Instruções Práticas sobre as
Manifestações Espíritas
Allan Kardec
Estamos fazendo neste espaço o estudo –
sob a forma dialogada – dos oito principais livros do Codificador do
Espiritismo: dois introdutórios, os cinco básicos que integram o chamado
pentateuco kardequiano e um complementar.
Os textos são publicados sempre às
quintas-feiras.
Após concluir o estudo do livro O
que é o Espiritismo, o foco agora é a obra Instruções Práticas
sobre as Manifestações Espíritas, publicada por Kardec em 1858.
Parte 3
17. Qual é o objetivo das manifestações
físicas espontâneas e como proceder para cessá-las?
Tais manifestações não comportam, as
mais das vezes, nenhuma intenção direta: seu objetivo é chamar nossa atenção
para alguma coisa e convencer-nos da presença de uma força superior ao homem.
Uma vez atingido esse fim, cessa a manifestação material, já que ela não é mais
necessária. Quando, porém, as manifestações se tornam importunas, devemos
procurar entrar em comunicação inteligente com o Espírito que nos vem
perturbar, a fim de saber quem é ele e o que quer. Satisfeito seu desejo, ele
nos deixa em sossego. Na impossibilidade de dispor do concurso de um médium, a
solução é o interessado tornar-se um deles. Na falta de um médium escrevente
pode-se interrogar diretamente o Espírito que bate e que pode responder fazendo
uso do mesmo meio, isto é, por pancadas previamente convencionadas. (Instruções
Práticas sobre as Manifestações Espíritas, cap. II, págs. 86, 87, 94, 95,
96 e 97.)
18. Kardec narra neste livro seu
primeiro contato com um Espírito familiar que muito o ajudou em seus trabalhos
espíritas, apresentando-se, porém, sob um nome alegórico. Qual o processo usado
pelo Espírito nesse contato? que nome alegórico ele adotou? quem era, de fato,
essa entidade?
O Espírito valeu-se do processo das
pancadas – fenômeno chamado mais tarde de tiptologia –, que se verificou no
recinto onde Kardec estava trabalhando, pelo prazo de quatro horas
consecutivas. No dia seguinte, por intermédio de um médium psicógrafo, o
professor interrogou o Espírito que se comunicara a respeito da causa das pancadas.
Tratava-se de um amigo espiritual, um Espírito familiar de Kardec, que se deu a
conhecer sob um nome alegórico (Verdade). Kardec soube depois, por outros
Espíritos, que fora ele um ilustre filósofo da antiguidade. (Obra citada, cap.
II, págs. 95 e 96.)
19. Vimos que as comunicações espíritas
dividem-se em frívolas, grosseiras, sérias ou instrutivas. Como saber se uma
comunicação procede de um Espírito realmente superior?
Tendo como regra invariável e sem
exceção que a linguagem dos Espíritos está sempre na razão do grau de sua
elevação, a dos Espíritos realmente superiores é constantemente grave, digna,
nobre. Essas entidades não apenas exprimem pensamentos da mais alta elevação,
mas, igualmente, empregam uma linguagem que exclui, da maneira mais absoluta,
toda trivialidade. Por mais expressiva que seja a mensagem, se estiver
comprometida por uma única expressão que indique baixeza, é isso um sinal
indubitável de inferioridade; com maior razão assim se julgará se o conjunto da
manifestação ofender as conveniências por sua grosseria. (Obra citada, cap.
III, págs. 99 a 101.)
20. Como era o processo de comunicação
conhecido pela expressão dança das mesas?
Dança das mesas ou mesas girantes são
expressões que designam o fenômeno pelo qual um Espírito se vale de uma mesa
para transmitir uma mensagem. Bastava colocar as extremidades dos dedos sobre a
mesa, quer em cheio, quer levemente, como sobre as teclas de um piano. Isso não
tinha realmente grande importância, mas havia, ao contrário, outras condições essenciais
mais difíceis de preencher, isto é, a concentração do pensamento de todas as
pessoas no sentido de obter movimento em um sentido ou em outro, um
recolhimento e um silêncio absolutos e, sobretudo, uma grande paciência. O
movimento se produzia, por vezes, em cinco ou dez minutos, mas frequentemente
era preciso esperar meia hora ou mais. Em certos casos, a mesa não se limitava
a girar: agitava-se, levantava-se, erguia-se sobre um pé, balançava-se como um
navio e acabava até por afastar-se do solo sem ponto de apoio. Quando se
conseguia produzir um fenômeno enérgico, o contato das mãos não era mais
necessário. Podiam as pessoas afastar-se da mesa, e ela fazia os movimentos,
segundo a ordem que lhe fosse dirigida, respondendo por meio de pancadas às perguntas
formuladas ao agente invisível. (Obra citada, cap. IV, págs. 107 a 109.)
21. Que é tiptologia e como se dão seus
variados processos?
A tiptologia é o nome do fenômeno pelo
qual os Espíritos se comunicam por meio de pancadas ou processo semelhante. Pode-se
obtê-lo por dois processos diferentes. O primeiro, a que chamamos tiptologia
por movimento, consiste em pancadas vibradas pela própria mesa com um dos pés.
Essas pancadas podem responder sim ou não conforme o número de batidas
convencionadas para exprimir um ou outro. As respostas são, como se concebe,
incompletas, sujeitas a enganos e pouco convincentes para os noviços, porque se
pode sempre atribuí-las ao acaso. A tiptologia íntima é produzida de uma
maneira completamente diversa. Não é mais a mesa que bate; ela fica
completamente imóvel, mas as pancadas ressoam na própria substância da madeira,
da pedra ou de qualquer outro corpo, e muitas vezes com força bastante para se
fazerem audíveis em um cômodo vizinho. Se se aplica o ouvido ou a mão contra uma
parte qualquer da mesa, sente-se que ela vibra dos pés à superfície. Esse
fenômeno se obtém procedendo do mesmo modo como para fazê-la mover-se, com a
diferença que o movimento puro e simples pode ocorrer sem evocação, ao passo
que para se obterem as pancadas é preciso, quase sempre, fazer-se apelo a um
Espírito. (Obra citada, cap. IV, págs. 111 a 113.)
22. Que é psicografia direta? E quais
os processos psicográficos chamados de psicografia indireta?
A psicografia direta é a que se obtém
com o uso da mão do médium. Sob a influência do Espírito, o médium utiliza
diretamente sua mão para escrever, dirigido, às vezes maquinalmente, pela
entidade comunicante. Na psicografia indireta, usa-se um objeto – uma prancheta
ou uma cestinha munidas de um lápis, por exemplo. A mão do médium atua sobre o
objeto e o objeto sobre o lápis. Diversos expedientes foram imaginados para
atingir o mesmo fim. Dentre eles, o mais cômodo foi a cesta de bico (corbeille
à bec), que consistia em adaptar sobre a cesta uma haste de madeira
inclinada. (Obra citada, cap. IV, págs. 114 a 117.)
23. Em que ambiente, no século XIX,
foram conseguidas as primeiras comunicações por meio da pneumatografia ou
escrita direta?
Em determinado cemitério colocavam-se a
princípio uma folha de papel e um lápis sobre um túmulo, junto à estátua ou ao
retrato de um personagem qualquer, e no dia seguinte, algumas horas depois,
achava-se inscrito sobre o papel um nome ou uma sentença, além de, em algumas
vezes, sinais ininteligíveis. É evidente que nem o túmulo, a estátua, ou o
retrato exerciam qualquer influência por si mesmos; eram, simplesmente, um meio
de evocação pelo pensamento. Segundo Kardec, foi o Barão L. Guldenstubbé, autor
da obra La réalité des Esprits et le Phénomène merveilleux de leur
écriture directe, publicada em Paris no ano de 1857, quem pôs em
evidência esse fenômeno. (Obra citada, cap. IV, págs. 117 a 119.)
24. Que é psicofonia e quais as suas
vantagens?
Psicofonia é o nome que se dá à
transmissão do pensamento do Espírito pela voz de certos médiuns dotados para
esse fim de uma faculdade especial. Esse meio tem todas as vantagens da
psicografia pela rapidez que possibilita o tratamento de assuntos extensos. É
muito do agrado dos Espíritos Superiores, mas tem, talvez, para as pessoas que
duvidam, o inconveniente de não acusar, de maneira bastante evidente, a
intervenção de uma inteligência estranha. Convém, sobretudo, àqueles que,
suficientemente edificados sobre a realidade dos fatos espíritas, deles se
servem para a complementação de seus estudos e não têm necessidade de mais
acrescentar à sua convicção. (Obra citada, cap. IV, págs. 119 a 121.)
Observação:
Para acessar a Parte 2 deste estudo,
publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/11/instrucoes-praticas-sobre-as_28.html
Como
consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog,
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Postado
por Astolfo Olegário de Oliveira
Filho às 07:00 Nenhum comentário:
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