Que dor é mais profunda?
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De Londrina-PR
Que a dor, a dificuldade, as
vicissitudes são ocorrências comuns na vida das pessoas, eis um fato que
ninguém ignora, embora poucos encontrem na crença que professam uma explicação
adequada, racional, lógica, que satisfaça o indivíduo mais exigente.
Certa vez um jornalista perguntou à
conhecida confreira Guiomar de Oliveira Albanesi, fundadora do Centro Espírita
Perseverança, de São Paulo (SP), qual seria, na opinião dela, a dor maior, a
dor mais profunda, a dor mais sentida pelas criaturas humanas. O jornalista
justificou-se, ao lhe fazer essa pergunta, lembrando que D. Guiomar era
conhecida por sua longa dedicação à causa espírita e ao atendimento das mais
diferentes pessoas que batiam às portas da casa espírita por ela fundada.
A resposta dada por nossa irmã foi
surpreendente, porque, segundo ela explicou, não existe uma dor maior, uma dor
mais profunda, uma dor mais sentida. Para quem está sofrendo, toda dor é
relevante e é profunda.
O que mais incomoda a criatura humana
não seria, então, a dor em si, mas suas causas. Por que sofremos? Por que a
vicissitude se abateu sobre o nosso lar? Por que enfrentamos tantas
dificuldades? – eis o que importa saber e é o que as pessoas procuram
compreender quando passam por situações assim.
A doutrina espírita é muito clara
quando trata do tema.
“De duas espécies são as vicissitudes
da vida”, esclarece Allan Kardec. “Umas têm sua causa na vida presente; outras,
fora desta vida.”
No desdobramento do assunto – que o
leitor pode ler na íntegra no capítulo V d’O Evangelho segundo o Espiritismo –
Kardec enumera várias situações em que não é difícil a ninguém perceber que
nossa vida é regida por leis a que não podemos fugir e cuja característica é
serem absolutamente justas e sábias.
Um amigo nosso fumava demais, a ponto
de pouco utilizar o fósforo ou o isqueiro; a ponta em brasa de um cigarro já
acendia o cigarro seguinte. Quem o conhecia, advertia: “Amigo, fumando assim
você está reduzindo paulatinamente os dias de sua existência. Fume menos, ou
largue de vez o cigarro, se deseja que sua existência não se interrompa mais
cedo”.
É claro que a advertência nenhum
significado tinha para ele. Era como palavras soltas ao vento...
Os anos passaram e em dado momento o
amigo baixou a um hospital. O diagnóstico: enfisema pulmonar, uma doença
crônica na qual os tecidos dos pulmões são gradualmente destruídos, tornando-se
hiperinsuflados, isto é, muito distendidos. Como resultado, a pessoa passa a
sentir falta de ar para realizar tarefas simples ou exercitar-se.
A falta de ar no início só é notada
para os grandes e médios esforços. Mantendo-se o hábito do fumo, pode ocorrer
uma fase mais avançada da doença, em que a falta de ar ocorre com tarefas
singelas como, por exemplo, tomar banho, vestir-se ou pentear-se. A essa
altura, muitos tornam-se incapacitados para o trabalho e passam a maior parte
do tempo na cama ou sentados para não sentirem falta de ar.
A quem atribuir a enfermidade do nosso
amigo?
Pois aí está um exemplo de vicissitude
cuja causa está toda na existência atual, tanto quanto suas consequências, por
culpa exclusiva da pessoa que as sofre. E, de igual modo, há inúmeras situações
em que uma simples reflexão pode indicar por que essa ou aquela dificuldade
surgiram em nossa vida.
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Postado
por Astolfo Olegário de Oliveira
Filho às 06:50 Nenhum comentário:
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