| Por: ANA MORAES
anateresa.moraes2@gmail.com
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)
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Voltando ao tema mediunidade e seus diferentes tipos, a revista IstoÉ discute por que alguns desenvolvem os dons mediúnicos Vez por outra a revista IstoÉ, uma das publicações mais importantes de nosso país, abre espaço em suas páginas para o tema mediunidade. Foi o que aconteceu com a publicação da matéria intitulada O poder dos médiuns, assinada pela jornalista Suzane Frutuoso. Neste link - www.istoe.com.br - o leitor poderá inteirar-se da reportagem a que nos referimos. O que o leitor verá em seguida é uma espécie de resumo do que a matéria apresentou.
A primeira informação constante da reportagem diz que o Espiritismo é seguido por 30 milhões de pessoas no mundo e que o Brasil é a maior nação espírita do planeta, envolvendo cerca de 20 milhões entre adeptos e simpatizantes.
A mediunidade, popularizada pelas obras psicografadas por Chico Xavier, ganhou visibilidade nos últimos anos na mesma proporção em que cresceu o movimento espírita. “Mas nada – diz IstoÉ – se compara ao poder da mídia atual, que permite debater os ensinamentos da religião por meio de livros, programas de tevê e rádio. Os romances com temática espiritualista de Zíbia Gasparetto, por exemplo, são presença constante nas listas de mais vendidos.”
O número de médiuns tem, por conseguinte, aumentado em igual proporção. Segundo a reportagem, os espíritas dizem que todas as pessoas têm algum grau de mediunidade. “Qualquer um seria capaz de emitir pensamentos em forma de ondas eletromagnéticas que chegariam a outros planos. O que torna algumas pessoas especiais, segundo os praticantes, a ponto de se transformarem em canais de comunicação com os mortos, é uma missão – designada antes mesmo de nascerem, determinada por ações em vidas anteriores e que tem na caridade o objetivo final.”
Fenômenos relacionados a pessoas que falavam com mortos e envolvendo objetos que se mexiam são relatados desde o século XVII, tanto na Europa quanto nas Américas, mas hoje cientistas tentam compreender o fenômeno. Algumas linhas de pesquisa mostram que o cérebro dos médiuns é diferente dos demais.
São cinco os meios de expressão da mediunidade A frase acima, constante da reportagem de IstoÉ, reporta-se evidentemente aos tipos de mediunidade mais conhecidos, visto que a mediunidade se expressa em muito mais formas e modalidades.
A psicografia, que consagrou Chico Xavier, é, dentre eles, o mais conhecido. Nela, o médium escreve mensagens e histórias que recebe de Espíritos. Estaria sob o controle deles o que as mãos transcrevem. A vidência permite enxergar os mortos que não conseguiram se desvencilhar da Terra ao não aceitarem a morte ou que aparecem para enviar recados a entes queridos. Na psicofonia, o sensitivo é capaz de ouvir e reproduzir o que os Espíritos dizem e pedem. A psicopictografia, ou pintura mediúnica, permite ao médium ser instrumento de artistas desencarnados (termo usado pela doutrina espírita para designar mortos). A mediunidade de cura é responsável pelas chamadas cirurgias espirituais.
As informações acima constam da reportagem de IstoÉ, embora não estejam inteiramente de acordo com o que aprendemos na doutrina espírita.
Ilustrando as informações, a reportagem refere-se a um caso de vidência ocorrido na infância com Ivanildo Protázio, de São Paulo-SP, hoje um cidadão de 49 anos, funcionário de um hospital na cidade.
Aos cinco anos, Ivanildo pegava no sono com o carinho nos cabelos que uma senhora lhe fazia todas as noites. Tempos depois descobriu que era a avó, morta anos antes. Aos 19 anos, os Espíritos já se materializavam para ele. “Nunca tive medo. Sempre me pareceu natural”, disse ele à reportagem. A mãe, que trabalhava na Federação Espírita, o encaminhou para as aulas em que aprenderia a lidar com o dom e hoje Protázio é expositor em um curso de educação mediúnica. Essa seria uma parte de sua missão. A outra é orientar os Espíritos que lhe pedem auxílio para entender o que aconteceu com eles.
As pinturas mediúnicas
Outro caso citado na reportagem ocorreu em Indaiatuba, interior de São Paulo. Trata-se das pinturas mediúnicas feitas por Solange Giro, 46 anos. O tempo gasto em cada quadro não passa de nove minutos. As obras são coloridas e harmoniosas. “Nunca fiz aula de artes. Mal conseguia ajudar meus filhos com os desenhos da escola”, disse Solange à reportagem. A assinatura nas telas não leva seu nome, mas de artistas famosos como Monet, Mondrian e Tarsila do Amaral.
No tocante às curas, a revista apresenta o caso do médium Wagner Fiengo, analista fiscal paulistano, 37 anos. O primeiro Espírito a se materializar para ele foi de um primo. Ele tinha dez anos, teve medo e se afastou. Mas, na juventude, um tio, seguidor da doutrina, avisou que era hora de ele se preparar para a missão que lhe fora reservada. Por meio da psicografia, seu guia espiritual, o médico Ângelo, informou que teriam um compromisso: curar pessoas. Ele não foi adiante. Uma pancreatite surgiu sem que os médicos diagnosticassem os motivos. Seu guia explicou que as doenças eram ajustes decorrentes de erros que Fiengo havia cometido em uma vida passada. A missão era a forma de equilibrar a saúde e a alma. Em 2004, iniciou as cirurgias espirituais, cuja finalidade – diz ele - não é substituir o tratamento convencional. “É um auxílio na cura de fatores emocionais e físicos.”
Entre um caso e outro, a reportagem contém também orientações importantes para aqueles que apresentam rudimentos da mediunidade e desejam trabalhar nessa área.
A primeira providência é dedicar-se à educação mediúnica. Os cursos pertinentes a ela levam alguns anos e incluem os ensinamentos que Allan Kardec compilou no Livro dos Espíritos – a obra que deu base ao entendimento da doutrina – e no Livro dos Médiuns – que explica quais são os tipos de mediunidade, como eles se manifestam e os cuidados a serem tomados.
O combate a falhas de comportamento, como vaidade, orgulho e egoísmo, é outra providência essencial destacada na matéria. Segundo o Espiritismo, as imperfeições da personalidade atraem Espíritos com a mesma vibração. “O pensamento é tudo. Aqueles que pensam positivo atrairão o que é semelhante. O mesmo acontece com o pensamento negativo e os vícios. Quem gosta de beber, por exemplo, chama a companhia de Espíritos alcoólatras”, afirma o já citado médium Ivanildo Protázio.
O que diz a Ciência sobre a mediunidade
Noutro trecho da reportagem de IstoÉ, há referência aos especialistas da área da Ciência que afirmam que a mediunidade é um fenômeno natural, não sobrenatural. A matéria cita então o neurocirurgião Nubor Orlando Facure, diretor do Instituto do Cérebro de Campinas, e seus estudos sobre a manifestação da mediunidade e sua correlação com o cérebro.
Comprovar cientificamente a mediunidade também é objetivo do psiquiatra Sérgio Felipe Oliveira, professor de medicina e espiritualidade da Faculdade de Medicina da USP e membro da Associação Médico-Espírita de São Paulo. Com exames de tomografia, ele analisou a glândula pineal de cerca de mil pessoas. “Os testes mostraram que aqueles com facilidade para manifestar a psicografia e a psicofonia apresentam uma quantidade maior do mineral cristal de apatita na pineal”, afirma Oliveira, que também atende, no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, a casos de pacientes de doenças como dores crônicas e epilepsia que receberam todos os tipos de tratamento, não tiveram melhora e relatam experiências ligadas à mediunidade. “Somamos aos cuidados convencionais, como o remédio e a psicoterapia, a espiritualidade, que vai desde criar o hábito de orar até a meditação. E os resultados têm sido positivos.”
Segundo IstoÉ, a maior parte dos cientistas acredita, porém, que a mediunidade nada mais é do que a manifestação de circuitos cerebrais. Alguns já seriam explicáveis, como os estados de transe. Pesquisas da Universidade de Montreal, no Canadá, e da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, comprovaram que, durante a oração de freiras e monges católicos, a área do cérebro relacionada à orientação corporal é quase toda desativada, o que justificaria a sensação de desligamento do corpo. Os testes usaram imagens de ressonâncias magnéticas e tomografias feitas no momento do transe.
Aos que contestam a mediunidade e tentam explicá-la de forma tão simplista, o psiquiatra Sérgio Felipe Oliveira responde com uma pergunta: “Se uma pessoa está em cirurgia numa sala e consegue descrever em detalhes o que ocorreu em um ambiente do outro lado da parede, é possível ser apenas uma sensação?” Essa é uma questão que nenhuma das frentes de pesquisa se arrisca a responder com exatidão. Da mesma maneira que todos os presentes à sessão de pintura em Indaiatuba saíram atônicos, sem conseguir explicar como alguém que conheceram numa noite foi capaz de decifrar suas angústias mais inconfessáveis.
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