domingo, 31 de janeiro de 2016

DA JUSTIÇA DIVINA NINGUÉM FOGE


J. Herculano Pires lembra, a propósito das consequências resultantes do suicídio, que não é Deus quem castiga o suicida, mas ele próprio que pune a si mesmo, incurso por sua atitude nas malhas da lei de causa e efeito. Ninguém, diz Herculano, é levado na corrente da vida pela força exclusiva das circunstâncias.
Além de dispor da faculdade do livre-arbítrio, para poder controlar-se e dirigir-se, o homem está sempre amparado pelas forças espirituais que governam o fluxo das coisas. Daí a recomendação de Jesus: “Orai e vigiai”. “A vida material”, acrescenta o saudoso confrade, “é um exercício para o desenvolvimento dos poderes do Espírito. Quem abandona o exercício por vontade própria está renunciando ao seu desenvolvimento e sofre as consequências naturais dessa opção negativa.” (Astronautas do Além, cap. 3) “Nova oportunidade lhe será concedida, mas já então ao peso do fracasso anterior.” (Obra e cap. citados.)
Um ensinamento que constitui ponto pacífico para nós espíritas é que da justiça divina ninguém foge.
Nossa mente guarda consigo, em germe, os acontecimentos agradáveis ou desagradáveis que a surpreenderão amanhã, assim como a semente minúscula encerra potencialmente a planta produtiva em que se transformará no futuro, disse a André Luiz o Ministro Sânzio, que, para ilustrar seu pensamento, formulou o seguinte exemplo:
"Figuremos um homem acovardado diante da luta, perpetrando o suicídio aos quarenta anos de idade no corpo físico. Esse homem penetra no mundo espiritual sofrendo as consequências imediatas do gesto infeliz, gastando tempo mais ou menos longo, segundo as atenuantes e agravantes de sua deserção, para recompor as células do veículo perispirítico, e, logo que oportuno, quando torna a merecer o prêmio de um corpo carnal na Esfera Humana, dentre as provas que repetirá, naturalmente se inclui a extrema tentação ao suicídio na idade precisa em que abandonou a posição de trabalho que lhe cabia, porque as imagens destrutivas, que arquivou em sua mente, se desdobrarão, diante dele, através do fenômeno a que podemos chamar `circunstâncias reflexas', dando azo a recônditos desequilíbrios emocionais que o situarão, logicamente, em contato com as forças desequilibradas que se lhe ajustam ao temporário modo de ser".  (Ação e Reação, cap. 7.)
Que ocorrerá então com o ex-suicida?
Tudo dependerá dele mesmo. "Se esse homem”, esclareceu Sânzio, “não houver amealhado recursos educativos e renovadores em si mesmo, pela prática da fraternidade e do estudo, de modo a superar a crise inevitável, muito dificilmente escapará ao suicídio, de novo, porque as tentações, não obstante reforçadas por fora de nós, começam em nós e alimentam-se de nós mesmos." (Obra citada, cap. 7.)
Por aí se vê que a obra de nossa dignificação espiritual é serviço intransferível e que devemos a nós mesmos quanto nos sucede em matéria de bem ou de mal.
Se desejamos desfrutar dias felizes no futuro, semeemos o bem, nunca o mal, cientes de que, como ensinou o Apóstolo Pedro, “o amor cobre a multidão dos pecados” (I Pedro, 4:8).
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