A presidente da Federação Espírita do Uruguai diz como vai
o movimento espírita em seu país e seu relacionamento
com o movimento espírita brasileiro
| Mirta Edit Cal Ataides (foto) nasceu e reside em Rivera, no Uruguai, onde preside a Federação Espírita do país. Espírita há 26 anos, é modista, maestrina e professora. Vinculada aos trabalhos do Centro de Estudos Allan Kardec, ela relata sua experiência nas atividades espíritas e conta como anda o movimento espírita no Uruguai, a influência |
brasileira e os desdobramentos benéficos advindos do CEI – Conselho Espírita Internacional, que permitiu fosse afinal realizado o 1º Congresso Espírita do Uruguai. Quantas instituições espíritas existem no Uruguai? Quem foi o pioneiro ou principal vulto espírita do país? |
Existem 11 instituições espíritas ligadas à Federação e muitas ainda não ligadas. Na capital existem 3 vinculadas à Federação e 6 desvinculadas. O principal vulto espírita do país foi Aurora de los Santos, nascida em Rivera. Ela conheceu a Doutrina Espírita em Livramento-RS e no ano de 1935 mudou-se para Montevidéu trazendo consigo “O Evangelho segundo o Espiritismo”. Com uma ostensiva mediunidade de cura, atendia as pessoas e curava o que a medicina tradicional não lograva fazer. Por essa razão foi acusada de falsa médica e presa várias vezes. Viúva, quando ia presa seus filhos pequenos ficavam nas casas dos vizinhos ou em orfanatos; mas, quando saía da prisão, voltava às tarefas de mitigar a dor alheia e defendia a Doutrina que a ajudou a suportar os desgostos da vida.
Como é a integração do movimento espírita na fronteira com o Brasil?
O movimento espírita na fronteira com o Brasil está bastante integrado e tanto é assim que Rivera está incluída na 6ª região do Rio Grande do Sul, o que nos permite realizar atividades em conjunto e fazer intercâmbio de expositores.
Como a senhora vê a influência brasileira no movimento espírita do seu país?
Em nosso país tivemos quatro etapas bem diferenciadas: Primeira, nascimento; segunda, crescimento; terceira, decadência; e quarta, ressurgimento. Nesta última etapa, tal como Jesus, rumo à sua flagelação, teve um cireneu que O ajudou a carregar o pesado madeiro de sua crucificação, nós, os uruguaios, tivemos muitos cireneus, e me refiro a todos os irmãos brasileiros que através do Conselho Espírita Internacional, na pessoa do Secretário Geral Nestor Masotti, nos prestaram ajuda incalculável que nos permitiu sair do fundo do poço, ressurgindo para a luz, o que nos possibilitou que em outubro do ano passado pudéssemos organizar o 1º Congresso Espírita Uruguaio e o 1º Congresso Espírita Sul-Americano em Punta del Este, quando também se realizou a IV Reunião da América do Sul com a presença de todos os presidentes desses países.
De que forma as ações do Conselho Espírita Internacional têm beneficiado a expansão do movimento espírita no Uruguai?
A expansão do movimento espírita se deve graças à atuação do CEI, cujos integrantes estão sempre dispostos a vir ao nosso país para ministrar seminários, oficinas, conferências ou ajudando-nos a viajar ao Brasil, proporcionando-nos alojamento, alimentação, traslados, demonstrando o carinho de sempre e o amor incondicional.
Há uma boa quantidade de obras traduzidas para uso no país?
Existem muitíssimas obras traduzidas, da autoria de Chico Xavier (Emmanuel, André Luiz), Raul Teixeira, Divaldo Pereira Franco e outros.
A senhora considera que existe hoje, em seu país, uma boa aceitação do pensamento espírita?
Durante muitos anos o pensamento espírita não era bem considerado, em função das pessoas que consideravam que a parte espiritual não está de acordo com um aparente intelectualismo racionalista. A partir do primeiro Congresso a abertura para o espiritual está sendo muito bem-vinda.
Ocorrem no Uruguai eventos espíritas de abrangência nacional?
Durante muito tempo foram realizados no país eventos partindo de duas coordenadorias: a do norte e a do sul. Isto nos permitiu o intercâmbio entre os irmãos, estreitando os vínculos de fraternidade. São realizadas em diferentes partes do país conferências com irmãos brasileiros, argentinos, venezuelanos e colombianos.
Que experiência marcante em suas atividades espíritas gostaria de descrever?
Há anos participamos em eventos em outros países e em congressos mundiais nos quais adquirimos uma experiência bastante enriquecedora para nossos Espíritos. Mas, o que mais me marcou nesta encarnação e que me fez conhecer a Doutrina Espírita foi quando, em um mesmo ano, morreram sete pessoas com vínculos biológicos muito estreitos. Perguntando a um padre conhecido qual era a razão do ocorrido, ele me respondeu: “Deus quis assim”. Sua resposta não me satisfez. Por essa época uma cunhada me convidara várias vezes a ir a um Centro Espírita. Negava-me redondamente, porque considerava que uma professora não devia ir a um lugar assim. Chegou, porém, o dia em que ela me disse: “Só uma vez, aceite o meu convite”. Aceitei e fui e, para meu assombro, a exposição da noite foi: “Perda de seres queridos”. À saída me entregaram “O Evangelho segundo o Espiritismo” e nele encontrei todas as respostas que havia muito estava procurando... Desde então, e até agora, continuo na Doutrina que transformou minha vida.
Como é a experiência de ser presidente da Federação Espírita Uruguaia?
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