terça-feira, 15 de abril de 2014

O ÓDIO "QUE ALIMENTA"

ALTAMIRANDO CARNEIRO
alta_carneiro@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)
 

 
O ódio “que alimenta”

A violência só desaparecerá quando o Evangelho de Jesus, iluminando o coração humano, fizer com que todos se amem como irmãos.
Não há um dia sequer que não vejamos estampado em maior número de páginas dos jornais, ou predominando nas matérias das televisões, o noticiário referente às marcas da violência.
Na questão 742 de O Livro dos Espíritos, os Espíritos respondem a Allan Kardec sobre a causa que leva o homem à guerra e que se pode aplicar à violência em geral. “Predominância da natureza animal sobre a espiritual e satisfação das paixões”, informam as Entidades Venerandas. Na questão 743, a resposta à pergunta do Codificador: “A guerra desaparecerá um dia da face da Terra?” é:  “Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Então, todos os povos serão irmãos.”
Sobre a crueldade, uma das características mais impiedosas em todos os casos de violência, os Espíritos respondem a Kardec (questão 752) que “é o próprio instinto de destruição no que ele tem de pior; se a destruição é às vezes necessária, a crueldade jamais o é. Ela é sempre a consequência de uma natureza má”.
Seguindo as explicações dos Espíritos a Allan Kardec, vemos que o senso moral, ainda que não esteja desenvolvido, não está ausente, pois ele existe em todos os homens. “É esse senso moral que os transforma mais tarde em seres bons e humanos. Ele existe no selvagem como o princípio do aroma no botão de uma flor que ainda não se abriu.”
No livro Código de Direito Natural Espírita (Mundo Jurídico Editora), José Fleuri Queiroz comenta que Arnold J. Toynbee, considerado um dos maiores historiadores dos tempos modernos, diz que talvez a razão fundamental das causas da atual onda de criminalidade seja a perda da religião. “... vivemos num vácuo religioso. E talvez, em grande parte por esse motivo, os padrões tradicionais e os códigos de ética perderam sua força. Esse colapso espiritual surgiu nas duas grandes guerras mundiais, cujos efeitos foram cumulativos. As guerras abriram as comportas da onda de  violência que hoje se derrama sobre o mundo”, enfatiza Toynbee.
Diz Fleuri Queiroz que “o homem viveu durante muito tempo preso ao formalismo religioso, à mera frequência às igrejas, mais  como um cumprimento de uma obrigação herdada dos pais, submetendo-se às práticas e costumes do que por convenções autênticas. Por isso, na medida em que amadureceu intelectualmente, superando condicionamentos seculares, desligou-se da religião, simplesmente porque ela já não atende seus anseios e necessidades. Esse fenômeno é observado com maior intensidade nos grandes centros urbanos, onde o indivíduo, motivado pelo desejo de desfrutar conforto e segurança, em base de enriquecimento e prestígio, multiplica-se em negócios e interesses relacionados com dinheiro e poder.
"Isso é muito grave, porquanto na medida em que o Homem passa a viver em função, exclusivamente, de interesses imediatistas, sem nenhuma cogitação de ordem espiritualizante, perde o controle dos impulsos agressivos que ainda o caracterizam, e a violência torna-se a primeira consequência desse vácuo religioso a que se refere Toynbee. A mesma definição é apresentada por André Luiz quando, procurando explicar o fenômeno da violência, diz: ‘Falta de preparação religiosa. Não basta ao homem inteligência apurada. É-lhe necessário iluminar os raciocínios para a Vida Eterna.’”
Fleuri Queiroz observa que os princípios da Reencarnação, da Lei de Causa e Efeito e do intercâmbio com os Espíritos desencarnados serão assimilados pelas Religiões do futuro. Não que essa religião seja o Espiritismo, mas porque a Doutrina Espírita está na vanguarda de todos os movimentos libertadores da consciência humana. “Quando a contenção da violência deixar de ser um problema policial e se transformar em questão de disciplina do próprio indivíduo; quando a paz for produto não da imposição das leis humanas, mas da observância coletiva das Leis Divinas, então viveremos num Mundo melhor.”
No livro Religião dos Espíritos (FEB), psicografado por Francisco Cândido Xavier, no capítulo "O caminho da paz", Emmanuel diz que “dos dez flagelos do mundo antigo que rebaixavam a vida humana: a barbárie, que perpetuava os desregramentos do instinto; a fome, que atormentava o grupo tribal; o primitivismo, que irmanava o engenho do homem e a habitabilidade do castor; a ignorância, que alentava as trevas do Espírito; o insulamento, que favorecia as ilusões do feudalismo; a ociosidade, que categorizava o trabalho à conta de humilhação e penitência; o cativeiro, que vendia homens livres nos mercados da escravidão; a imundície, que relegava a residência terrestre ao nível dos brutos; a guerra, que suprime a paz e justifica a crueldade e o crime entre as criaturas, veio a política e, instituindo vários sistemas de governo, anulou a barbárie. Apareceu o comércio e, multiplicando as vias de transporte, dissipou a fome. Surgiu a ciência, e exterminou a peste. Eclodiu a indústria, e desfez o primitivismo. Brilhou a imprensa, e prescreveu-se a ignorância. Criaram-se o telégrafo sem fio e a navegação aérea, e acabou-se o insulamento. Progrediram os princípios morais, e o trabalho fulgiu como estrela na dignidade humana, desacreditando a ociosidade. Cresceu a educação espiritual, e aboliu-se o cativeiro. Agigantou-se a higiene, e removeu-se a imundície”.
Mas – finaliza Emmanuel, nem a política, o comércio, a ciência, a indústria, a imprensa, a aproximação entre os povos, a exaltação do trabalho, a evolução do direito individual, a higiene, conseguem resolver o problema da paz, pois a causa da guerra é o egoísmo, que se corporifica nas divergências do lar, se prolonga na intolerância da vaidade, no orgulho da violência, no desespero, no ódio e só desaparecerá quando o Evangelho de Jesus, iluminando o coração humano, fizer com que todos se amem como irmãos.
Fonte: Retirado de o Consolador uma Revista Semanal de Divulgação Espírita
 

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