terça-feira, 18 de setembro de 2012

“Somos Espíritos eternos e não findamos com a morte do corpo”



A conhecida atriz e diretora fala sobre sua iniciação no Espiritismo e a importância da arte na divulgação da mensagem espírita
 
Ana Rosa Guy Galego Corrêa (foto) nasceu em Promissão–SP, mas reside atualmente na cidade do Rio de Janeiro. Conhecida atriz de novelas, filmes e teatro, tem realizado importantes trabalhos na arte espírita divulgando com elegância, competência e garra os postulados espíritas dentro dos meios em que atua. Nas décadas de 1970 e 1980, participou 

das atividades do Grupo Espírita Batuíra, em São Paulo-SP. No Rio de Janeiro, de 1985 a 2004, participou do Seara Fraterna, localizado no Catete, e atualmente exerce atividades no CEJA – Centro Espírita Joanna de Ângelis, na Barra da Tijuca, sobre o que ela nos fala na entrevista seguinte. 

Você é espírita desde quando? 
De carteirinha, desde 1976. 

Exerce algum cargo na instituição espírita que participa? 
Sou médium passista e ministro um curso sobre O Evangelho segundo o Espiritismo

E suas atividades profissionais. Pode nos dizer sobre elas? 
Atriz, produtora e diretora. 

Possui algum livro publicado? 
Sim. Chama-se “Essa louca televisão e sua gente maravilhosa”. Foi publicado em 2004. 

Quantas e quais foram as novelas, filmes e teatro espírita ou com teor espírita de que já participou? 
Novelas: “A Viagem” na primeira versão levada ao ar pela extinta TV Tupi em 1967; “O Profeta” também pela Tupi; “As três irmãs” e “A cura” na Globo.
Peças de teatro: “Violetas na janela” com adaptação e direção nossa; “O Cândido Chico Xavier”, direção. “Allan Kardec, um olhar para a eternidade”, direção.
Filmes: “Bezerra de Menezes, o Médico dos Pobres”, direção de Glauber Rocha; “Chico Xavier – O Filme”, de Daniel Filho; “Nosso Lar”, de Wagner Assis; “O filme dos espíritos”, de André Marouço; “E a vida continua”, de Paulo Figueiredo. 

Como foi sua iniciação no Movimento Espírita? 
Em 1961, meu filhinho Maurício, com um ano e dois meses, desencarnou vítima de leucemia. Logo em seguida, trabalhando com o Augusto César Vanucci (diretor da Globo, já desencarnado), ele me deu para ler “‘O Evangelho segundo o Espiritismo”. E assim iniciei um contato mais direto com as obras de Allan Kardec. 

Pode nos dizer dos seus primeiros momentos na arte apresentando trabalhos com temáticas espíritas? 
Em 1995 minha filha Ana Luísa, então com 18 anos, foi atropelada e desencarnou. No dia seguinte ganhei de presente o livro “Violetas na Janela”. Menos de uma semana depois, minha outra filha ganhou de uma colega da faculdade o mesmo livro. E dias depois, um amigo de meu marido deu a ele “Violetas na Janela”. Em menos de um mês, esse livro veio para as nossas mãos por três vias. No ano seguinte, um dos dirigentes do Seara Fraterna nos pediu para fazer um evento para angariar fundos. Achei que era muita coincidência a história dos três livros para deixar passar em branco e sugeri que fizéssemos uma adaptação do texto. Depois de um ano a peça ficou pronta. Estreamos no Teatro Vanucci em 7 de maio de 1997. Ficamos 9 meses em cartaz. Depois continuamos viajando, durante todos esses anos. E agora estou retornando com a peça em nova montagem. 

Quais os pontos que mais marcaram durante a primeira montagem? A espiritualidade mostrou-se presente atuando também? 
A espiritualidade está sempre presente, mas não de forma ostensiva no espetáculo. Nossos amigos espirituais sempre nos auxiliaram no trabalho da difusão do Espiritismo e na forma de trazer luz e entendimento sobre a beleza dessa filosofia para todos aqueles que nos assistiram. Os pontos mais marcantes na primeira montagem foram as cartas e depoimentos de pessoas que ficaram tocadas pelo espetáculo. Não foram poucos os casos de pessoas que assistiram à peça mais de uma vez. Agora mesmo encontrei um rapaz que disse ter assistido a “Violetas na Janela” oito vezes. 

Fale-nos sobre a estreia do espetáculo, onde, quando e quais foram as emoções suas e do elenco. 
Quando apresentamos “‘Violetas na Janela” em Uberaba, almoçamos com o Chico e ele nos disse: “Vocês estão colocando as violetas numa janela de luz”. Não dá para dimensionar a alegria, o prazer, a sensação de paz e conforto por estarmos passando uma mensagem de otimismo, levando consolo a corações sofridos por perdas de entes queridos, mostrando com simplicidade e lógica que a vida continua, que somos Espíritos eternos e não findamos com a morte do corpo. Enfim, teria muito que falar dos onze anos que ficamos rodando o Brasil com o espetáculo. 

Como foi fazer “Dona Laura” no filme Nosso Lar? 
Foi uma experiência muito rica. Nunca havia trabalhado com o Wagner Assis, que é uma pessoa gentil e fez um lindo trabalho. 
  
Filme “Nosso Lar” e a Peça “Violetas na Janela”. Podemos considerar essas montagens como um sucesso da dramaturgia espírita brasileira? 
Não só, mas também incluo aí a peça “Além da vida”, montada muitos anos antes de “Violetas”, que também ficou muito tempo em cartaz. Em São Paulo muitos espetáculos com temática espírita já vêm fazendo sucesso há muito tempo. O filme “Bezerra de Menezes”, de Glauber Rocha, uma produção bastante simples que entrou no circuito cinematográfico sem pretensão nenhuma e surpreendeu os produtores ficando muitas semanas em cartaz. E “Chico Xavier – O Filme”, de Daniel Filho.
  
Há muita diferença entre a novela, o teatro e o filme espírita? 
A diferença está na forma de cada projeto. Mas hoje em dia com a internet você tem acesso tanto aos filmes, quanto aos capítulos das novelas. Só o teatro é que não. Tem que ir pessoalmente ao local onde o espetáculo se apresenta. 

Como é a receptividade dos trabalhos por parte dos espectadores e do Movimento Espírita? 
A melhor possível. 

Está havendo nova montagem da peça “Violetas na Janela” e para quando será a reestreia? 
Devemos reestrear em agosto ou setembro. 

Sabemos também que está preparando nova peça com enfoque em Allan Kardec. Pode nos dizer sobre ela, quando e onde será a estreia? 
Esta eu apenas dirijo. A produção não é minha. A estreia está prevista para agosto. (1) 

Que você diria sobre suas experiências como atriz atuando também na seara espírita? 
Que me realizo duas vezes: como atriz e como espírita. 

Qual a palavra para os artistas espíritas que muitas vezes sofrem a indiferença dos diretores de Centros Espíritas ou líderes do Movimento Espírita? 
Desculpe. Não me sinto em condições de aconselhar ninguém. Se conselho fosse bom a gente não dava, vendia. 

Seus projetos para o futuro incluem novas montagens, inclusive de romances famosos da vasta literatura espírita? 
Não tenho nada programado, mas não descarto a possibilidade. 

Suas experiências no teatro e no cinema espírita a colocam confiante em relação a continuar a divulgação da Doutrina através desses veículos? 
Sim. 
Qual foi seu momento mais importante em sua carreira de atriz? 
Em tantos anos de carreira, não saberia dizer. 

Se tivesse de recomeçar, faria tudo de novo? 
Acho que, sabendo o que sei hoje, procuraria melhorar em alguns pontos. 

Qual sua opinião sobre as melhorias no Movimento Espírita, principalmente no quesito unificação? 
Tudo que é feito no sentido de melhorar, a meu ver, é sempre bom. 
Vê os artistas ligados à dramaturgia confiantes neste segmento da arte no Brasil e no mundo? 
Não saberia responder a esta pergunta. Precisaria pesquisar sobre isso. 

Agradecemos sua participação e gostaríamos que nos deixasse suas palavras finais. 
Convido os leitores a assistirem tanto a “Violetas na Janela” quanto a “Kardec”. Creio que o meu trabalho ajuda a me conhecer melhor.  
 

(1)
Esta entrevista foi feita em julho de 2012. 
Fonte: O Consolador, uma Revista Semanal de Divulgação da Doutrina Estpírita

 


 

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