sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Deus sabe esperar; não apressa a expiação


 
Já vimos anteriormente que as condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências incluem – segundo a Doutrina Espírita – o arrependimento, a expiação e a reparação. O arrependimento suaviza os travos da expiação e favorece a resignação, mas somente a reparação, que consiste em fazer o bem àqueles a quem se fez o mal, pode anular o efeito, destruindo-lhe a causa. 
 
Vê-se, à vista da lição acima, que não aparece nela a palavra “prova”.
Ora, sendo a Terra um mundo de expiação e provas, que significam exatamente essas duas palavras?

Prova é o mesmo que teste. Havendo recebido o aprendizado na vida espiritual ou durante seu estágio na existência corpórea, o Espírito terá de provar que assimilou o que aprendeu. Constituem provas a riqueza e a pobreza, a beleza e a fealdade, o poder e a subalternidade, a vida difícil e a vida fácil, nascer e crescer num meio pacífico ou num meio violento, viver em uma região voltada para a paz ou viver em região conflagrada pela guerra. 
 
A prova, fácil é perceber, independe de insucessos anteriores. Obviamente, tal como ocorre nas escolas que conhecemos, se o aluno não passar na provas finais relativas ao ano 1, terá de repeti-lo, e só passará ao ano 2 quando as enfrentar e superá-las. O saudoso escritor J. Herculano Pires escreveu certa vez que as provas não vêm em nosso caminho para nos abater ou esmagar, mas para serem superadas e assimiladas.

Expiação é coisa diferente. Trata-se de uma palavra oriunda do verbo expiar, que significa remir culpa, sofrer, padecer, em consequência de um ato errado que se cometeu, seja na presente existência, seja em existências passadas. 
 
Quem matar uma pessoa valendo-se de uma espada, desta será vítima. A semeadura é livre, mas a colheita é compulsória. Quem com ferro fere com ferro será ferido. 
 
Estas são expressões fundamentadas em ensinamentos transmitidos por Jesus e que servem de exemplos de como funciona em nossa vida a conhecida lei de causa e efeito ou de ação e reação. 
 
A Terra é, e o será por bom tempo, um mundo de provas e expiações porque os Espíritos que aqui reencarnam são muito atrasados e necessitam dessas experiências.

Sobre o tema expiação, colhemos em “O Livro dos Espíritos” três ensinamentos que nos parecem fundamentais. 
 
O primeiro – constante da questão 262 – diz-nos que Deus sabe esperar e não apressa a expiação. 
 
O segundo – expresso na questão 998 – ensina-nos que a expiação se cumpre durante a existência corporal mediante as provas a que o Espírito se acha submetido e, na vida espiritual, pelos sofrimentos morais, inerentes ao estado de inferioridade do Espírito. Esses sofrimentos por que passa o indivíduo no plano espiritual é que, em muitos casos, determinam o rumo que ele decide seguir na existência corpórea seguinte.

O terceiro – certamente o mais importante – explica por que na sociedade em que vivemos as classes sofredoras são mais numerosas do que as felizes. 
 
Apresentada tal questão aos Espíritos superiores, eis o que Kardec consignou na questão 931 da obra mencionada: “Nenhuma é perfeitamente feliz e o que julgais ser a felicidade muitas vezes oculta pungentes aflições. O sofrimento está por toda parte. Entretanto, para responder ao teu pensamento, direi que as classes a que chamas sofredoras são mais numerosas, por ser a Terra lugar de expiação. Quando a houver transformado em morada do bem e de Espíritos bons, o homem deixará de ser infeliz aí e ela lhe será o paraíso terrestre”.

O pensamento equivocado de que viemos à Terra para sofrer deve, pois, ser substituído por uma outra ordem de ideias, porque não viemos ao mundo para sofrer, nem para gozar, mas sim para vencer.  
Fonte: Retirado de o Consolador uma Revista Semanal de Divulgação Espírita 


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Sofrer por uma boa causa

Alfonso Aquiló
No dia 01 de dezembro de 1955, Rosa Parks regressava a sua casa depois de sua jornada de trabalho como assistente e costureira em Montgomery, capital do Estado do Alabama, Estados Unidos. Subiu em um ônibus que percorria a Cleveland Avenue. Viu uns lugares livres no meio do ônibus e sentou-se. Eram alguns assentos que estavam livres para pessoas negras, porém que de acordo com as leis de segregação então vigentes, deviam ser cedidos aos brancos se estes não encontrassem assentos nos dez primeiros bancos, que já estavam reservados exclusivamente para eles. 

Na parada seguinte, os assentos para brancos se esgotaram e o condutor exigiu que Rosa Parks e outros três cidadãos negros se levantassem de seus lugares. Ela estava esgotada. Doíam-lhes os pés. Estava cansada de tantas horas de trabalho, porém estava sobretudo cansada de tanta injustiça social. Naquele dia pensou que aquilo não podia continuar assim, e não se moveu.
O condutor gritou:

- Não vai se levantar?
- Não - respondeu ela.
- Bom, então farei com que a arrastem.
- Pode fazê-lo - respondeu serenamente. 

Rosa foi arrastada e condenada a pagar uma multa de dez dólares, mais outros quatro dólares a título de custas judiciais. Nesse tempo, estava em vigor a doutrina de "separados, porém iguais", imposta pela Corte Suprema dos Estados Unidos em 1896, a base do famoso caso "Plessy versus Fergusson". 

A notícia da condenação de Rosa Parks correu de boca em boca por toda a cidade. A comunidade negra se uniu como uma só pessoa e organizou um boicote total contra as empresas de ônibus de Montgomery. Durante mais de um ano, aquela população de quase cem mil habitantes viu como os cidadãos negros se locomoviam pacientemente a pé, de um lado para o outro, em uma luta silenciosa contra a segregação racial. 

As empresas de ônibus arruinaram-se, já que dois terços de seus passageiros habituais eram negros. O boicote foi um êxito e o movimento pelos direitos civis se espalhou por todo país. Em 20 de dezembro de 1956, Montgomery aboliu as leis de segregação raciais no sistema de transporte. O exemplo foi imitado em outros lugares e em menos de um ano dezenas de cidades seguiram o mesmo caminho. 

Rosa Parks foi uma mulher simples que com aquele memorável ato de valor foi elevada à categoria de lenda. Naquele dia permaneceu sentada, com dignidade e valentia, com toda a força da história dos sofrimentos de sua raça pulsando em seu sangue. Seu gesto percorreu o mundo e suas palavras sempre poucas e nobres, atravessaram a sociedade da sua época. 

"Nunca pensei em ser uma heroína, eu simplesmente fiz o que era correto, segundo a minha consciência. Quero ser lembrada com uma pessoa que se levantou contra a injustiça, que quis um mundo melhor para os jovens. Uma mulher que quis ser livre e que quis que outros fossem livres". 

Era uma mulher culta, estudiosa, que tinha uma estranha serenidade ante os acontecimentos, com esse poder e essa dignidade tão necessários para defender a verdade sem violência. Recebeu numerosas homenagens de gente poderosa e teve que sofrer muito, porém foi valente e não se amedrontou. 

Começou sozinha, mas foi a catalisadora de uma grande mudança. 

Atuou sem acalentar o rancor ou a revanche e nunca se permitiu ser humilhada nem odiar. Sua figura tem servido a muitos como inspiração para lutar pelo que é justo, para atrever-se a mostrar a cara, quando, sem dúvida, é mais fácil deixar as coisas como estão.

Porque é difícil conseguir que as coisas melhorem sem aceitar que esse empenho supõe, quase sempre, sofrer e fazer sofrer, ao menos inicialmente. 

O mundo melhora quando as pessoas apostam em causas que valem a pena e, sobretudo, quando não as iludem para evitar-se assim o correspondente sofrimento.
Rosa Parks 1913-2005
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Fonte: Alfonso Aquiló, "Sofrer por uma boa causa" - Revista Fazer Família nº 164, X.7
Site: Aldeia
Publicado no Portal da Família em 17/11/2012
 
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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

USE promove discussão sobre os resultados do Censo 2010

Os números divulgados pelo IBGE apontam excepcional crescimento do contingente espírita entre 2000 e 2010 

Quem somos? Quantos somos? Onde estamos? O que o contingente espírita paulista representa no meio espírita nacional? Estas e outras perguntas foram respondidas em oficina realizada pela USE Regional São Paulo, ocorrida em 17 de novembro de 2012. Com o título “Censo IBGE 2010: desafios e oportunidade para a difusão do Espiritismo em São Paulo”, a iniciativa foi coordenada por Jeferson Betarello (membro da USE Regional SP, escritor e Mestre em Ciências das Religiões pela PUC SP) e contou com a presença de lideranças da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, dos presidentes da USE Regional paulista, USE Carapicuíba, USE Casa Verde, USE Cotia, USE Guarulhos, USE Lapa, USE Pinheiros, USE Tatuapé, USE Vila Maria e dos pesquisadores Felipe Gonçalves e Ivan Franzolim.
Na primeira parte da Oficina os participantes foram convidados a dialogarem sobre a necessidade de conhecermos o público frequentador das Casas Espíritas, essencial para traçarmos o rumo de cada instituição. Foi abordada, ainda nesta primeira parte, a necessidade da liderança espírita estar atenta para a mensagem que é passada ao público através da fala e, também, da postura enquanto dirigentes espíritas.

Encerrando a primeira parte da oficina, Betarello fez uso de textos extraídos da Revista Espírita, de autoria de Allan Kardec, para demonstrar a orientação do Codificador quanto à necessidade de quantificarmos e qualificarmos os adeptos do Espiritismo. Houve intensa participação de todos os presentes que demonstraram preocupação com mudanças e informações que levem ao aprimoramento das tarefas executadas em prol do Espiritismo. 

Números do crescimento espírita 

A segunda etapa baseou-se em análise dos dados extraídos do Censo IBGE 2010, cujos resultados foram divulgados em 2012. Por meio de planilhas e mapas, o facilitador demonstrou que o contingente espírita foi o que mais cresceu nos últimos anos dentre os contingentes religiosos do Brasil, porém continua maior a concentração de adeptos nos grandes centros urbanos, especialmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Em todo o território nacional a população cresceu 12%, enquanto os espíritas cresceram 70%. No estado de São Paulo, enquanto a população teve crescimento de 11%, o número de espíritas foi ampliado em 74%. Já na cidade de São Paulo o contingente espírita teve um aumento de 85,6% em uma década, saltando de 286.600 pessoas (2,75% da população) para 531.822 (4,73% da população). Apenas para comparação do significado desses números, os espíritas têm hoje, na capital paulista, um número de adeptos tão grande quanto a maior igreja evangélica do país.

A meu ver, devem ser criadas estratégias para divulgar e utilizar essas 
Sidnei Batista, membro da Diretoria Executiva da USE Estadual
Felipe Gonçalves, pesquisador espírta,
e Adonay Fernandes
Jeferson Betarello, coordenador da
Oficina, e Ivan Franzolim
O livro Unir para Difundir - o impacto das federativas no crescimento do Espiritismo
foi muito procurado pelos presentes
Público durante o intervalo
informações, permitindo que as lideranças espíritas possam atuar de forma planejada no sentido de manter o crescimento com qualidade e também fazer com que haja um aumento mais consistente em termos presença espírita em todo o território paulista”, opina Jeferson, que demonstrou grande satisfação com a presença de líderes interessados na exposição e com a manifestação das USE Regional e Estadual São Paulo no sentido de levar adiante ações que permitam a divulgação destas informações visando melhorar a gestão do espaço territorial ocupado pelos órgãos de unificação da Capital e do interior paulista.

Neste sentido já foram agendadas reuniões para dar sequência na divulgação e utilização das informações utilizadas ao longo da Oficina, a primeira delas para 16 de fevereiro de 2013. Além disso, o material elaborado pelo pesquisador Jeferson Betarello (com os dados aqui mencionados e muito mais) pode ser solicitado pelo e-mail contato@useregionalsp.com.br
Reflexões importantes 

Como podemos notar, o estudo aprofundado dos dados gerados por uma pesquisa nacional traz números extremamente positivos para a Doutrina Espírita, bem como nos leva a reflexões importantes. A primeira delas é o fato de que ser espírita é uma decisão íntima, que vai além de ir regularmente a uma reunião Casa Espírita e tomar passe. Ser espírita significa ter conhecimento mínimo da Doutrina Espírita, segundo a base deixada por Allan Kardec, buscando a sua prática e dando sua colaboração para que ela cresça e chegue a todos os que a buscam. Dessa forma, o número contabilizado pelo Censo (atualmente 3.848.876 em todo território nacional) não parece ser inferior ao que temos, de fato, dentro do movimento espírita.

Outro ponto significativo é o crescimento do número de pessoas que se declaram “sem religião”. Muitas dessas pessoas, provavelmente, optam por esse caminho por estarem em busca de uma fé raciocinada como o Espiritismo, que possui aspectos científico, filosófico e moral (ou religioso). Abrir mão de um deles ou dar maior ênfase a um é diminuir a grandiosidade da mensagem espírita e restringir o acesso do público às informações que poderão modificar sua forma de viver. Muitos justificam essa atitude com a afirmação de que o público só quer ouvir determinada parte doutrinária ou, ainda, que as pessoas da Casa não têm condições de entendimento de temas considerados mais profundos.

No primeiro caso, cremos que o Dirigente tem o dever de divulgação da Doutrina e ele deve ser mantido acima de tudo. Quanto ao segundo, todo tema pode ser compreendido pelas pessoas que vão à Casa Espírita, desde que os trabalhadores se preparem adequadamente para que a mensagem possa ser captada por todas as pessoas, independente de grau de instrução ou idade.

Em outras palavras, as lideranças devem se preparar para a execução de sua tarefa de divulgação doutrinária e para isso o estudo - e a reflexão - das obras básicas é imprescindível, assim como a troca de experiências e a utilização de dados seguros, como os fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que devem ser analisados e utilizados no planejamento de ações estratégias que beneficiem o crescimento qualitativo no Espiritismo no Brasil. 

Fonte: o Consolador uma Revista Semanal de Divulgação Espírira


terça-feira, 27 de novembro de 2012

Filhos apátridas Pai ausente: filho sem pátria

Dr. André Gonçalves Fernandes
André Gonçalves Fernandes
Não tenho a menor dúvida de que, boa parte dos problemas que os filhos enfrentam em casa, na escola ou na sociedade são, em grande parte, reflexo da síndrome que toma conta dos processos de direito de família (e mesmo da infância e juventude): a síndrome do pai ausente.

Analisando os estudos psicossociais que são juntados nos autos dos processos de família, a síndrome do pai ausente poderia ser definida a partir de duas posições bem diversas. Pela perspectiva do filho varão, que sofre o efeito dessa falta, e pela do pai que a causa, ainda que também sofra as consequências dessa privação.

Pelo primeiro ângulo, a síndrome compreende um rol de privações afetivas, cognitivas, físicas e espirituais que sobrevivem ao filho como consequência do vazio que existe nas relações entre o pai e o filho varão. Mas não é o foco aqui buscado.

Pelo segundo, analisando alguns exemplos vistos nos processos ou nas audiências de instrução em matéria de família, a ausência do pai significa sua falta de empenho na educação do filho varão, qualquer que seja o tempo presencial no lar familiar, por “amor” demasiado ao ócio ou mesmo ao trabalho profissional.

Pai ausente também corresponde àquela figura paterna que, embora divida o mesmo teto do filho varão, oscila num comportamento apropriado à sua condição. Nesse caso, há muitos exemplos na sociedade atual. Pai que se veste como o filho varão, pai que fala como o filho varão e pai que participa ativamente das baladas do filho varão. Em suma, há vários tipos, mas todos têm um lugar-comum: a caricatura de pai, formada pelo vazio na relação paterno-filial.

Pai ausente é também o pai que virou uma espécie de espectro caseiro, dado o escasso tempo que passa em casa ou pelo abandono de seus deveres familiares, quando não se vale de evasivas ou, passivamente, assiste a esposa fazendo o que lhe devia.

Pai ausente também é aquele pai não realiza os valores tipicamente masculinos ou mesmo os rechaça, quando não acomoda sua conduta conforme os valores femininos requeridos pela esposa. Em casos mais extremos, transforma-se numa figura feminilizada, tal é o grau de adoção de hábitos típicos das mulheres.

Pai ausente também é o pai que cria uma redoma incomunicável quando está presente em casa, é incapaz de mostrar aos filhos manifestações naturais de afeto, encouraça-se nas estritas exigências de rendimento escolar e competitividade profissional ou, em casos extremos, sobrepõe-se pelo estéril despotismo viril.

Também é pai ausente o pai que desnaturaliza seu
comportamento propositadamente e por completo, a fim de ser quisto pelo filho varão. Nesse caso, reprime sua personalidade e frustra a possibilidade de identidade do filho, pois impede o fato de poder ser imitado no lar.

Esses e outros exemplos tirados de minha experiência profissional, como magistrado na área de direito de família, demonstram que tais pais não têm nada para oferecer ao filho varão e, em todo caso, oferecem uma masculinidade desvertebrada, multiplicando e estendendo uma série de modelos úteis apenas para o desamparo filial, já que nenhum deles consegue transmitir uma imagem positiva de virilidade, pela qual espera e precisa o filho varão.

O pai que falta em casa gera filho falto de pai. Diante da figura ausente do pai, o filho vai buscar um substituto. Surge a imagem indireta da paternidade. O filho apátrida vai buscar o modelo paterno numa figura masculina frequente em sua vida: o tio, o professor, o avô e mesmo a mãe que, por melhores que sejam, não transmitem uma identidade paterna consolidada.

Inconscientemente, tais figuras substitutas são heróis varonis provisórios, pois apenas lhe oferecem um apoio transitório muitas vezes ambíguo e sempre circunstancial, já que serviram de somente de bálsamo para aliviar a dolorosa ferida gerada pela revelia paterna, para a qual a melhor solução seria a cura. Uma cura que passa pela figura de um pai presente: um pai que devolva o filho varão à sua verdadeira pátria filial. Com respeito à divergência, é o que penso.

Veja os artigos da série Filhos apátridas:
A figura ausente do pai
Pai ausente: filho sem pátria
Pai ausente: desintegração familiar
Pai ausente: despedida imotivada
Pai ausente: mudança de papéis
Pai ausente: masculinidade em declínio



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André Gonçalves Fernandes, nascido em 1974, é Juiz de Direito da 2ª Vara Cível e de Família da Comarca de Sumaré/SP. Graduado, no ensino fundamental e médio, pelo Colégio Visconde de Porto Seguro em 1991. Bacharel e Mestre em Direito pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em 1996 e 1999. Atua como magistrado desde 1997. Articulista do Correio Popular de Campinas e da Escola Paulista da Magistratura desde 2002. É membro da Comissão de Bioética da Arquidiocese de Campinas/SP desde 2008 e professor do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS) desde 2011. Mestrando em Filosofia e História da Educação pela Universidade de Campinas desde 2012. Fala inglês, francês, italiano e alemão. Casado e pai de 4 filhos. É torcedor do São Paulo Futebol Clube.
Publicado no Portal da Família em 11/11/2012
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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Oferecimento: Wersus Interactive! Posts Autor Denuncie “Choque de gestão” pode resultar em demissão em massa na capital


A imprensa local tem noticiado todos os dias que o prefeito eleito, Edivaldo Holanda Júnior (PTC),  pretende contratar uma empresa que fez o “choque de gestão”, logo no início do governo Aécio Neves (PSDB), em Minas Gerais.
O prefeito eleito, Edivaldo Holanda Júnior.
O prefeito eleito, Edivaldo Holanda Júnior.
E mais: que alguns técnicos que ainda trabalham para o atual governo mineiro seriam convidados para assumir pastas ou cargos importantes a partir de 2013 na futura administração ludovicense.

Se o tal “choque de gestão” for implantado pelo prefeito eleito, os servidores municipais, notadamente aqueles que não têm estabilidade, podem colocar as barbas de molho. Vem aí demissão em massa.

A empresa Marcoplan, que trabalhou na administração Aécio Neves, anunciada pela imprensa da capital como a contratada por Edivaldo Holanda Júnior, fez um “choque de gestão” em Minas, que resultou no corte de gratificações, consequentemente reduções de salários, inclusive o do governador mineiro, e a chamada eliminação da gordura na folha de pagamento.

A Prefeitura de São Luís, como é do conhecimento de todos, tem uma folha enorme, herdada pelo atual prefeito João Castelo, vitaminada um pouco mais por ele próprio. São 12 mil serviços prestados e um número excessivo de cargos em comissão.

Para que se tenha ideia do tamanho do inchaço, existem cargos em comissão com número limitado desde a sua criação, mas irresponsavelmente inchado a cada gestão, sem contar as gratificações absurdas de alguns mais protegidos.

Mas voltando ao assunto das demissões em massa e na redução dos salários, resta saber se o prefeito eleito vai tirar a gordura do seu próximo salário de R$ 25 mil, o segundo maior do país, superior aos das capitais de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre.

Se as demissões em massa forem efetivadas logo no primeiro instante de seu governo, terá ele esquecido da promessa de que não haveria necessidade de demitir ninguém? E como ficarão essas pessoas que serão jogadas no olho da rua, logo no início do ano, sem a menor perspectiva de novo emprego?
Se for para fazer “choque de gestão”, o futuro prefeito teve fechar as torneiras para evitar que o dinheiro fácil desça pelos ralos da corrupção, um dos maiores males de qualquer administração que desvia recursos às vezes bem superior que a folha de míseros salários mínimos .

Para fazer uma gestão decente e que não comprometa a aplicação dos parcos recursos da municipalidade, basta que se evite contratos superfaturados com empresa locais ou de fora.

E se quer mesmo praticar uma gestão moderna e capacitada que contrate, sim, consultorias para elaborar projetos viáveis e buscar recursos nas esferas federal e estadual e fazer o que é necessário para a cidade.
Fonte: Reproduzido do Blog de Luis Cardoso

Filhos apátridas: A figura ausente do pai

André Gonçalves Fernandes
André Gonçalves Fernandes
Com anos e anos de trabalho em matéria de direito de família, pude notar uma série de transformações em seu conteúdo, nuances naturais antes pouco valorizadas e agora incorporadas pelas leis, mudança do sentido e do alcance da noção de família entre outras novidades.

Contudo, uma delas causa-me um certo espanto, não só pelo problema em si, mas pelos efeitos nefastos que estão tomando uma dimensão crescente na sociedade: a ausência do pai na educação familiar, pano de fundo das inúmeras ações de família julgadas diariamente, com doses cada vez maiores de psicologia familiar.

A ausência do pai na educação familiar sempre foi uma tradição. Hoje, a falta do pai virou desterro: ele foi expulso do âmbito familiar e esta carência, que não se resume à ausência física, adentra em outros setores que resultam irrenunciáveis para a formação dos filhos. Cada relatório psicossocial que leio num processo é sempre uma desventura e a decisão do juiz acaba por ser uma espécie de política familiar de redução de danos ao caso concreto.

Hoje, a falta do pai é, além de física, sobretudo emotiva, cognitiva e espiritual. Tais privações influem em todos os filhos, mas as consequências repercutem mais nos filhos varões, tônica de nossas linhas. O eclipse da paternidade gera uma relação mais empobrecida entre pai e filho, pois a vida de ambos não mais se compartilha e, logo, não há convivência. A figura paterna tem uma dívida de responsabilidade familiar.

A mãe, até alguns anos atrás, era considerada a principal educadora da prole, por uma série de razões que fogem de nosso foco, mas que levavam em conta certas peculiaridades e características psicológicas diferenciadas em razão de sua identidade sexual.
Assim, entendia-se que a educação da prole era uma tarefa tipicamente feminina, por ter mais conta o concreto e os detalhes e em virtude de seu instinto maternal, realismo e especial sensibilidade à unidade de vida que se manifesta nos filhos.

Por outro lado, a revelia paterna justificava-se pela incapacidade do pai em ter aquelas qualidades maternas, agravado pela exacerbada competitividade profissional e pelo natural tendência à abstração. Logo, sua imagem era pouco útil para a educação do filho varão.

Não conheço qualquer resultado empírico que sustente tremenda bobagem: o filho precisa integrar ambos os mundos – paterno e materno – para, depois, na maturidade, assumir e responder adequadamente às complexas contradições que estamos expostos socialmente. Pais e mães têm parecidas habilidades educativas, matizadas por um rico contraste, mas sem que tais matizes justifiquem a exclusão de um ou de outro.

O filho varão precisa se relacionar com ambos, de maneira isolada e conjunta, pois nenhum substitui completamente o outro. O balanço que daí decorre é importante para a educação do filho varão, donde surge a necessidade de um equilíbrio quantitativo e qualitativo nas maneiras pelas quais pai e mãe relacionam-se com os filhos em seus respectivos papéis pedagógicos.

A ausência do pai na educação do filho varão é um fato injustificado cientificamente e de nefastos efeitos não somente para ele, mas com reflexos prejudiciais para a sociedade também. O problema desta ausência, no contexto educativo familiar, é uma questão que, por atingir o próprio núcleo da formação do filho e de sua identidade pessoal, assume uma envergadura irrenunciável.

Seguramente, a maioria está de acordo com a gravidade deste problema, que afeta a todos nós e, mais especialmente, aqueles que se ocupam como pais, psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais e educadores, na tarefa de zelar pela formação das futuras gerações. As soluções divergem num sentido ou noutro.

Vamos aprofundar esse problema e eventuais saídas nos próximos artigos. Entretanto, aqui, não haverá espaço para a retórica progressista, porque sua “beleza” está justamente no fato de que todos sabemos como ela começa e ninguém sabe como ela termina. Com respeito à divergência, é o que penso.
Veja os artigos da série Filhos apátridas:

A figura ausente do pai
Pai ausente: filho sem pátria
Pai ausente: desintegração familiar
Pai ausente: despedida imotivada
Pai ausente: mudança de papéis
Pai ausente: masculinidade em declínio


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André Gonçalves Fernandes, nascido em 1974, é Juiz de Direito da 2ª Vara Cível e de Família da Comarca de Sumaré/SP. Graduado, no ensino fundamental e médio, pelo Colégio Visconde de Porto Seguro em 1991. Bacharel e Mestre em Direito pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em 1996 e 1999. Atua como magistrado desde 1997. Articulista do Correio Popular de Campinas e da Escola Paulista da Magistratura desde 2002. É membro da Comissão de Bioética da Arquidiocese de Campinas/SP desde 2008 e professor do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS) desde 2011. Mestrando em Filosofia e História da Educação pela Universidade de Campinas desde 2012. Fala inglês, francês, italiano e alemão. Casado e pai de 4 filhos. É torcedor do São Paulo Futebol Clube.
Publicado no Portal da Família em 11/11/2012

domingo, 25 de novembro de 2012

“O fator que nos une é a luta pelo ideal espírita”


 
O confrade paulista, presidente do Centro Espírita Luz e
Verdade, de Marília-SP, fala sobre o intenso trabalho
realizado pela instituição
 
 
 
Cezar Augusto Sad (foto)  nasceu e reside em Marília-SP, onde preside o Centro Espírita Luz e Verdade. Espírita de infância, engenheiro elétrico e empresário, Cezar fala-nos nesta entrevista sobre a instituição que preside, a qual realiza diariamente intensa atividade em favor da promoção humana e da divulgação espírita.

Cezar Augusto Sad:       Quando foi fundado o “Luz e Verdade” e por quem?
 
Ele foi fundado em 8 de setembro de 1936 por um grupo de amigos, sendo seu primeiro Presidente o Sr. Manoel Alves Sobrinho.
 
Qual o principal perfil da instituição?
 
Estudo e divulgação da Doutrina Espírita.
 
Como é o esquema de uma instituição com 86 atividades semanais, de domingo a domingo, em termos de voluntários, horários e atividades?
 
Iniciamos todos os dias com a prece matinal às 6h30 e, durante a semana, à noite, diariamente temos palestras e passes no salão principal, enquanto nas outras salas menores distribuímos as atividades entre cursos de iniciação à doutrina, grupos de estudos diários de O Livro dos Espíritos, O Evangelho segundo o Espiritismo e O Livro dos Médiuns, bem como grupos de estudo do ESDE, Atendimento fraterno e grupos de reuniões mediúnicas. Aos domingos, temos alguns grupos de estudo, palestras e orientações para as famílias carentes, às quais servimos todos os domingos o café da manhã e uma sopa, que as pessoas levam para casa, bem como um curso de cabeleireiro e uma cesta básica mensal. Nos domingos, temos ainda a escolinha de evangelização com quatro faixas etárias, a Pré-Mocidade e a Mocidade.
 
Com uma variedade tão grande de atividades, como é a equipe?
 
A equipe é distribuída entre vários colaboradores, sendo que em cada grupo de estudos ou trabalho temos um dirigente e mais três substitutos que ajudam na coordenação. Mensalmente nos reunimos para firmar propósitos e trocarmos ideias sobre os trabalhos e discutirmos novas propostas.
 
Em sua opinião, qual o fator que propiciou essa união que se nota no cotidiano da instituição?
 
Creio que seja a luta pelo ideal espírita.
 
A instituição atua também fora da sede com núcleos em outras regiões da cidade?
 
Ainda não temos trabalhos externos.
 
Nas modernas e confortáveis instalações de que dispõe, qual é a principal fonte de recursos financeiros da instituição?
 
Mensalmente realizamos uma promoção na área de alimento, como as tradicionais pizzas e lasanha. Temos também uma livraria na linha de obras espíritas e, em conjunto, funciona o Clube do Livro Espírita. A instituição conta também com um quadro de sócios mantenedores.
 
Com um público bem numeroso, nota-se boa frequência de jovens, na faixa entre 18 e 25 anos. Essa faixa etária também atua na instituição?
 
Sim. Temos a preocupação de, sempre que possível, envolver a todos, jovens ou idosos, em várias tarefas de forma a abrir espaço para o envolvimento mais responsável com as atividades, inclusive para cargos na própria diretoria da casa.
 
Quantos grupos mediúnicos funcionam?
 
Hoje temos dezoito grupos de reuniões mediúnicas, entre as de iniciação, de doutrinação, de psicografia e de desobsessão.
 
De que forma a instituição divulga o Espiritismo na cidade?
 
Através do próprio trabalho, bastante conhecido e respeitado.
 
Quantas casas espíritas há em Marília? A instituição mantém relação com elas?
 
Em Marília existem 22 casas Espíritas, e temos uma ótima relação com todas elas, tanto quanto com outras casas espíritas da região.


Fonte: O Consolador uma Revista semanal de divulgação Espírita

 

sábado, 24 de novembro de 2012

Amar a si mesmo - Quem não se ama, não ama seu próximo?


 
Gostaria de propor uma reflexão em torno desse pensamento budista que é interpretado equivocadamente no meu entender e tão divulgado no meio espírita nos dias de hoje. 

É bem verdade que pela lógica “quem se ama deseja se melhorar”, e que esse pensamento é utilizado com o objetivo nobre de estimular as pessoas a intensificarem a sua reforma com positivismo, sem o qual dificultaria a recuperação de quedas e imperfeições morais que ocorrem naturalmente com os Espíritos em evolução no estágio em que nos encontramos, e também que o autoperdão é uma ferramenta imprescindível para reforma íntima, mas, analisando essa colocação da forma que é pronunciada, entendemos por que encontramos tanta distorção na má interpretação desse ensinamento tão profundo. 

Vamos analisar esse raciocínio filosófico para fazer um parâmetro entre os dois extremos. Segundo o meu entender, o desejo de se melhorar e o amor próprio já se encontram contidos em todos os seres, naturalmente, pelas leis de conservação (L.E. 703, 719 e 727) e de progresso (L.E. 776, 779, 781 e 783). Analisemos as crianças, por exemplo, por mais puras e dóceis que possam ser, já trazem em si o gérmen do egoísmo na forma de amor próprio, embutido na sua personalidade em formação, querendo mais para si (inclusive em jogos, competições, comidas, atenções etc.), claro que dentro das suas variações individuais. 

É a predominância do “egoísmo” pela influência do mundo material e a força da personalidade na Terra; é esse quem queremos desmascarar e combater, pois na maioria das vezes ele se apresenta de uma forma oculta, “natural”, o que dificulta potencialmente o seu combate.  

O indivíduo que está no “caminho errado”, por exemplo, também se ama da sua forma, pela lei de afinidade ao que faz, só não compreende o que é melhor para si mesmo; acredita que o que está fazendo é o melhor para si; o dependente químico no fundo acredita que o uso de drogas é o que ele deve fazer naquele momento; o masoquista acha que sentir dores é bom para si mesmo, sente afinidade com isso; até mesmo o depressivo ou o suicida dentro do seu íntimo acha que está fazendo o que é certo. 

Existe um fundo de egoísmo em todos esses males; necessitam, sim, mudar o conceito do que é melhor para si, mudar a forma de entender as coisas, trabalhar suas afinidades, e o pensamento de se amar torna-se bastante distante nesse estágio, podendo inclusive estimular o egoísmo, que foi o princípio de suas quedas, devendo ser trabalhado primeiramente o conceito do que é bom para si próprio com desprendimento das coisas, inclusive de si mesmo. 

Por outro prisma, aquele que já possui certa elevação e segue os ensinamentos do Cristo necessita pensar diferente, pois a pronúncia “Amar a si mesmo”, por si só, nos leva a deslizar para os despenhadeiros do narcisismo. Essa má interpretação vem causando muita confusão entre os espíritas, portanto, acredito que esse pensamento deva ser estudado e substituído pelo desprendimento de si mesmo, pela obra do Cristo. “Quem ama a Deus deseja se sacrificar em prol dos seus semelhantes” – esta sim é a verdadeira garantia de melhora, porque todo cristão que se apaga para fazer crescer seu irmão encontra nisso o verdadeiro conforto, e o apoio da espiritualidade superior. Aí está a verdadeira felicidade, que só os Espíritos mais elevados conseguem sentir e entender, por ser essa a lei de Deus “Amar o Próximo”. E nunca, em hipótese alguma, o Cristo ou qualquer emissário da sua falange mencionou que o nosso próximo mais próximo somos nós mesmos; quem acredita nisso realmente denota que não assimilou as lições do Mestre Jesus, por ser justamente o contrário que ele demonstrou e ensinou – o amar ao próximo como a si mesmo, com desprendimento de si e abnegação, que quer dizer: renúncia da própria vontade, desapego do interesse próprio. 

É compreensível que encontremos vários de nossos irmãos com a autoestima muito baixa, e precisam se melhorar para serem mais felizes, porém, o que quero dizer é que isso pode não estar relacionado diretamente com o “amar o próximo”. Conhecemos muitas pessoas nessas condições, que cumprem muito bem o seu papel com o semelhante. Por outro lado, veremos pessoas com a sua autoestima bem alta, esquecendo-se do seu próximo. 

Pelo Espiritismo, sabemos que as maiores chagas da humanidade são: o Egoísmo e o Orgulho, e esse pensamento (amar a si mesmo) analisado minuciosamente nos leva a encontrar o princípio desses vícios morais camuflados na má interpretação do “amar o próximo como a si mesmo”. 

Ora, como a si mesmo, porque está inato na criatura pela lei de preservação o amor próprio. É natural do ser; qualquer criatura, até as irracionais, prefere ser bem tratada, inclusive, indiferentemente de sua autoestima alta ou baixa.  

A tentativa de se aumentar essa tendência natural nos leva a certo exagero e consequentemente para um possível desequilíbrio, o que pode criar barreiras psicológicas que atrapalham nossa reforma íntima, como a amenização de defeitos, por exemplo; o avarento se crê simplesmente econômico, o orgulhoso se acha virtuoso, de personalidade forte, por causa do excesso de zelo para consigo mesmo.  

Amar o próximo como a si mesmo, a meu ver, quer dizer pura e simplesmente que devemos tratar o nosso próximo como gostaríamos de ser tratados por ele, ou seja, fazer o máximo pelo nosso semelhante, assim como quereríamos que fizessem conosco, e não que devemos nos amar primeiramente para poder amar o próximo. Devemos, sim, amar a Deus acima de tudo, para poder amar o nosso próximo. 

Outra frase muito usada para justificar esse pensamento é o “conhecimento de si mesmo”, que de nenhuma forma quer dizer que nos conhecendo vamos nos amar e amar o próximo. Não é isso. Temos que nos conhecer, sim, mas, principalmente, conhecer nossos defeitos e nossas imperfeições, pois é esse o melhor meio para combatê-las. 

Vejamos alguns exemplos citados por Espíritos superiores; extraídos de O Evangelho segundo o Espiritismo: 
Cap. X – A indulgência – item 16 e 18 
Sede, pois, severos para convosco, indulgentes para com os outros.
(José, Espírito Protetor, Bordéus 1863.) 
Caros amigos, sede severos para convosco, indulgentes para com as fraquezas dos outros. (...) Por que, pois, haveis de mostrar-vos tão clarividentes com relação ao próximo e tão cegos com relação a vós mesmos?
(Dufêtre, Bispo de Neves, Bordéus.) 
Todo aquele que se eleva será rebaixado, e todo aquele que se rebaixa será elevado.
Lucas XIV, v.7-11. 
Aquele que quiser tornar-se o maior, seja o vosso servidor.
Mateus XX, v.20-29. 
Todo aquele que se humilhar e se tornar pequeno como esta criança, será o maior no reino dos céus.
Mateus XVIII, v.1-5. 
Não dá para tentar ser o menor entre os homens e indulgente com seu semelhante amando-se primeiro para depois amar aos outros. 
Cap. XVII – O dever – parágrafo 4 
O homem que cumpre o seu dever ama a Deus mais do que as criaturas, e ama as criaturas mais do que a si mesmo.
(Lázaro, Paris 1863.) 
Cap. XVII – A virtude 
Todos esses homens de bem (São Vicente de Paulo, Cura D´Ars e muitos outros) ignoravam que fossem virtuosos; deixavam-se ir ao sabor de suas santas inspirações e praticavam o bem com desinteresse completo e inteiro esquecimento de si mesmos.
(François-Nicolas-Madeleine, Paris, 1863.) 
Amar as criaturas mais que a si mesmo – como diz Lázaro – e ter um inteiro esquecimento de si mesmo – como está dizendo François – é completamente antagônico ao Amar primeiro a si mesmo para depois amar o próximo. 
Cap. XVII – O Homem de Bem  
Possuído de sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem (...) e sacrifica sempre seus interesses à justiça.  (...) Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. 
Cap. VProvas voluntárias. O verdadeiro cilício – parágrafo 4 
Se suportardes o frio e a fome para aquecer e alimentar alguém que precise ser aquecido e alimentado e se o vosso corpo disso se ressente, fazeis um sacrifício que Deus abençoa. (...) Vós, enfim, que despendeis a vossa saúde na prática das boas obras, tendes em tudo isso o vosso cilício, verdadeiro e abençoado cilício. (Um anjo guardião, Paris, 1863.) 
(O presente artigo será concluído na próxima edição desta revista.) 

  Fonte: Retirado de o Consolador uma Revista Semanal de Divulgação Espírita