segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Ter fé é diferente de crer


WALDENIR APARECIDO CUIN
wacuin@ig.com.br
Votuporanga, SP (Brasil)
 
 Ter fé é diferente de crer
“Hoje, não mais cogito de crer, pois sei.” (Humberto de Campos, no livro “Boa Nova”, psicografia de Francisco Cândido Xavier.)

A fé é a absoluta confiança que depositamos em uma determinada ideia e não admite dúvidas. É ter a certeza de que tudo o que Deus faz está certo. Já a crença é a ideia que formamos ou conhecimento que temos sobre determinada situação que pode sofrer alteração.

Um dia a humanidade acreditou que a Terra era o centro do Universo, que só existia o sistema solar, mas as novas descobertas da Astronomia determinaram a mudança dessa crença.

No contexto dos relatos evangélicos podemos exemplificar o que realmente é ter fé e o que é simplesmente crer.

No Evangelho de Lucas (XXII, 54-62), nos deparamos com a afirmativa de Jesus a Pedro, dizendo que o discípulo o negaria três vezes antes que o galo cantasse. E, realmente, o fato se confirmou, pois assim que Jesus foi preso, em três oportunidades, naquela noite tenebrosa, criaturas apontaram Pedro como seguidor do Cristo e nas três vezes o discípulo afirmou que não o conhecia.

Pedro seguia Jesus, mas ainda não havia adquirido a fé para sacrificar-se pelo Cristo. Mas tarde, sim, em outros acontecimentos deu plenas provas da sua fé em Jesus.
Já em Atos (9:1-6), encontramos a narrativa do episódio onde Saulo, o doutor da lei, estando a caminho de Damasco, em perseguição aos Cristãos, com ordem governamental, deparou-se com Jesus, quando um clarão imenso tirou-lhe a visão e o fez cair da sua montaria sobre a areia do deserto, momento em que ouve a voz do mestre a lhe perguntar: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”.

Desse momento em diante não mais vacilou ou teve qualquer dúvida. Orientado pelo Mestre adentrou a cidade de Damasco em busca de socorro, e, posteriormente, passou bom tempo no deserto meditando sobre o acontecimento e lendo os pergaminhos que guardavam as lições de Jesus.

Determinado e convicto, deixou sua vida de conforto e abundância e, mesmo ante a incompreensão até mesmo dos seus amigos e familiares mais íntimos, passou a seguir Jesus, divulgando os ensinamentos dele até o fim de seus dias na Terra, quando foi condenado à morte em Roma.

Pedro acreditava em Jesus, mas não tinha a verdadeira fé para promover a total reformulação da sua vida, com base no que o Cristo trazia consigo, já Paulo foi bem diferente, não acreditava em Jesus, mas teve fé o suficiente para tomar direção totalmente oposta àquela que seguia, assim que se encontrou com o Cristo.
No livro “O Consolador”, Emmanuel, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier, informa que “crer diz respeito a crença, enquanto a fé é inspiração divina. Diferentemente da simples crença, a fé desperta todos os instintos nobres que encaminham o homem para o bem e, como tal, é a base da regeneração”.

Ainda entre as narrativas dos apóstolos sobre a vida de Jesus, encontramos em Mateus (8:5-13), o relato sobre um Centurião de Roma, que procura pelo Mestre, buscando a cura de um dos seus soltados que permanecia no quartel. Quando Jesus se propôs a visitar o doente, o Centurião afirmou que não precisava, pois que Jesus dali mesmo poderia curá-lo, então Jesus o fez, dizendo: “nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”.

Outro momento que se caracterizou, nos Evangelhos, como demonstração plena de fé foi quando Jesus, cercado pela multidão, foi tocado por uma mulher que sofria de uma hemorragia há mais de doze anos, ficando, a partir daquele instante, totalmente curada (Marcos 5: 25 a 34). Obviamente que aquela senhora possuía muito mais que crença em Jesus; possuía fé.

Cabe, então, refletir se já conseguimos conquistar a fé ou se ainda permanecemos apenas na crença.

Pensemos nisso.

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