domingo, 6 de abril de 2014

"A DIVULGAÇÃO DO ESPIRITISMO É MUITO IMPORTE, É ESSENCIAL"


Isabel Porras González:
A confreira espanhola, conhecida por seu trabalho na área de tradução, diz como anda o movimento espírita na Espanha
 
Isabel Porras González (foto), espírita desde janeiro de 1993, natural de Málaga, Espanha, atualmente radicada em Los Barrios, Cádiz, mãe de 4 filhas e avó de 4 netos, é presidente do Centro de Estúdios Amanhecer Espírita, por ela fundado, tendo sido anteriormente vice-presidente da Federação Espírita Espanhola.

Como o leitor sabe, Isabel traduz para o idioma espanhol dois textos publicados semanalmente em nossa revista, e é, aliás, nossa colaboradora mais antiga no setor de traduções, tendo iniciado sua participação na revista em 20 de julho de 2008, quando publicamos nossa edição n. 65.

Isabel concedeu-nos gentilmente a entrevista seguinte: 
Como se deu sua conversão ao Espiritismo?
Em janeiro de 1993, circunstâncias muito dolorosas me levaram a procurar um médium, para que me dissesse por que estava a sofrer e como procurar a solução. Eu tinha sido durante 20 anos agnóstica. Pensava que quando deixamos o corpo na Terra saía de nós uma espécie de energia; nada mais. Dei as costas a Deus, aos 16 anos, e tudo que fosse relacionado com a espiritualidade, até que chegou o momento da dor e me senti guiada a procurar ajuda. A partir daí tudo o que lia ou escutava parecia-me familiar e natural. E no dia 2 de abril, fundei o Centro de Estudos Espíritas Allan Kardec, em Málaga. Fundamos em seguida um Boletim e uma Editora, porque eram parte dos compromissos a cumprir. 
Qual foi a reação de sua família ante sua adesão à Doutrina Espírita?
Felizmente minha família é pouca e respeitosa. Minha mãe viu como eu ia mudando para bem e me disse: “O Espiritismo deve ser bom, porque só ele conseguiu te mudar”. Mas somente eu segui o caminho espírita. Minhas filhas têm conhecimento da doutrina espírita, mas não são espíritas. 
Dos três aspectos do Espiritismo - científico, filosófico e religioso -, qual é o que mais a atrai?
Para mim, os três aspectos são fundamentais, mas, se devo destacar algum, é o moral. Pois só seguindo os passos de Jesus e a doutrina espírita assentada em seu ensino, conseguimos mudar-nos e nos tornar melhores pessoas. 
Dos autores espíritas mais conhecidos, quais os que mais lhe agradam?
Depois dos livros da Codificação, a série André Luiz, os livros de Cairbar Schutel, Abel Glaser, Divaldo Franco, Richard Simonetti e Rogério Coelho. Mas todos os outros que são confiáveis contribuem para o meu aprendizado. 
Que livros espíritas você considera de leitura indispensável aos confrades iniciantes?
O Livro dos Espíritos, O que é o Espiritismo, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns e talvez Nosso Lar. Vai depender do que essa pessoa possa compreender.   
Você colabora com a revista “O Consolador” há quase seis anos. Fale-nos sobre esse trabalho.
Desejo poder seguir participando por muitos anos mais. Fazer este pequeno trabalho por minha parte faz-me sentir útil e feliz, por contribuir, humildemente, com a divulgação da doutrina espírita. Sou muito grata ao Astolfo Olegário de Oliveira Filho por me haver convidado a colaborar com a revista. 
Como tem sido seu trabalho como tradutora de textos espíritas?
É uma história muito linda, porque a primeira vez que fui ao Brasil me hospedei na FEB (Federação Espírita Brasileira) e me presentearam com O Evangelho segundo o Espiritismo em português. Eu comecei a ler e me parecia fácil de entender. Ganhei vários livros e lia tudo quase sem problemas. A segunda visita foi decisiva, porque me foi dito então pelos Espíritos que eu tinha um compromisso com a tradução de obras espíritas em português para o espanhol, a fim de aumentar a divulgação.
Traduzo toda classe de textos, inclusive em power point, que seja bom divulgar. E como sempre fui dócil aos conselhos dos irmãos espirituais e do meu Anjo guardião, comecei a traduzir livros de Cairbar Schutel e outros, e me apaixonei pelo trabalho de tradução, que pretendo seguir até o final de minhas forças. 
Um tema que suscita geralmente debates acalorados no Brasil diz respeito à obra Os Quatros Evangelhos, publicada na França por J. B. Roustaing. Você conhece essa obra? Se a conhece, qual sua opinião sobre ela?
Sim, conheço essa obra. Minha opinião é que devemos deixar que o tempo demonstre se a obra é verdadeira ou não. De todas as formas, eu sempre evito qualquer polêmica. Quando algo não me convence, eu o ponho em “quarentena” e o tempo dirá. Não faço divulgação dessa obra. 
Com respeito aos passes magnéticos, a opção dos espíritas brasileiros em geral, quanto à técnica de aplicação dos passes, é pela simples imposição das mãos, tal como recomenda J. Herculano Pires. Qual é sua opinião a respeito?
Minha opinião é que o que Edgard Armond recomenda não está errado, mas fico com a recomendação de J. Herculano Pires. Penso, aliás, que é hora de os espíritas terem claro qual é o passe que se deve aplicar nos Centros Espíritas. 
Como você vê a discussão em torno do aborto? Na Espanha o aborto é livre?
Para mim, não há dúvida nem discussão em torno do aborto. Faço campanha em defesa da vida, contra o Suicídio, o Aborto e a Eutanásia, faz muitos anos. Na Espanha o aborto tem sido livre há muito tempo, mas agora se está reformando a lei e pondo impedimentos para que não seja livre como antes. Os espanhóis são, em sua maioria, favoráveis ao aborto livre. Por isso, nós espíritas temos feito campanhas para divulgar as consequências nefastas do aborto. 
A eutanásia, como sabemos, é uma prática que não tem o apoio da Doutrina Espírita. Kardec e outros autores, como Joanna de Ângelis, já se posicionaram sobre esse tema. Qual a sua opinião sobre a eutanásia?
Como espírita que sou, é claro que não aceito a eutanásia. 
Como vai o movimento espírita na Espanha? O movimento espírita espanhol lhe agrada ou falta algo a ele?
O movimento espírita na Espanha vai bem, mas um pouco lento. As pessoas não gostam de estudar – não todos, certamente. Tivemos 40 anos de ditadura, fato que provocou muito dano ao Espiritismo. Muitos espíritas foram fuzilados, mas diziam que eram fuzilados por serem comunistas.
Sim. Agrada-me o movimento espírita espanhol, mas gostaria que os que já fazem parte do movimento há muito tempo não se sentissem meros espectadores, mas também trabalhadores.
A FEE (Federação Espírita Espanhola) faz um grande trabalho e se esforça para motivar, ajudar a difusão do Espiritismo e animar a todos os centros novos. Realizar a cada ano um Congresso Espírita Nacional é muito importante para todos nós. Ainda há muito materialismo no país e nos custa muito divulgar, mas vamos trabalhando. 
Para concluir esta entrevista, diga-nos: em face dos problemas que a sociedade terrena está enfrentando, qual deve ser a prioridade máxima dos que dirigem atualmente o movimento espírita no Brasil, na Espanha e no mundo?
Para mim, a divulgação do Espiritismo é muito importante, é essencial. A doutrina espírita é consoladora, esclarecedora, propicia a fé e ensina-nos que somos seres eternos e que, graças ao amor infinito de Nosso Pai, existe a reencarnação. Temos à mão uma Doutrina que oferece esperanças e respostas e, por isso, os espíritas têm a obrigação de divulgá-la com seus exemplos e, assim, transmitir e irradiar a paz aos que ainda se fazem ignorantes ou violentos.  
Suas palavras finais.
Estou muito agradecida por esta entrevista, que me dá a oportunidade de me poder expressar e contar coisas sobre o Movimento Espírita Espanhol. Sempre agradecida à revista “O Consolador”, por contar com esta pequena trabalhadora. Deus abençoe o trabalho da revista e todos vocês. 

Fonte: Retirado de O Consolador uma Revista Semanal de Divulgação Espírita

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