domingo, 29 de novembro de 2015

O ESPIRITISMO NOS PEDE UMA ESPÉCIE PERMANENTE DE CARIDADE: SUA PRÓPRIA DIVULGAÇÃO


É bem conhecida a observação feita por Jesus de que não devemos colocar a candeia debaixo do alqueire.
Certa vez, antes de uma palestra sobre esse tema, presentes muitas pessoas de instrução mediana, o orador procedeu a uma ligeira enquete e descobriu que a maioria das pessoas que ali se encontravam não sabia o significado da palavra candeia(1) e menos ainda da palavra alqueire(2). O desconhecimento é, no caso, perfeitamente justificável, porque são palavras que as pessoas raramente utilizam e poucos palestrantes têm o cuidado de explicá-las.
A frase dita por Jesus nós a encontramos no seguinte trecho do Evangelho segundo Mateus, que faz parte do conhecido Sermão da Montanha:
“Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” (Mateus, 5:14-16.)
Comentando o tema, Allan Kardec inseriu em sua obra duas informações que vale a pena destacar, dada a sua importância:
O poder de Deus se manifesta nas mais pequeninas coisas, como nas maiores. Ele não põe a luz debaixo do alqueire, por isso que a derrama em ondas por toda a parte, de tal sorte que só cegos não a veem. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VII, item 9.)
Dá-se com os homens, em geral, o que se dá em particular com os indivíduos. As gerações têm sua infância, sua juventude e sua maturidade. Cada coisa tem de vir na época própria; a semente lançada à terra, fora da estação, não germina. Mas, o que a prudência manda calar, momentaneamente, cedo ou tarde será descoberto, porque, chegados a certo grau de desenvolvimento, os homens procuram por si mesmos a luz viva; pesa-lhes a obscuridade. Tendo-lhes Deus outorgado a inteligência para compreenderem e se guiarem por entre as coisas da Terra e do céu, eles tratam de raciocinar sobre sua fé. É então que não se deve pôr a candeia debaixo do alqueire, visto que, sem a luz da razão, desfalece a fé. (Obra citada, cap. XXIV, item 4.)
O tema diz respeito, como é fácil compreender, à necessidade de divulgação das verdades que, ensinadas por Jesus ou pelo Espiritismo, podem concorrer para o aprimoramento moral das pessoas e, por consequência, do mundo em que vivemos.
Num texto intitulado “Socorro oportuno”, psicografado por Francisco Cândido Xavier e constante do livro Estude e Viva, Emmanuel referiu-se de modo explícito ao assunto:
“Sensibiliza-te diante do irmão positivamente obsidiado e esmera-te em ofertar-lhe o esclarecimento salvador com que a Doutrina Espírita te favorece.
Bendito seja o impulso que te leva a socorrer semelhante doente da alma; entretanto, reflete nos outros, os que se encontram nas últimas trincheiras da resistência ao desequilíbrio espiritual.
Por um alienado que se candidata às terapias do manicômio, centenas de fronteiriços da obsessão renteiam contigo na experiência cotidiana. Desambientados num mundo que ainda não dispõe de recursos que lhes aliviem o íntimo atormentado, esperam por algo que lhes pacifiquem as energias, à maneira de viajores tresmalhados nas trevas, suspirando por um raio de luz... Marchavam resguardados na honestidade e viram-se lesados a golpes de crueldade, mascarada de inteligência; abraçaram tarefas edificantes e foram espancados pela injúria, acusados de faltas que jamais seriam capazes de cometer; entregaram-se, tranquilos, a compromissos que supuseram inconspurcáveis e acabaram espezinhados nos sonhos mais puros; edificaram o lar, como sendo um caminho de elevação, e reconheceram-se, dentro dele, à feição de prisioneiros sem esperança; criaram filhos, investindo em casa toda a sua riqueza de ideal e ternura, na expectativa de encontrarem companheiros abençoados para a velhice, e acharam-se relegados a extremo abandono; saíram da juventude, plenos de aspirações renovadoras e toparam enfermidades que lhes atenazam a vida... E, com eles, os que se acusam desajustados, temos ainda os que vieram do berço em aflição e penúria, os que se emaranharam em labirintos de tédio, por demasia de conforto, os que esmorecem nas responsabilidades que esposaram e os que carregam no corpo dolorosas inibições...
Lembra-te deles, os quase loucos de sofrimento, e trabalha para que a Doutrina Espírita lhes estenda socorro oportuno. Para isso, estudemos Allan Kardec, ao clarão da mensagem de Jesus Cristo, e, seja no exemplo ou na atitude, na ação ou na palavra, recordemos que o Espiritismo nos solicita uma espécie permanente de caridade – a caridade da sua própria divulgação.” (Estude e Viva, cap. 40, obra publicada pela FEB no ano de 1965.) (Negritamos.)
Em face de todo o exposto e do que escreveu Emmanuel, cremos que não seja preciso acrescentar mais nada acerca da importância da divulgação do Evangelho e dos ensinamentos espíritas, a não ser esta pequena proposição: – Se tais lições nos fazem tão bem, por que não as dividir com o próximo?
(1) Candeia (do latim candela, 'vela de sebo ou de cera') designa a vela de cera ou um pequeno aparelho de iluminação, que se suspende por um prego, com recipiente de folha-de-flandres, barro ou outro material, abastecido com óleo, no qual se embebe uma torcida. O mesmo que candela, candil ou lamparina.
(2) Alqueire (do árabe al-kayl, 'medida de cereais') designa o recipiente de grãos de cereais, com capacidade de 36,27 litros. A palavra é utilizada também como medida de superfície agrária que equivale a 4,84 hectares em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Goiás e a 2,42 hectares em São Paulo.
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