sábado, 23 de abril de 2016

'A ARTE MUSICAL É COMO O AR QUE RESPIRO"

Entrevista Espanhol Inglês
Ano 10 - N° 462 - 24 de Abril de 2016
ORSON PETER CARRARA
orsonpeter92@gmail.com
Matão, SP (Brasil)

 
Elizabete Lacerda: 
A conhecida cantora e compositora fala de sua vivência
musical, que começou já na infância
 

Maria Elizabete de Sousa Lacerda, mais conhecida como Elizabete Lacerda (foto), pedagoga, psicopedagoga, professora montessoriana, cantora e compositora, é espírita há mais de 30 anos, nasceu em Abaeté (MG) e reside em Brasília (DF). Vinculada em Taguatinga (DF) ao Centro Espírita Lar da Santíssima Trindade e, em Brasília (DF), à
Comunhão Espírita de Brasília, participa do Alimento Fraterno (atividade levada aos hospitais e mendigos de rua), além de responder pela harmonização de ambiente para passes e tratamentos de cura através da música. Sua linda história desde a infância no envolvimento com a música traz-nos rica experiência. 
De onde vem o gosto pela música? Como descobriu esse talento? 
Meu pai, homem manso, humilde e simples, veio de uma família de músicos. Minha mãe, “eterna cantora” nos criou cantando. Somos 7 irmãos e apenas 3 não são cantores. Nasci entendendo que música era como ar, água, coisa imprescindível! Aos 9 anos de idade já era uma cantorinha bem afinadinha. 
E como foi para a inspiração e transmissão de ensinos do amor pela música? 
Aconteceu com naturalidade, como se fizesse parte de mim. Desde criança o gosto pelas músicas sacras já me tomava as intenções e o coração. De berço católico, o vigário da Paróquia já me convidava para os cultos nas redondezas, nos locais mais necessitados. A menina cantora ia feliz com seu violãozinho e tinha como recompensa um cartucho cheio de amendoins doces. As pessoas ficavam emocionadas vendo uma criança cantar, choravam e eu não entendia o porquê. Pensava: será que está tão ruim assim? E assim, dos 9 aos 14 anos, eu andava com os padres pelas roças, pelo interior, levando o Evangelho de Jesus cantado. Aos 18 anos me tornei espírita em função da mediunidade ostensiva (iniciada aos 4 anos de idade) e passei a frequentar e cantar nos Centros Espíritas.
Durante as apresentações, qual a sensação? 
A sensação é de estar num plano diferente deste, onde a alma se une ao cosmos e se expande com tal raridade que não se tem forma nem jeito de descrever. Eu poderia comparar a um êxtase espiritual de intensa leveza, plenitude e contentamento. 
E a influência espiritual que sente, como é? 
É magnífica. Existem Espíritos comprometidos com este trabalho que se apresentam assiduamente. São cantores, maestros, maestrinas, compositores, intérpretes e músicos variados. Colaboram todo o tempo com participação ativa nas apresentações. As pessoas chegam a relatar que escutam coros cantando e instrumentos variados, diferentes do violão que toco enquanto me apresento. Sinto-me “tomada” por profunda emoção. Meu coração se acelera, dispenso litros de ectoplasma, sinto-me levitar e totalmente em paz! Percebo claramente a manifestação de inúmeros Espíritos que realizam tratamentos espirituais enquanto canto, como também a chegada de estropiados dos umbrais e outras regiões que são trazidos para se energizarem ou se tratarem também. É comum perceber parentes desencarnados das pessoas ali presentes. Na verdade, acontecem “maravilhas” enquanto as canções são entoadas. Muitos são os relatos dos presentes após as apresentações musicais. 
E a vibração do público, como interfere? 
O público se envolve positivamente e se emociona a ponto de não conseguir segurar as lágrimas. As pessoas relatam do bem que sentem ao escutar as canções, do envolvimento espiritual que vem junto às melodias, do consolo e do conforto que experimentam, da coragem de se comprometerem com mudanças íntimas, da sensação da presença de pessoas queridas desencarnadas se aproximarem. 
As músicas são de sua composição? Considera-as mediúnicas ou as classifica como inspiração? 
Tenho um repertório extenso e variado. Nossas casas espíritas hoje recebem pessoas de todas as religiões, e isso nos abre um leque de possibilidades. Escolho canções que falem de Deus, do bem, da paz e do amor para interpretar e ofertar ao público diverso que me escuta. Costumo receber muitas psicografias musicais. Já recebi um CD inteiro dessa forma, como também as componho sob inspiração. 
Algo marcante que gostaria de destacar de sua experiência na arte musical? 
Eu diria que a arte musical é como o ar que respiro. Não existe Elizabete Lacerda sem a música. Recebo diariamente depoimentos dos mais diversos sobre o bem que “esta música” faz às pessoas. Da minha parte, consigo separar, sem falsa modéstia, o que é meu e o que é dos Espíritos. Tenho consciência de que me coloco à disposição da Espiritualidade amiga e ela age da forma que é preciso. Muitos relatos de cura de depressão, de doenças graves, de desistência de suicídios, de mudança radical de vida e outros me chegam como forma de estímulo e incentivo para que eu possa continuar cantando. 
E do ambiente espírita? 
Sinto-me muito bem acolhida pelo ambiente espírita que reconhece o trabalho que desenvolvo como CONSOLADOR. Algumas casas ainda se prendem à forma e conteúdo somente espírita apegando-se unicamente às canções psicografadas, no entanto entendemos que todos podemos ser inspirados a compor lindas canções. Por isso, diversifico o repertório e fico feliz quando as casas se abrem para a arte como um todo, e não apenas por uma formalidade. Essa tem sido a minha luta; não existe “Arte Espírita”, mas, sim, ARTE, que por si só independe de qualquer rótulo. 
Algo mais que gostaria de acrescentar? 
Serviço com Jesus requer desprendimento, renúncia e doação. Quem me vê assim cantando, talvez não faça nenhuma relação àquela passagem de O Evangelho segundo o Espiritismo, citada no capítulo XXIII, itens 4 a 6, “Abandonar Pai, Mãe e Filhos”, não relacionando às consequências que advêm desse ato. Muita vez, a família fica sem mim para que eu possa servir. Isso já me custou dias difíceis, porém a alegria, a parceria com o Cristo e as consolações resultantes desse serviço são bálsamos de esperança para mim e para todos os envolvidos nesse contexto. É gratificante. E com Jesus, o fardo é sempre mais leve! Que eu faça por merecer, cantar as coisas de Deus por longas vidas. É o que há de melhor em mim, na minha vida, nos meus dias: CANTAR!
Fonte: O Consolador uma Revista Semanal de Divulgação Espírita



 



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