Deve-se fazer de tudo para ser feliz?
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De Londrina-PR
A pergunta acima foi,
algum tempo atrás, um dos temas da dissertação de filosofia do exame de
conclusão do equivalente ao ensino médio na França e que dá acesso à
universidade. Uma espécie, portanto, do nosso conhecido Enem - Exame Nacional
do Ensino Médio.
Para responder a
perguntas como essa é preciso, primeiro, explicar o que é ser feliz, o que
entendemos por felicidade.
Muitos leitores devem
lembrar-se de Jerônimo Mendonça, cognominado O Gigante Deitado, que
retornou à pátria espiritual no dia 26 de novembro de 1989.
Cego e tetraplégico
confinado a uma cama ortopédica, mesmo assim Jerônimo realizou uma obra notável
no campo do serviço social e da divulgação do Espiritismo. Dotado de
inalterável bom humor, ele encantava, com sua palavra e seu exemplo de
resignação ativa, a todos que o ouviam.
Certa vez, um repórter
lhe perguntou o que é a felicidade. Ele respondeu assim: “A felicidade, para
mim, deitado há tanto tempo nesta cama sem poder me mexer, seria poder virar de
lado”.
A felicidade, como
ninguém ignora, depende do ponto de vista com que encaramos a vida e das
condições em que vivemos.
A um homem perdido no
deserto, sob um sol escaldante, nada vale mais do que um copo d´água.
A um jovem que luta
por ingressar na faculdade, figurar na lista dos aprovados não tem preço.
Para a jovem que ama
de verdade um rapaz que igualmente a ama, nada supera unir-se a ele em
matrimônio.
E assim os exemplos se
sucedem nessa busca incessante da criatura humana por ser feliz.
O tema felicidade é
tratado em muitas obras espíritas e já nos referimos, neste blog, a algumas
delas.
Com o título de “A
felicidade não é deste mundo”, o Espírito de François-Nicolas-Madeleine, que
foi na Terra o cardeal Morlot, escreveu a seguinte mensagem:
“Não sou feliz! A felicidade não
foi feita para mim! exclama geralmente o homem em todas as posições sociais.
Isso, meus caros filhos, prova, melhor do que todos os raciocínios possíveis, a
verdade desta máxima do Eclesiastes: ‘A felicidade não é deste mundo’.
Com efeito, nem a riqueza, nem o
poder, nem mesmo a florida juventude são condições essenciais à felicidade.
Digo mais: nem mesmo reunidas essas três condições tão desejadas, porquanto
incessantemente se ouvem, no seio das classes mais privilegiadas, pessoas de
todas as idades se queixarem amargamente da situação em que se encontram.
Diante de tal fato, é
incontestável que as classes laboriosas e militantes invejem com tanta ânsia a
posição das que parecem favorecidas da fortuna.
Neste mundo, por mais que faça,
cada um tem a sua parte de labor e de miséria, sua cota de sofrimentos e de
decepções, donde facilmente se chega à conclusão de que a Terra é lugar de
provas e de expiações.
Assim, pois, os que pregam que ela
é a única morada do homem e que somente nela e numa só existência é que lhe
cumpre alcançar o mais alto grau das felicidades que a sua natureza comporta,
iludem-se e enganam os que os escutam, visto que demonstrado está, por
experiência arquissecular, que só excepcionalmente este globo apresenta as
condições necessárias à completa felicidade do indivíduo.
Em tese geral pode afirmar-se que
a felicidade é uma utopia a cuja conquista as gerações se lançam
sucessivamente, sem jamais lograrem alcançá-la. Se o homem ajuizado é uma
raridade neste mundo, o homem absolutamente feliz jamais foi encontrado.
O em que consiste a felicidade na
Terra é coisa tão efêmera para aquele que não tem a guiá-lo a ponderação, que
por um ano, um mês, uma semana de satisfação completa, todo o resto da
existência é uma série de amarguras e decepções. E notai, meus caros filhos,
que falo dos venturosos da Terra, dos que são invejados pela multidão.
Conseguintemente, se à morada
terrena são peculiares as provas e a expiação, forçoso é se admita que,
algures, moradas há mais favorecidas, onde o Espírito, conquanto aprisionado
ainda numa carne material, possui em toda a plenitude os gozos inerentes à vida
humana. Tal a razão por que Deus semeou, no vosso turbilhão, esses belos
planetas superiores para os quais os vossos esforços e as vossas tendências vos
farão gravitar um dia, quando vos achardes suficientemente purificados e
aperfeiçoados.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 20.)
Como já mencionamos,
Kardec propôs certa vez aos Espíritos a seguinte questão: “Pode o homem gozar
de completa felicidade na Terra?” Eles responderam: “Não”.
Justificaram então a
resposta explicando que a existência corpórea em um planeta como o nosso
foi-nos concedida como prova ou expiação. E acrescentaram: “Dele, porém,
depende a suavização de seus males e o ser tão feliz quanto possível na Terra”
(O Livro dos Espíritos, questão 920).
Quanto à pergunta que
dá título a este texto, que resposta o estimado leitor daria?
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Postado
por Astolfo Olegário de Oliveira
Filho às 07:00 Nenhum comentário:
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