sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

CAMINHANDO PELAS RUAS DA CIDADE


Por Reinaldo Cantanhêde Lima
Caminhando pelas ruas de Rosário, encontrei-me com uma sexagenária amiga de lutas sociais do passado. Ela cumprimentou-me e disse que queria falar comigo, coloque-me á sua disposição. Ela estava com aparência abatida, olhou nos meus olhos e disse: “o senhor é um homem destemido e culto, espero possa ajudar sugerindo o que fazer no combate a violência, na vila Ivar Saldanha seu Reinaldo, já tem toque de recolher e cobrança de pedágio!” Perguntei a ACC, o que a senhora chama de toque de recolher e cobrança de pedágio? Ela responde-me que se tratava de jovens drogados armados de facão, pau e chuchos que apavoravam  o bairro inteirinho.
E, só passa lá, quem pagar um real. Logo percebi que se tratava de menores sem pais e sem mães, criados com avós e/ou filhos de  empregadas domésticas pobres, oriundas da zona rural, que padecem e carecem de amparo social e tratamento psicossocial  especializado, ação que o poder executivo deve implantar ou implementar urgentemente antes que seja tarde demais!
Surpreso, perguntei a ACC, a senhora lembra das minhas preocupações, naquelas reuniões improdutivas que eu convocava para tratar desse assunto? Lembra da proposta intitulada Projeto de Integração Social Artístico e Cultural de Rosário, elaborado por mim e apresentada par toda a sociedade rosariense, voltado para a proteção e defesa da população infanto juvenil? Lembra da sua resistência e da difamação que colocaram sobre mim? Não era loucura! Eu já previa esse acontecimento desastroso e lamento!
A senhora lembra, quantas reflexões foram apresentadas e a mais convencedora  era  quando eu falava da vinda de Jesus Cristo na terra, em tempo de miséria geradora de violência. Jesus Cristo tentando provar o desejo de libertar os pobres dos sofrimentos mostrou o seu poder: multiplicou pães, ressuscitou mortos, fez cegos enxergarem e aleijados   correrem. Entretanto, quando o poder político colocou sobre a cabeça e os ombros de Jesus Cristo, uma coroa de espinhos, uma cruz pesada e chicotadas  que escorriam sangue pelo seu corpo, ninguém o defendeu e, ele tão poderoso se permitiu a morte. A ressurreição de Jesus Cristo foi para dizer aos humanos que só o sacrifício será capaz de levar o homem e a mulher ao céu e, que, ao inverso, com certeza, o destino será o inferno! Porque é do inferno que tu estais me falando!
O nosso projeto já mencionado tinha objetivo preventivo e, trouxe a Rosário, uma assistente social: Elizabeth Farias de Sousa, técnica do CBIA – Centro para e à Infância e à Adolescência. Em 24 de março de 1992, conversamos das 14:00 às 16:00 horas, ao final da conversa ela me disse: “seu Reinaldo, o CBIA tem muito dinheiro para investir na recuperação de meninos e meninas de rua, se o Sr. quiser, patrocinamos a sua escola de música, mas, para que isso aconteça é preciso ter uma associação regularizada. Não tínhamos!
Quando convidei os pais dos alunos da escolinha de música para comunicar o fato e organizarmos a associação, não compareceram e não ajudaram com nada. E eu, sozinho, não pude continuar. Não podendo manter a escolinha de música, iniciamos a luta por implantação do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Em setembro de 1993, no Hotel Roda Viva, foi realizado o primeiro Seminário Regional, com a presença de 60 participantes, o objetivo era sensibilizar a sociedade civil e o governo para a importância da implantação de conselhos municipais. Espaços privilegiados e elaboradores de políticas públicas.
Em 1994, estava à frente de um pequeno grupo e fundamos o Fórum de entidades Civis em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, era uma instância Articuladora da Sociedade Civil, com o objetivo de preparar bons conselheiros, porque só os conselhos bem capacitados têm mais chances e prerrogativas para deliberar sobre as políticas públicas encravando-as no PPA para serem disponibilizadas aos munícipes.
O que está fazendo o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente? Cadê o Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente? Cadê o Conselho Municipal de Assistência Social? Cadê o Conselho Municipal de Saúde?
Nos conselhos municipais estão os espaços privilegiados dos cidadãos com poderes de lideranças somados ao poder das Leis vigentes. Os Conselhos não funcionam? Por que? Onde estão os Padres da Igreja Católica? Onde estão os Pastores das Igrejas Evangélicas? Onde estão os Presidentes das Associações de Moradores e Similares? Onde estão as lideranças Sindicais? Agora ACC, eu te pergunto quem são eles, que tu e o povo de Deus são seguidores?
Eles são tantos, agrupados em dezenas, centenas e milhares de pessoas, muitos com poderes institucionais: executivos, legislativos outorgados pelo voto do povo de Deus. Além desses, existem autoridades do poder judiciário, da polícia militar e civil, detentores do poder legal e moral, ganham para garantir a segurança dos cidadãos desde quando provocados pelos trâmites legais!
Prezada ACC, o inferno que transformou - se a nossa vida, tem uma série de fatores determinantes, citarei alguns: a preguiça, a exploração, o descompromisso, a hipocrisia e a corrupção; a corrupção decorre de vários aspectos e, um deles, é a cobrança de dinheiro pelo voto, se a grande maioria não cobrasse pelo voto, cobrariam dos políticos detentores de cargos executivos e legislativos o cumprimento de seus deveres em busca das soluções dos problemas mais imediatos.
Portanto, minha estimada companheira, a partir do linchamento moral que passei com a destituição do Conselho Municipal de Saúde e sem apoio da população, estou reduzido à produção de panfletos no aguardo de que os adormecidos nos braços do fracasso despertem. Pode ser que esteja chegando a hora! Entretanto, tudo que eu puder fazer será apena a minha parte... A proposta de Educação Familiar,  da qual, sou autor, está focada para os problemas da Vila Ivar Saldanha.
·         Funcionário público estadual, Diretor do SINTSEP, Autodidata, Educador Alternativo e Mobilizador Social – Blog – www.reinaldocantanhede.blogspot.com  Email: reinaldo.lima01@oi.com.br  Fone:  (098) 3345 1298 – 9161 9826
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