“Mais que divulgar, precisamos dialogar uns com os outros”
Ivana Leal Silva Raisky:
A confreira goiana discute o tema comunicação social espírita
e diz o que é preciso para que a comunicação seja
realizada com competência
| Ivana Leal Silva Raisky (foto), natural de Jataí-GO e radicada em Goiânia, é espírita desde 1990. Graduada em fonoaudiologia, especialista em docência universitária e instrutora de cursos no SENAC, é, no meio espírita, diretora de Comunicação Social da Federação Espírita do Estado de Goiás e Assessora da mesma área nas Comissões Regionais do Conselho Federativo Nacional da FEB. Afeita ao tema Comunicação, é este o assunto principal da entrevista que ela gentilmente nos concedeu.
De onde o gosto pela Comunicação? |
Nasci e fui criada como católica. Tive a felicidade de conhecer a Doutrina Espírita da melhor forma possível, participando de um grupo do ESDE - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita na Feego, no ano de 1990. Em 1991 participei de um curso de formação de expositores espíritas, naquela época sob a coordenação de Luiz Signates, com quem muito aprendi. Comecei a partir de então a auxiliar no departamento de comunicação da federativa. A convivência com o Signates, um grande comunicador, despertou em mim esse amor pela área da divulgação da Doutrina. Por outro lado, sempre que penso em quanto o conhecimento espírita nos faz bem, muda-nos as concepções, nosso modo de ser e entender a vida, sinto como dever de todo espírita apresentar à sociedade essa beleza de ensinamentos, no sentido de oferecer algo que definitivamente contribuirá com qualquer indivíduo, independentemente de sua crença. |
Como você tem aplicado sua experiência no movimento espírita?
A atividade profissional ministrando cursos de oratória é muito útil quando oferecemos os cursos de formação de palestrantes espíritas. Mesmo não sendo profissional da comunicação, sempre me interessei e busquei adquirir conhecimentos que me permitissem auxiliar nessas atividades. Dessa forma, convivendo com os amigos que têm o mesmo objetivo, trabalhamos utilizando diversos veículos para comunicarmos nossa mensagem. Produzimos e apresentamos um programa espírita para TV, o Programa Encontro Fraterno, que há quatro anos vem apresentando temas do cotidiano interpretados à luz do Espiritismo. O referido programa é exibido pelo canal 12 da NET Goiânia, com cinco inserções semanais, pela TVCEI às quartas-feiras, às 17h30, com horários alternativos de reprise e disponível ainda no site da Feego (www.feego.org.br). Além do programa de TV, o portal da federativa, o jornal O Trabalhador Espírita, de periodicidade bimestral, produção de DVDs diversos com temática espírita, transmissão de eventos, entre outras atividades que objetivam a divulgação da mensagem espírita.
Quais os resultados imediatos sentidos no uso da temática junto às instituições e tarefeiros espíritas?
Percebemos no contato direto com o movimento espírita que a área da comunicação social espírita ainda é uma grande desconhecida. Principalmente das pequenas instituições, que enfrentam a dificuldade do número reduzido de trabalhadores. Temos trabalhado no sentido de mostrar a importância da realização desse trabalho pelos espíritas e os resultados são sempre muito gratificantes. Ano após ano percebemos como os companheiros têm se esforçado para a realização da tarefa, enfrentando inúmeras dificuldades, porém encontrando soluções criativas para obterem êxito no trabalho.
Nas viagens pelo Brasil, com as Federativas, como tem sentido a expansão dessa mentalidade inovadora na organização e estrutura dos departamentos de comunicação social nas instituições, inclusive quanto a reações e resistências à sua implantação?
Todas as federativas que representam o movimento espírita em seus estados possuem na atualidade setores, diretorias ou áreas de comunicação social espírita bem estruturadas. Percebemos apoio total de seus dirigentes para a realização das atividades da área. Alguns realizam o trabalho enfrentando enormes dificuldades. Outros já conseguiram solidificar a área e evoluíram muito ao longo dos anos, oferecendo ao movimento espírita e à sociedade produções de altíssima qualidade. Sabemos que o Espiritismo nos oferece um conteúdo de primeira ordem, nossa tarefa então é apresentá-lo com profissionalismo e qualidade.
Fale-nos sobre o manual de comunicação social publicado pela FEB.
O manual de comunicação social espírita, lançado em abril passado pela FEB, representa um enorme ganho para nossas atividades, pois oferece, de forma sintética e objetiva, orientações e dicas para que os tarefeiros realizem o trabalho em suas instituições espíritas. O referido manual foi fruto de um trabalho em equipe, com representantes de diversas federativas, sob a coordenação de Merhy Seba, que coordena a área. Todos contribuíram para que o manual se materializasse, de forma que muito nos alegra mais essa conquista para nós, comunicadores espíritas.
Quais os maiores obstáculos a uma saudável comunicação?
Podemos destacar a falta de profissionalismo, quando apresentamos um bom conteúdo, porém com produção de qualidade duvidosa. Não podemos apenas fazer um trabalho "bonitinho", com "boa vontade". Além da boa vontade, precisamos buscar a excelência em nossas produções. Outro obstáculo é o personalismo, pois devemos sempre nos lembrar que a posição de destaque cabe sempre à Doutrina Espírita e não aos que a divulgam. Um fator importante é identificarmos para quem queremos levar essa mensagem, de forma que possamos elaborá-la de acordo com nosso público alvo. Se isso não é levado em consideração, deixamos de aproveitar a oportunidade, pois nem sempre conseguimos atingir nosso objetivo que é o de levar o conteúdo espírita para que possa consolar e esclarecer, sua finalidade principal.
Quais os mecanismos mais eficientes para que a comunicação atinja seus objetivos?
Devemos usar os conhecimentos que a ciência da comunicação nos oferece, utilizando todos os meios de comunicação lícitos na divulgação da Doutrina Espírita. Para isso, precisamos conhecer esses veículos, qual a linguagem que cada um utiliza, para qual público se destina, etc. Sabemos que ainda hoje um dos principais veículos de divulgação do Espiritismo são os livros. A literatura espírita é imensa e a cada dia chegam novos títulos. É importante que sempre tenhamos em mente a necessidade de orientar o público que comece pelo começo, ou seja, que estude as obras da codificação espírita. Dessa forma, com conhecimento da doutrina, poderemos estudar as demais obras complementares, utilizando o critério recomendado pelos Espíritos de uso da fé raciocinada, sempre observando se o conteúdo que estamos lendo está coerente com os princípios básicos ou fundamentais da doutrina. Inegável também é o alcance dos veículos de comunicação de massa, como a televisão, o cinema e a internet. Os resultados da utilização desses meios são excelentes e despertam nas pessoas o desejo de se aprofundarem no conhecimento espírita.
Pela extensão territorial do país, com seus regionalismos e diversidade cultural, como tem sentido a aplicação e os resultados dos encontros de comunicação social?
Sempre percebemos que essas oportunidades funcionam como um verdadeiro incentivo aos trabalhadores. Os que ali vão retornam às suas instituições com "baterias recarregadas", entusiasmados e com muitas ideias para a realização da tarefa. Mesmo com a diversidade cultural que temos no Brasil, todos os envolvidos com esse trabalho possuem os mesmos objetivos, de forma que a integração entre os trabalhadores é muito importante. Pensando nisso, criamos um fórum de debates sobre o assunto, tendo como participantes comunicadores espíritas vinculados ao trabalho da unificação. É emocionante verificar a troca de experiências, o auxílio mútuo que se prestam, sendo que aqueles que já percorrem o caminho há mais tempo auxiliam os que ainda estão consolidando seus trabalhos.
Explique de forma objetiva para o leitor o significado da expressão Comunicação Social Espírita.
A comunicação social espírita nos remete a todas as formas lícitas e éticas de nos comunicarmos, levando o conhecimento espírita. Implica o diálogo entre nós, os espíritas, e ainda com a sociedade. Mais que divulgar, precisamos dialogar uns com os outros. Esse o papel do comunicador espírita.
Algo mais que queira acrescentar?
Temos o dever de realizar o trabalho de divulgação e ainda de apoiar os que o fazem. De que forma? Valorizando seus esforços. Querem ver um exemplo? Quando foi lançado no ano passado o filme Chico Xavier, produzido pela Globo Filmes, milhões de pessoas foram às salas de cinema atraídas pela figura ímpar de Chico. Ouvimos de alguns companheiros do movimento espírita a crítica de que estávamos "enriquecendo" os produtores. Pensamos que esse não deve ser o nosso foco. Empresários da área investem muitos recursos na produção de filmes e produtos para TV. É claro que esperam resultados financeiros. Tenhamos, portanto, em mente que os resultados espirituais de tais iniciativas superam em muito os resultados materiais.
Fonte: O Consolador em iteiro teor->
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