sexta-feira, 15 de abril de 2016

NO INVISÍVEL (25) - PARTILHADO DE O BLOG ESPIRITISMO SÉCULO XXI


Estudamos semanalmente no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina (PR), o livro “No Invisível”, um dos clássicos do Espiritismo, de autoria de Léon Denis.
Reproduzimos, em seguida, o texto de mais um módulo concluído, cuja publicação tem por finalidade proporcionar, a quem se interessar, a oportunidade de acompanhar o mencionado estudo.
Com este módulo encerrou-se a primeira parte do estudo da obra citada, cujo complemento será finalizado futuramente.

Questões para debate

A. Que espécies de fenômenos ocorriam tendo Eusápia Paladino como médium? 
Nos relatórios das sessões citadas pelo Sr. Vassalo na conferência que realizou em 5 de abril de 1902, sob o título “A mediunidade e a teoria espírita”, estão registrados os seguintes fenômenos: mesas que giram, mesas que se movimentam e são suspensas no ar; pancadas que ressoam na mesa e tão violentas a ponto de quebrá-la; aparição de mãos; levitação e transporte de objetos. Em uma das sessões, Eusápia foi levantada com a cadeira, por uma ação oculta, sem choques nem abalos, num movimento lento, e conservada suspensa no ar. (No Invisível - O Espiritismo experimental: Os fatos - XVII - Fenômenos físicos - As mesas.)

B. A que conclusão chegou a Comissão designada em 1869 pela Sociedade Dialética de Londres, a respeito das mesas girantes?  
Sabia-se que o contato das mãos nem sempre era necessário para provocar os movimentos. Faraday, Babinet, Chevreul e outros sábios haviam adotado, para resolver o problema, a teoria dos movimentos musculares inconscientes. Eis que, porém, as mesas se moveram livres de todo contato humano. Foi o que ficou demonstrado nas experiências de Robert Hare e William Crookes, que fiscalizaram os movimentos da mesa por meio de registros de precisão empregados nos laboratórios de Física. Um relatório da Comissão designada pela Sociedade Dialética de Londres em 1869  veio confirmar suas deduções. O relatório concluiu: 1º – Uma força emanante dos operadores pode agir sem contato ou possibilidade de contato sobre objetos materiais; 2º – É frequentemente dirigida com inteligência os mais estranhos ruídos. (Obra citada - O Espiritismo experimental: Os fatos - XVII - Fenômenos físicos - As mesas.)

C. É verdade que até o grande escritor Victor Hugo se envolveu com o fenômeno das mesas girantes?
Sim. Augusto Vacquerie, nas “Miettes de l'Histoire”, diz que a Sra. E. de Girardin, em Jersey, iniciou nessas práticas toda a família de Victor Hugo. Léon Denis transcreve em sua obra um dos casos que envolveu o grande escritor. (Obra citada - O Espiritismo experimental: Os fatos - XVII - Fenômenos físicos - As mesas.)

Texto para leitura

680. Eis um resumo da conferência realizada pelo Sr. Vassalo:
1ª Sessão – Em plena luz, a mesa de pinho tosco, de quatro pés, com um metro de comprimento, levanta-se, afasta-se do solo um grande número de vezes e fica suspensa a 10 centímetros do ladrilho, sem que mão humana a tocasse. Durante esse tempo as mãos de Eusápia se conservaram seguras por seus vizinhos, que lhe examinavam igualmente os pés e as pernas, de modo que nenhuma parte de seu corpo pudesse exercer o mínimo esforço.
2ª Sessão – Pancadas violentas, de quebrar a mesa, ressoam. Aparecem mãos, cujo contato e cujas carícias se sentem – mãos largas e vigorosas de homens, mãos menores de mulher, mãozinhas minúsculas de crianças. Lábios invisíveis colam-se à fronte dos assistentes, e ouvem-se beijos. Impressões de mãos invisíveis são obtidas em plastilina.(1)
5ª Sessão – O médium, cujas mãos estão sempre seguras, é levantado, com a cadeira, por uma ação oculta, sem choques, sem abalos, num movimento lento, e é conservado suspenso no ar, ficando com os dois pés e os pés anteriores da cadeira em cima da mesa, já estragada pelos trambolhões. O peso erguido é de 70 quilogramas e exige uma força considerável. Segundo o Sr. Vassalo, da superfície da mesa, Eusápia, com a cadeira, é ainda levitada de tal sorte que o professor Porro, astrônomo, e uma outra pessoa chegam a passar as mãos sob os seus pés e os da cadeira, sem acordo prévio e com perfeita concordância de impressões. O fato de destacar-se da mesa a cadeira denota, mais ainda que o de se afastar do solo, a intervenção de uma força extrínseca ao médium, inteligente, calculadora, que soube proporcionar os atos aos resultados e evitar um acidente sempre possível, dado o peso de Eusápia, o apoio precário de uma mesa meio quebrada e o fato de que dois pés da cadeira se achavam suspensos no vácuo.
6ª Sessão – Transporte de objetos, sem contato: flores, anéis, instrumentos de música, ardósias, bússola e, sobretudo, um desses dinamômetros que servem para medir a força com que se pode apertar uma mola; quatro ou cinco vezes, como por brincadeira, esse dinamômetro é arrebatado ao seu proprietário, que o havia reposto na marcação de zero, depois restituído, de cada vez, com indicações variantes, desde um “maximum” correspondente a uma força hercúlea até um “minimum” igual à força de uma criancinha.
681. Como atribuir – diz o professor Porro – a uma emanação de Eusápia um processo tão complicado de atos volitivos e conscientes, acompanhados de tão acertada graduação de efeitos dinâmicos? Poderia ela alternativamente simular diversas entidades e desenvolver em cada caso uma força apropriada?”
682. O Dr. Ochorowicz, de Varsóvia, obteve, em pleno dia, e muitas vezes à vontade, com o concurso da médium Srta. Stanislas Tomszick, deslocamentos, sem contato, de objetos materiais: lápis, agulhas, tubos de experiências etc., e os conseguiu fotografar suspensos no vácuo.
683. É um erro considerar o fenômeno da levitação uma violação das leis da gravidade. Ele demonstra simplesmente a ação de uma força e de uma inteligência invisíveis. O médium não poderia encontrar em si mesmo o poder de se elevar sem ponto de apoio e permanecer suspenso. Preciso é admitir a intervenção de uma vontade estranha, que acumula a força fluídica em quantidade suficiente para contrabalançar o peso do médium ou dos objetos levitados e os afastar do solo. Os fluidos são fornecidos em parte pelo próprio médium que, em tal caso, desempenha a função de pilha, bem como pelas outras pessoas presentes e, ainda, se são insuficientes, por outras entidades invisíveis.
684. O mesmo fato se dá com os “raps” ou pancadas, que são produzidos pela condensação e projeção de aglomerações fluídicas sobre corpos resistentes. Essas aglomerações são às vezes luminosas. Disse o Sr. Livermore: “Todos esses fenômenos – é evidente – são conformes às leis físicas conhecidas. Basta apenas tornar extensiva a aplicação dessas leis ao mundo invisível como ao visível, e tudo imediatamente se explica e esclarece. Nada há nisso de sobrenatural. O Espiritismo é a ciência que nos ensina a conhecer a natureza e a ação das forças ocultas, como a Mecânica nos faz conhecer as leis do movimento e a Óptica as da luz. Seus fenômenos vêm reunir-se aos fenômenos conhecidos, sem alterar nem destruir a ordem imponente que os rege. Dilata-lhes simplesmente a órbita de ação, ao mesmo tempo que nos faz penetrar nas remotas profundezas da vida e da Natureza.”
685. As mesas não representam unicamente um papel importante nas manifestações físicas espontâneas: figuram também nos fenômenos de ordem intelectual. Elas suscitaram muitas críticas e zombarias; mas, como disse Victor Hugo: “essa zombaria é estulta”. Pondo de lado o motejo, ocioso e estéril, considerando o fato em si mesmo, que reconheceremos nas manifestações da mesa? Quase sempre o modo de ação de um ser inteligente e consciente.
686. A mesa é um dos móveis mais fáceis de manejar. Encontra-se por toda parte, em todos os aposentos. É por isso que de preferência é ela utilizada. O que é preciso ver antes de tudo nesses fatos são os resultados obtidos, e não o objeto utilizado. Quando lemos uma bela página ou contemplamos um quadro, cuidamos acaso da pena que a escreveu ou do pincel que o executou? A mesa não tem maior importância; não passa de um instrumento vulgar que transmite o pensamento dos Espíritos. Conforme os manifestantes, esse pensamento expresso será alternativamente banal, grosseiro, espirituoso, poético, malicioso ou sublime. Os investigadores que por esse meio recebem testemunhos de afeto dos seres que lhes foram caros esquecem facilmente a insignificância do processo utilizado.
687. Certos movimentos da mesa podem, sem dúvida, ser atribuídos à ação de forças exteriorizadas pelos assistentes e transmitidas por suas próprias mãos ao móvel. Nessas experiências é preciso considerar sempre os movimentos involuntários dos operadores, quando se trata de fenômenos físicos, e a sugestão, quando se trata do fato intelectual. Na maioria dos casos, entretanto, são insuficientes essas duas causas para explicar os fenômenos.
688. Em primeiro lugar, o contato das mãos nem sempre é necessário para provocar os movimentos. Faraday, Babinet, Chevreul e outros sábios haviam adotado, para resolver o problema, a teoria dos movimentos musculares inconscientes. Eis que, porém, as mesas se moveram livres de todo contato humano. Foi o que ficou demonstrado nas experiências de Robert Hare e William Crookes, que fiscalizaram os movimentos da mesa por meio de registros de precisão empregados nos laboratórios de Física.
689. Um relatório da Comissão designada pela Sociedade Dialética de Londres em 1869   veio confirmar suas deduções. O relatório assim concluiu:
1º – Uma força emanante dos operadores pode agir sem contato ou possibilidade de contato sobre objetos materiais;
2º – É frequentemente dirigida com inteligência.
690. As experiências realizadas em Paris, na Rua de Beaune nº 2, por Eugênio Nus, o argutíssimo escritor, e a quem vieram reunir-se o pintor Ch. Brunier, o compositor Allyre Bureau, o engenheiro Franchot, entre outros, são das mais célebres.
691. Eles utilizaram, ao começo, uma mesa de jantar, pesada e maciça, que se erguia sobre dois pés e permanecia imóvel em equilíbrio. Uma enérgica pressão sobre ela conseguia, com dificuldade, restituí-la à posição normal. Experimentaram, em seguida, com uma mesinha que, mais leve, saltitava, erguendo-se sob as mãos nela apoiadas, imitando o movimento oscilatório do berço e o arfar da vaga.
692. Mediante a percussão de golpes, a mesinha ditava sentenças, ensinos, frases delicadas ou profundas. Eis um exemplo: “A experimentação solitária é fonte de erros, de alucinações, de loucura. Para fazer experiências proveitosas, é preciso ter o pensamento voltado para Deus. Elevai vossas almas a Deus, a fim de serdes fortalecidos contra os descoroçoamentos da dúvida”.
693. Pediram-lhe que se exprimisse em inglês. Ela o fez de modo extremamente poético. Muitas expressões desconhecidas dos assistentes não puderam ser traduzidas senão com uso de um dicionário.
694. Vieram depois as definições em doze palavras. “Desafio – diz Eugênio Nus – todas as academias reunidas a formular bruscamente, instantaneamente, sem preparo prévio, sem reflexão, definições circunscritas em doze palavras, tão claras, tão completas e, muitas vezes, tão elegantes como as improvisadas pela nossa mesa.”
695. Eis aqui algumas delas:
“Harmonia é o equilíbrio perfeito do todo com as partes entre si.”
“Amor: polo das paixões mortais; força atrativa dos sentidos; elementos da continuação.”
“Religião futura: ideal progressivo por dogma, artes por culto, Natureza por templo.”
696. “Às vezes – disse o escritor – para maior prova da espontaneidade do fenômeno, nos recusávamos a aceitar uma definição. A mesa recomeçava imediatamente e nos ditava uma frase de doze palavras, inteiramente nova. Outras vezes, interrompíamos o fenômeno para procurar por nós mesmos o fim da frase, e nunca o encontrávamos. Um exemplo: a mesa nos dava a definição da Fé: A Fé diviniza o que o sentimento nos revela e... E... quê? disse eu de repente, detendo a mesinha para impedir determinar o ditado: nada mais que três palavras. Procuremos! Olhamos uns para os outros, refletimos e ficamos boquiabertos. Afinal, restituímos à mesa a liberdade de movimentos, e ela conclui tranquilamente a frase: “... a razão explica.” 
697. “Por mais vontade que tivéssemos de nos limitar ao papel de experimentadores, não nos era possível permanecer indiferentes às afirmações desse interlocutor misterioso que exibia e impunha sua estranha personalidade com tanto vigor e independência, superior a todos nós, pelo menos na expressão e na concentração das ideias, não raro nos descerrando perspectivas de que cada um confessava de boa-fé não ter tido jamais a intuição.”
698. A mesma mesa compôs melodias. Ouviu-lhe Felicien David a execução e ficou encantado. Entre outras havia: O canto da Terra no Espaço; o canto do mar; a melodia do vento; o canto do satélite lunar; o canto de Saturno, de Júpiter, de Vesta; a Adoração, etc.  Foram também ditadas comunicações mediante pancadas vibradas, não já sobre o soalho, mas na própria mesa. Depois, foi o lápis de Ch. Brunier, tornado médium escrevente, que interpretou o pensamento do invisível visitante. A uma pergunta formulada por Eugênio Nus: Que é o dever? respondia ele: “O dever é o cumprimento, por livre volição, do destino do ser inteligente. O dever é proporcional ao grau do indivíduo, na grande hierarquia divina necessária. Digo necessária, porque sempre a necessidade implica Deus.”
699. Uma comparação, para definir a prece: “Suponhamos um ser representado por um círculo. Esse ser tem uma vida interna e uma vida externa. Sua vida externa ou irradiante, ou expansão divina, parte do ponto que está no centro e ultrapassa o círculo que corresponde ao finito para dirigir-se ao infinito. Aí está, portanto, a elevação na vida. Como religião atual, chama-se isso, no ponto de vista da prece, simples ascensão para Deus. Sondai essas três palavras, e podereis concluir com a Ciência”.
700. O misterioso interlocutor de Eugênio Nus não se deu a conhecer. Noutros casos, porém, manifestaram-se, por intermédio da mesa, personalidades invisíveis absolutamente desconhecidas dos experimentadores, e sua identidade pôde ser positivamente verificada. Foi, entre outros, o caso de Anastácia Perelyguine, falecida no hospital de Tambov (Rússia) em novembro de 1887, que se manifestou espontaneamente pela mesa, no dia seguinte ao de sua morte, em casa do Sr. Nartzeff, a um grupo de pessoas, as quais lhe desconheciam a existência.
701. Depois foi Abraão Florentino, soldado da milícia americana, morto em 5 de agosto de 1874 em Brooklin (Estados Unidos), que se comunicou em Shanklyn, ilha de Wight (Inglaterra), no mesmo mês, indicando de modo claríssimo sua idade, seu endereço, com abundantes particularidades acerca de sua vida passada. De minuciosa pesquisa resultou constatar-se que todas essas particularidades eram exatas.
702. As provas de identidade obtidas por intermédio da mesa são numerosas; muitas, porém, se têm perdido para a publicidade e para a Ciência, em virtude do caráter de intimidade associado a essas manifestações. Muitas almas sensíveis receiam expor à curiosidade pública o segredo de suas afeições e de seus padecimentos.
703. O Dr. Chazarain transmitiu duas comunicações dessa ordem ao Congresso de Paris, de 1900, nos termos seguintes: “Durante dez anos, em um grupo familiar a que eu presidia, e cujo médium (minha filha Joana) não tinha mais de treze anos quando começaram as sessões, comunicamos de modo mais satisfatório com os nossos amigos do Além, pois que nos deram, sobre a vida do Espaço, instruções valiosas, como raramente se obtém. A primeira comunicação, de 16 de maio de 1888, vinha ao encontro da grande dor que me causara a perda de meus dois melhores amigos, falecidos dois meses antes, com alguns dias de intervalo um do outro. É a seguinte: – Desejaríeis ouvir os festivos cânticos entoados lá em cima, quando uma alma querida e esperada faz seu reingresso no mundo dos Espíritos? Desejaríeis contemplar o espetáculo da felicidade desse novo encontro? Oh! Nós que experimentamos essas alegrias, quereríamos vo-las fazer partilhar. Mas ai! por que é forçoso que seja muitas vezes a nossa felicidade perturbada por vossas tristezas? Quando um de vós se acha voltado para o país das almas, é necessário que se eleve acima dos sofrimentos terrestres e despedace todos os laços que o prendam à Terra. Nada seria capaz de o reter ou encadear por mais tempo; semelhante ao prisioneiro, a quem foi restituída a liberdade, ala-se aos novos horizontes que se lhe descerram. Oh! Não choreis pelos vossos caros libertados, porque, depois de haverdes conhecido as amarguras da separação, conhecereis também as doçuras de os tornar a ver.”
704. As mesas foram consultadas por altas inteligências. Graças a elas, a Sra. E. de Girardin conversava com Espíritos de escol. Augusto Vacquerie, nas “Miettes de l'Histoire”, refere que em Jersey iniciou ela nessas práticas toda a família de Victor Hugo. Dentre outras, reproduziremos esta comovedora narrativa: “Uma noite, a mesa soletrou o nome de uma morta, sempre, entretanto, viva na lembrança de todos os que ali se achavam... Era inadmissível a desconfiança: ninguém teria tido a coragem ou a ousadia de em nossa presença tripudiar sobre esse túmulo. Uma mistificação era já bem difícil de admitir, quanto mais uma infâmia! A suspeita seria de si mesma desprezível! O irmão interrogou a irmã, que surgia da morte para consolar o exilado; a mãe chorava; uma emoção inexprimível oprimia todos os corações; eu sentia distintamente a presença daquela que o vendaval arrebatara. Onde estava? Amava-nos sempre? Era feliz? Ela satisfazia a todas as perguntas, ou respondia que lhe era defeso responder. A noite escoava e nós permanecíamos ali, com a alma presa à invisível aparição. Afinal, nos disse ela: Adeus! e a mesa ficou imóvel.”

(1)  Plastilina: espécie de argila muito plástica, empregada em modelagem. 


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