Nada acontece por acaso
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De Londrina-PR
Toda vez que se registra algo
inusitado, imprevisível, inesperado, costumamos atribuí-lo ao chamado acaso, um
tema que já examinamos em diversas oportunidades.(1)
Fizeram a Emmanuel a seguinte pergunta:
– O “acaso” deve entrar nas cogitações da vida de um espiritista cristão?
Emmanuel respondeu: “O acaso,
propriamente considerado, não pode entrar nas cogitações do sincero discípulo
da verdade evangélica. No capítulo do trabalho e do sofrimento, a sua alma
esclarecida conhece a necessidade da própria redenção, com vistas ao passado
delituoso e, no que se refere aos desvios e erros do presente, melhor que
ninguém, a sua consciência deve saber da intervenção indébita levada a efeito
sobre a lei de amor, estabelecida por Deus, cumprindo-lhe aguardar, conscientemente,
sem qualquer noção de acaso, os resgates e reparações dolorosas do futuro”. (O
Consolador, obra psicografada pelo médium Chico Xavier, pergunta 186.)
Lemos no livro Conduta Espírita,
de André Luiz, estas duas recomendações:
“Usar com prudência ou substituir toda
expressão verbal que indique costumes, práticas, ideias políticas, sociais ou
religiosas, contrárias ao pensamento espírita, quais sejam sorte, acaso,
sobrenatural, milagre e outras, preferindo-se, em qualquer circunstância, o uso
da terminologia doutrinária pura.” (Conduta Espírita, obra
psicografada pelo médium Waldo Vieira, capítulo 13.)
“Libertar-se das cadeias mentais
oriundas do uso de talismãs e votos, pactos e apostas, artifícios e jogos de
qualquer natureza, enganosos e prescindíveis. O espírita está informado de que
o acaso não existe.” (Obra citada, cap. 18.)
O escritor J. Herculano Pires, na
obra Na Era do Espírito, escrita em parceria com Chico Xavier e
Espíritos diversos, anotou:
“Os familiares desagradáveis são hoje o
que deles fizemos ontem. Nada acontece por acaso, sem razão, em nossas vidas.”
(Na Era do Espírito, cap. 2.)
“Nada acontece por acaso. Tudo resulta
da lei de causa e efeito. E todo efeito tem um sentido: o da evolução. Todos
somos Espíritos faltosos e sofremos as provas que pedimos antes de encarnar.
Temos dívidas coletivas a resgatar. Mas além do resgate espera-nos a liberdade,
a paz, o progresso.” (Obra citada, cap. 3.)
Os fatos que nos cercam, as provações
que nos acometem, os sucessos e os insucessos da vida, nada disso deve ser
atribuído ao acaso, à sorte ou ao azar, porque tais coisas são fruto da chamada
lei de causa e efeito, que é retratada no caso Letil, narrado por Kardec no
cap. VIII da 2ª Parte do livro Céu e Inferno, que adiante
resumimos:
Letil foi um industrial que residia nos arredores
de Paris e teve, em abril de 1864, uma morte horrível: incendiou-se uma
caldeira de verniz fervente e ele, num piscar de olhos, foi atingido pela
matéria candente. Letil, embora vendo que estava perdido, ainda teve ânimo de
caminhar até o seu domicílio, à distância de mais de 300 metros. Quando lhe
prestaram os primeiros socorros, suas carnes dilaceradas caíam aos pedaços,
desnudando os ossos de uma parte do corpo e da face. Ainda assim, sobreviveu
por doze horas, em meio a cruciantes sofrimentos, conservando, porém, até o fim
perfeita lucidez.
Devidamente assistido no mundo espiritual, Letil
narrou na Sociedade Espírita de Paris como ocorreu a sua desencarnação e a
causa de sua expiação. “Vai para dois séculos – disse ele – mandei queimar uma
rapariga, inocente como se pode ser na sua idade – 12 a 14 anos. Qual a
acusação que lhe pesava? A cumplicidade em uma conspiração contra a política
clerical. Eu era então italiano e juiz inquisidor; como os algozes não ousassem
tocar o corpo da pobre criança, fui eu mesmo o juiz e o carrasco.”
Dirigindo-se a todos os que deploram o esquecimento
das vidas passadas, Letil exclamou: “Oh! vós, adeptos da nova doutrina, que
frequentemente dizeis não poder evitar os males pela insciência do passado! Oh!
irmãos meus! bendizei antes o Pai, porque, se essa lembrança vos acompanhasse à
Terra, não mais haveria aí repouso em vossos corações”. “Como poderíeis vós,
constantemente assediados pela vergonha, pelo remorso, fruir um só momento de
paz? O esquecimento aí é um benefício, porque a lembrança aqui é uma tortura.”
(Céu e Inferno, 2ª Parte, cap. VIII, Letil.)
(1) Sobre o assunto sugerimos que o
leitor leia os textos abaixo publicados na revista O Consolador:
O acaso na visão do Espiritismo
As transformações de nosso tempo não são fruto do
acaso
Que diz o Espiritismo acerca do acaso?
O acaso não existe; a vida é causal, não
casual
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Postado
por Astolfo Olegário de Oliveira
Filho às 06:50 Nenhum comentário:
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