma investigação de presidente da República durante o
mandato por atos alheios ao período e à função de presidente.
Lula. Nesta terça, Lula foi denunciado pelo
procurador-geral da República com base na delação de Delcídio. Caso
o Supremo aceite a denúncia, o ex-presidente passará a ser oficialmente réu na
Lava Jato. Ele e outras 29 pessoas também foram incluídos no principal
inquérito proveniente da operação, conhecido como quadrilhão. Para Janot, a
organização criminosa que atuou na Petrobras "jamais poderia ter funcionado
por tantos anos e de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo
federal sem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dela
participasse".
Na segunda, o procurador-geral da República já havia enviado um pacote de pedidos de abertura de inquérito contra políticos com base na delação de Delcídio, entre eles o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Na segunda, o procurador-geral da República já havia enviado um pacote de pedidos de abertura de inquérito contra políticos com base na delação de Delcídio, entre eles o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
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