quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

 
Segundo o IBGE, continua a cair no país o número de católicos
Os dados constam do novo mapa das religiões no Brasil elaborado pela Fundação Getúlio Vargas com base na pesquisa de orçamentos familiares do IBGE 

Por: ANA MORAES
anateresa.moraes2@gmail.com
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

O Novo Mapa das Religiões elaborado pela Fundação Getúlio Vargas, divulgado no ano passado, com base na última pesquisa de orçamentos familiares feita pelo IBGE, aponta uma nova redução do número de católicos em nosso país.
Em 2003, 74% dos brasileiros se declaravam católicos. Em 2009, esse percentual caiu para 68,4%. A redução foi maior entre jovens e mulheres.

No tocante aos protestantes e evangélicos, observou-se uma tendência diferente: seu número subiu de 17,9% para 20,2%, tendo aumentado também o número de espíritas e das pessoas que dizem não ter religião.

O Mapa das Religiões mostra, de modo inequívoco, que o Brasil continua sendo um país de diversidade religiosa e isso fica bem caracterizado nas capitais brasileiras.

O Rio de Janeiro tem a maior proporção de espíritas. São Paulo concentra mais seguidores de religiões orientais. Porto Alegre tem a maior proporção de praticantes de religiões afro-brasileiras. Vitória é a cidade mais evangélica entre as capitais. Teresina tem a maior proporção de católicos e é em Boa Vista que há mais pessoas sem religião.

Esses dados devem, porém, alterar-se nos próximos anos. “Uma das coisas que mudaram mais, nos últimos 20 anos, eu diria que é a composição religiosa da população. Ela vinha mudando a uma determinada taxa, agora ela está mudando dez vezes mais rápido que nos cem anos antes”, disse Marcelo Neri, coordenador do Centro de Políticas Sociais da FGV.

De acordo com a Fundação Getúlio Vargas, o número de católicos no país caiu ao seu menor nível de todos os tempos, como mostra o quadro abaixo:
 
Conforme o leitor pode ver, em 1872, primeiro ano em que levantamento semelhante foi feito em nosso país, o percentual de católicos era 99,72% da população brasileira, índice que vem diminuindo de forma acentuada ao longo dos anos, como assinala o quadro abaixo:
Evolução dos adeptos do catolicismo no Brasil, segundo estudo da FGV
1872
99,72%
1980
88,96%
1991
83,34%
2000
73,89%
2003
73,79%
2009
68,43%
Um dos motivos apontados pelos especialistas é o crescimento do número de evangélicos, que já chegaram a um quinto da população do país, ou seja, 20,3% dos brasileiros.

Até o ano 2000, a redução dos católicos no País era atribuída diretamente ao crescimento dos grupos evangélicos no Brasil, mas estes não registraram um crescimento de fiéis nos últimos seis anos tão elevado como o que registravam anteriormente. De acordo com o estudo, a porcentagem de brasileiros que diz ser fiel às igrejas evangélicas tradicionais e aos novos grupos evangélicos subiu de 17,88% em 2003 até 20,23% em 2009.

O número de seguidores do Espiritismo também apresentou alta – de 1,5% em 2003 para 1,65% em 2009 –, assim como os praticantes das religiões afro-brasileiras (de 0,23% para 0,35%), conforme mostra o quadro abaixo:

Sem religião
Católicos
Evangélica pentecostal
Outras evangélicas
Espíritas
Afro 
brasileira
Orientais ou asiáticas
2009
6,72%
68,43%
12,76%
7,47%
1,65%
0,35%
0,31%
2003
5,13%
73,79%
12,49%
5,39%
1,5%
0,23%
0,3%
Apenas 5% das mulheres brasileiras não têm religião, enquanto esse percentual sobe para 8,52% na coluna masculina. “Enquanto os homens abandonaram as crenças, as mulheres trocaram de crença, preservando mais que eles a religiosidade”, relata o estudo. A ética católica, segundo a análise, “estaria sendo trocada por outras mais em linha com a emancipação feminina em curso” acompanhada por uma revolução dos costumes. As alterações no estilo de vida feminino nos últimos 30 anos não encontraram eco na doutrina católica, “menos afeita a mudanças”.

Quando os olhares se voltam para o critério econômico, a classe E mostra-se como a menos religiosa de todas – 7,72%. O catolicismo é a religião mais presente nos dois extremos – 72,76% na classe E, e 69,07% nas classes AB. Os pentecostais têm maior abrangência nos níveis inferiores da distribuição de renda: 15,34% na classe D, 2,4 vezes maior do que nas classes AB – 6,29%. Os evangélicos tradicionais e históricos concentram-se mais nas classes AB (8,35%) e C (8,72%).

O Novo Mapa das Religiões levanta uma tese: enquanto o protestantismo tradicional liberou o cidadão comum da culpa da acumulação do capital privada, as religiões neopentecostais liberaram a acumulação privada de capital através da igreja. Elas estariam ocupando, no período de baixo crescimento econômico no país – anos 80 e 90 – o lugar do Estado na cobrança de impostos (dízimo e outras contribuições) e na oferta de serviços e redes de proteção social.

O Piauí é o Estado da Federação com o maior contingente de católicos (87,93%) e Roraima é o que tem o maior número dos que se dizem sem religião (19,39%). O Estado com a maior concentração de pentecostais é o Acre (24,18%), enquanto o Espírito Santo (15,09%) é o Estado que reúne maior número de evangélicos tradicionais e históricos.

No tocante aos seguidores do Espiritismo, o Estado do Rio de Janeiro é o que apresenta o maior percentual de adeptos relativamente à sua população: 3,37%, mais que o dobro do percentual de espíritas em termos nacionais.

Segundo os dados divulgados pela Fundação Getúlio Vargas, depois do Rio de Janeiro, o Estado com maior número de espíritas é Rio Grande do Sul – 2,84% da população do Estado, vindo a seguir o Distrito Federal (2,75%), Goiás (2,72%), São Paulo (2,30%) e Minas Gerais (2,21%).
O link que permite o acesso à pesquisa "Mapa das Religiões", realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) é este: http://www.fgv.br/cps/religiao/
Fonte:
O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita

 
 
 






 

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