quarta-feira, 7 de março de 2012

O Livro dos Espíritos

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA
aoofilho@gmail.com
Londrina,
Paraná (Brasil)                                           
Allan Kardec
                                                                  (Parte 42 e final)
 
Concluímos nesta oportunidade o estudo metódico de “O Livro dos Espíritos”, primeira das obras que compõem o Pentateuco Kardequiano, estudo esse que terá sequência nas próximas edições desta revista, quando será estudado “O Livro dos Médiuns”.

As respostas às questões apresentadas, fundamentadas na 76ª edição publicada pela FEB, com base em tradução de Guillon Ribeiro, encontram-se no final do texto abaixo. 

Questões para debate

A. O progresso real da Humanidade tem seu princípio na aplicação de uma das leis naturais. Que lei é essa? 

B. Kardec diz que o desenvolvimento das ideias espíritas apresentaria três períodos distintos. Quais são eles? 

C. A força do Espiritismo lhe advém da prática das manifestações materiais?

D. O Espiritismo se apresenta sob três diferentes aspectos: o das manifestações, o dos princípios e da filosofia que delas decorrem e o da aplicação desses princípios. Disso resultariam três classes de espíritas. Quais são elas? 

E. Três efeitos se verificam na vida das pessoas que passam a compreender o Espiritismo filosófico e nele veem outra coisa e não apenas fenômenos mais ou menos curiosos. Quais são esses efeitos?
Texto para leitura 
648. Em boa lógica, a crítica só tem valor quando o crítico é conhecedor daquilo de que fala. Zombar de uma coisa que não se conhece, não é criticar; é dar prova de leviandade e de falta de critério. (Conclusão, item I) 

649. O Espiritismo é o mais terrível antagonista do materialismo. Não é, pois, de admirar que tenha por adversários os materialistas. (Conclusão, item II) 

650. A religião se funda na revelação e nos milagres. Ora, que é a revelação, senão um conjunto de comunicações extraterrenas? Todos os autores sagrados, desde Moisés, têm falado dessa espécie de comunicações. (Conclusão, item II) 

651. O Espiritismo diz e prova que os fenômenos em que se baseia, de sobrenaturais só têm a aparência. (...) Todos os fenômenos espíritas, sem exceção, resultam de leis gerais. (Conclusão, item II) 

652. A que se deve atribuir o relaxamento dos laços de família e a maior parte das desordens que minam a sociedade, senão à ausência de toda crença? Demonstrando a existência e a imortalidade da alma, o Espiritismo reaviva a fé no futuro, levanta os ânimos abatidos, faz suportar com resignação as vicissitudes da vida. Ousaríeis chamar a isto um mal? (Conclusão, item III) 

653. A fraternidade pressupõe desinteresse, abnegação da personalidade. Onde há verdadeira fraternidade, o orgulho é uma anomalia. (Conclusão, item III)

654. O Espiritismo é forte porque assenta sobre as próprias bases da religião: Deus, a alma, as penas e as recompensas futuras; sobretudo, porque mostra que essas penas e recompensas são corolários naturais da vida terrestre e, ainda, porque, no quadro que apresenta do futuro, nada há que a razão mais exigente possa recusar. (Conclusão, item V) 

655. Falsíssima ideia formaria do Espiritismo quem julgasse que a sua força lhe vem da prática das manifestações materiais e que, portanto, obstando-se a tais manifestações, se lhe terá minado a base. Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom senso. (Conclusão, item VI) 

656. O Espiritismo não é obra de um homem. Ninguém pode inculcar-se como seu criador, pois tão antigo é ele quanto a criação. Encontramo-lo por toda parte, em todas as religiões, principalmente na religião católica e aí com mais autoridade do que em todas as outras, porquanto nela se nos depara o princípio de tudo que há nele: os Espíritos em todos os graus de elevação, suas relações ocultas e ostensivas com os homens, os anjos guardiães, a reencarnação, a emancipação da alma durante a vida, a dupla vista, todos os gêneros de manifestações, as aparições e até as aparições tangíveis. (Conclusão, item VI) 

657. As comunicações com os seres de além-túmulo deram em resultado fazer-nos compreender a vida futura, fazer-nos vê-la, iniciar-nos no conhecimento das penas e gozos que nos estão reservados, de acordo com os nossos méritos e, assim, encaminhar para o espiritualismo os que no homem somente viam a matéria. Razão, portanto, tivemos para dizer que o Espiritismo, com os fatos, matou o materialismo. Fosse este o único resultado por ele produzido e já muita gratidão lhe deveria a ordem social. Ele, porém, faz mais: mostra os inevitáveis efeitos do mal e, conseguintemente, a necessidade do bem. Muito maior do que se pensa é, e cresce todos os dias, o número daqueles em que ele há melhorado os sentimentos, neutralizado as más tendências e desviado do mal. (Conclusão, item VIII) 

658. Os bons Espíritos só pregam a união e o amor ao próximo, e nunca um pensamento malévolo ou contrário à caridade pode provir de fonte pura. (Conclusão, item IX) 

659. Por bem largo tempo, os homens se têm estraçalhado e anatematizado mutuamente em nome de um Deus de paz e misericórdia, ofendendo-o com semelhante sacrilégio. O Espiritismo é o laço que um dia os unirá, porque lhes mostrará onde está a verdade, onde o erro. Durante muito tempo, porém, ainda haverá escribas e fariseus que o negarão, como negaram o Cristo. Quereis saber sob a influência de que Espíritos estão as diversas seitas que entre si fizeram partilha do mundo? Julgai-o pelas suas obras e pelos seus princípios. Jamais os bons Espíritos foram os instigadores do mal; jamais aconselharam ou legitimaram o assassínio e a violência; jamais estimularam os ódios dos partidos, nem a sede das riquezas e das honras, nem a avidez dos bens da Terra. Os que são bons, humanitários e benevolentes para com todos, esses os seus prediletos e prediletos de Jesus, porque seguem a estrada que este lhes indicou para chegarem até ele. (Conclusão, item IX, mensagem de Santo Agostinho.) 

Respostas às questões propostas 

A. O progresso real da Humanidade tem seu princípio na aplicação de uma das leis naturais. Que lei é essa? 

É a lei de justiça, de amor e de caridade, lei que se funda na certeza do futuro. Dessa lei derivam todas as outras, porque ela encerra todas as condições da felicidade do homem. Só ela pode curar as chagas da sociedade. Comparando as idades e os povos, pode-se avaliar quanto a sua condição melhora à medida que essa lei vai sendo mais bem compreendida e praticada. Ora, se, aplicando-a parcial e incompletamente, aufere o homem tanto bem, que não conseguirá quando fizer dela a base de todas as suas instituições sociais! Será isso possível? Certo, porquanto, desde que ele já deu dez passos, possível lhe é dar vinte e assim por diante. (O Livro dos Espíritos, Conclusão, item IV.)

B. Kardec diz que o desenvolvimento das ideias espíritas apresentaria três períodos distintos. Quais são eles? 

Primeiro, o da curiosidade, que a singularidade dos fenômenos produzidos desperta. Segundo, o do raciocínio e da filosofia. Terceiro, o da aplicação e das consequências. O período da curiosidade passou; a curiosidade dura pouco. Uma vez satisfeita, muda de objeto. O mesmo não acontece com o que desafia a meditação séria e o raciocínio. Começou o segundo período, o terceiro virá inevitavelmente. O Espiritismo progrediu principalmente depois que foi sendo mais bem compreendido na sua essência íntima, depois que lhe perceberam o alcance, porque tange a corda mais sensível do homem: a da sua felicidade, mesmo neste mundo. Aí está a causa da sua propagação, o segredo da força que o fará triunfar. Enquanto a sua influência não atinge as massas, ele vai felicitando os que o compreendem. Mesmo os que nenhum fenômeno têm testemunhado dizem: “À parte esses fenômenos, há a filosofia, que me explica o que NENHUMA OUTRA me havia explicado. Nela encontro, por meio unicamente do raciocínio, uma solução racional para os problemas que no mais alto grau interessam ao meu futuro. Ela me dá calma, firmeza, confiança; livra-me do tormento da incerteza”. Ao lado de tudo isto, secundária se torna a questão dos fatos materiais. (Obra citada, Conclusão, item V.) 

C. A força do Espiritismo lhe advém da prática das manifestações materiais? 

Não. Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom senso. Na antiguidade, era objeto de estudos misteriosos, que cuidadosamente se ocultavam do vulgo. Hoje, para ninguém tem segredos. Fala uma linguagem clara, sem ambiguidades. Nada há nele de místico, nada de alegorias suscetíveis de falsas interpretações. Quer ser por todos compreendido, porque chegados são os tempos de fazer-se que os homens conheçam a verdade. O Espiritismo não é obra de um homem. Ninguém pode inculcar-se como seu criador, pois tão antigo é ele quanto a criação. Encontramo-lo por toda parte, em todas as religiões, principalmente na religião católica e aí com mais autoridade do que em todas as outras, porquanto nela se nos depara o princípio de tudo que há nele: os Espíritos em todos os graus de elevação, suas relações ocultas e ostensivas com os homens, os anjos guardiães, a reencarnação, a emancipação da alma durante a vida, a dupla vista, todos os gêneros de manifestações, as aparições e até as aparições tangíveis. (Obra citada, Conclusão, item VI.)

D. O Espiritismo se apresenta sob três diferentes aspectos: o das manifestações, o dos princípios e da filosofia que delas decorrem e o da aplicação desses princípios. Disso resultariam três classes de espíritas. Quais são elas? 

Ei-las: 1ª. os que creem nas manifestações e se limitam a comprová-las; para esses, o Espiritismo é uma ciência experimental; 2ª. os que lhe percebem as consequências morais; 3ª. os que praticam ou se esforçam por praticar essa moral. (Obra citada, Conclusão, item VII.) 

E. Três efeitos se verificam na vida das pessoas que passam a compreender o Espiritismo filosófico e nele veem outra coisa e não apenas fenômenos mais ou menos curiosos. Quais são esses efeitos? 

O primeiro efeito e mais geral consiste em desenvolver o sentimento religioso até naquele que, sem ser materialista, olha com absoluta indiferença para as questões espirituais. Daí lhe advém o desprezo pela morte. Não dizemos o desejo de morrer; longe disso, porquanto o espírita defenderá sua vida como qualquer outro, mas uma indiferença que o leva a aceitar, sem queixa, nem pesar, uma morte inevitável, como coisa mais de alegrar do que de temer, pela certeza que tem do estado que se lhe segue.

O segundo efeito, quase tão geral quanto o primeiro, é a resignação nas vicissitudes da vida. O Espiritismo dá a ver as coisas de tão alto que, perdendo a vida terrena três quartas partes da sua importância, o homem não se aflige tanto com as tribulações que a acompanham. Daí, mais coragem nas aflições, mais moderação nos desejos. Daí, também, o banimento da ideia de abreviar os dias da existência, porque a ciência espírita ensina que, pelo suicídio, sempre se perde o que se queria ganhar. A certeza de um futuro, que temos a faculdade de tornar feliz, e a possibilidade de estabelecermos relações com os entes que nos são caros oferecem ao espírita suprema consolação. 

O terceiro efeito é o de estimular no homem a indulgência para com os defeitos alheios. Todavia, cumpre dizê-lo, o princípio egoísta e tudo que dele decorre são o que há de mais tenaz no homem e, por conseguinte, mais difícil de desarraigar. Toda gente faz voluntariamente sacrifícios, contanto que nada custem e de nada a privem. Para a maioria dos homens, o dinheiro tem ainda irresistível atrativo e bem poucos compreendem a palavra supérfluo, quando de suas pessoas se trata. Por isso mesmo, a abnegação da personalidade constitui sinal de grandíssimo progresso. (Obra citada, Conclusão, item VII.) 
Fonte:
O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita
 
FIM 






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