Eu respondi que
nunca tive infância. Quando
criança e, por ser o filho mais velho do
casal: José Nazário Lima e Antônia Cantanhêde, fui o cuidador dos
meus irmãos. O meu pai e a minha mãe tinham como principal atividade a
roça no toco, eram lavradores. A minha mãe exercia outras atividades sazonais, quebrava
coco babaçu e coletava e tratava de andiroba. O meu pai depois que preparava a roça, pescava camarão
de escora e também extraía madeira em toras, lavrava e serrava
com uma ferramenta que se chamava de
serrotão.
Com oito anos de idade eu ficava
em casa com a incumbência de comprar sururu no porto do Ribeirão, fazer a
comida dar para os irmãos e no final da tarde sambucar o sururu, varrer a casa e fazer o fogo. Eu me entretia no jogo de pelada que acontecia todas as tardes no terreirão de Dona Avelina que era anexo ao nosso. Essa atividade da
garotada impedia eu não cumprir com a
tarefa caseira porque eu também
participava era tão bom!
Quando a minha mãe apontava no
início do terreiro com um cofo de palha babaçu meado com
coco e mais uns paus de lenha para fazer o fogo, era que eu corria
para cumprir as tarefas. Aí, Dona
Antônia me batia até acabar a vassoura de juçara ou quebrar as galhadas que chamavam de cipó. Isso era
quase todo dia às vezes o excesso do bater fazia com que a minha avó Dona Avelina me socorresse ou então eu corria. Eu calculo
que apanhava em média três surras por dia.
A vizinhança desaprovava essa conduta excessiva da minha mãe.
Entretanto, a época determinava que
fosse assim. Filho teria que respeitar a todos
ou então apanharia, Havia um corinho: “ quem come do meu pirão apanha do
meu cinturão”. A película da minha costa
não é a mesma com a que eu nasci. Eu cresci e com 16 anos de idade eu já era um
homem de boa conduta. Ouvir o meu pai dizer várias vezes em conversa na minha casa. Ele nos finais de semana cortava cabelo para
ganhar um dinheirinho e nesse ínterim a conversa era o
entretenimento.
Quando eu ia trabalhar na roça em
terra de barro próprio para plantar arroz eu tinha ojeriza de pisar no
chão e as vezes amassava a plantação, ele batia na minha
perna com força e ia tentar equilibrar a touceira de arroz. Tempo se passou e eu me queixei
para a minha avó.
No outro dia Dona Avelina
minha protetora, conversou com a minha mãe e o meu pai e aconselhou
eles a
permitir com que eu aprendesse uma profissão para dela sobreviver. Meu pai
falou com um primo dele Maximiano era alfaiate que havia aprendido o ofício em São José de Ribamar. Depois vim para Rosário aprender a profissão de Alfaiate com o Senhor José Maria Lima que era baterista do JAZZ 4 de MARÇO, foi
Sou Zé quem pedi-o para
Velho me ensinar. Depois
eu pedi para José Serra me ensinar
ler partitura e Depois fui examinado pelo Senhor João dos Santos.
Eu cheguei em Rosário em 04 de setembro de 1964 e em 14
de setembro de 1965 casei-me com Maria Madalena Marques tivemos 05 filhos e eu tentei implantar o modelo de educar como eu fui ensinado, não deu certo! Só descobri
o equívoco quando o meu primeiro
filho já estava cursando o terceiro ano no Colégio Agrícola no Maracanã. Por tais fatos sou defensor
de que se eduque e não se destrua uma criança. Só a educação combate a violência!
Reinaldo Cantanhêde Lima - Aposentado, Sindicalista, Autodidata, Educador Alternativo e Mobilizador Social - Blog www.reinaldocantanhede.blogspot.com - Face: Reinaldo Cantanhede Lima Cantanhêde Lima
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