Cerca de 200
pessoas
participaram do
II Seminário
de Saúde Mental,
com enfoque na
Dependência
Química,
realizado pela
Associação
Médico-Espírita
de Santos. O
evento ocorreu
dia 5 de maio,
na Universidade
Santa Cecília.
Os palestrantes
abordaram
diversas faces
da Dependência
Química e a
falta de
informação
necessária sobre
o assunto, bem
como os
diferentes
estágios do uso,
do abuso e da
dependência de
substâncias. A
exposição
inicial foi
feita pelo dr.
João Lourenço,
médico
psiquiatra e
psicoterapeuta,
fundador do
CooperCasa e
radialista.
Conceituando a
dependência
química, o
expositor disse
que se trata de
uma doença
primária,
crônica,
progressiva e,
em muitos casos,
fatal. Ele
explicou para o
público os
conceitos
pertinente ao
uso, quando se
trata de algo
eventual ou
esporádico, ao
abuso, que é
quando o uso
gera variados
tipos de
problemas, e
também à
dependência, o
grau mais
problemático
quando se trata
do envolvimento
com as drogas,
já que isso
configura o uso
continuado e
compulsivo.
Entre as razões
apontadas para o
uso de drogas
estão a
curiosidade, a
imitação de
parentes ou de
celebridades, a
pressão do
grupo, muito
comum entre os
pré-adolescentes,
adolescentes e
jovens, o
estímulo da
mídia, a busca
de novas
sensações e
também a, em
alguns casos, a
fuga da
realidade.
Em uma
explicação bem
didática, o dr.
João Lourenço
(foto)
relacionou as
fases da
utilização de
substâncias
químicas com o
reino animal. No
primeiro
momento, temos a
fase do
‘macaco’,
característico
do uso, no qual
algumas pessoas
fazem o uso
social das
drogas,
tornando-se
assim mais
eufóricas, menos
acanhadas, e
apontando até
uma falsa
produtividade
pela expansão e desibinição
adquiridas.
Depois viria a
fase do ‘leão’,
em que o
indivíduo começa
a apresentar
certa tolerância
ao componente
químico,
utilizando doses
mais
|
|
altas, consequentemente
apresentando
sofrimento
emocional e
queda na
produtividade,
inclusive lapsos
de memória, e no
entanto entende
que está com a
razão e o
controle da
situação.
Vem, por fim, a
fase do ‘porco’,
quando a adição
já é total, com
grave
dependência
física, tanto no
sistema
nervoso/motor
quanto nos
aspectos
psicológicos, em
que a depressão
ou o embotamento
emocional podem
mostrar-se mais
severos. Com
isso, a
decadência
familiar e
social é uma
decorrência
grave do
distúrbio.
|
Para finalizar a
palestra, dr.
João Lourenço
salientou que o
melhor
tratamento é a
prevenção por
meio da
informação e
esta deve ser
precisa,
correta,
empática e em
tempo.
Direito e
Espiritismo
A segunda
palestra ficou a
cargo do dr.
Carlos de Paula
(foto),
advogado e
coordenador do
núcleo de
Campinas da
Associação
Jurídico-Espírita
do Estado de São
Paulo. Ele
discorreu sobre
a Dependência
Química e a
Evolução do Ser:
Uma questão
puramente legal?
Durante sua
explanação, ele
mostrou números
da realidade
criminal do
país, citando
dados
relacionados ao
Estado de São
Paulo, no que
tange ao sistema
prisional e
também à justiça
em seu âmbito
penal.
|
|
Embora o número
de detentos seja
alto no Estado,
aproximadamente
400 mil, e o
custo elevado
para a
manutenção de
cada preso, a
realidade está
longe da ideal,
pois não há
maneiras de se
desenvolver
adequadamente o
ser espiritual
que habita
aquele corpo.
Esta mudança
serviria não
apenas para o
aprimoramento
familiar, mas
também social,
emocional,
psicológico e
espiritual.
|
A questão da
dependência
revela quanto o
ser em evolução
precisa não só
de um tratamento
de qualidade,
mas também de
uma justiça
solidária que o
reeduque e
ressocialize,
para que o
indivíduo não
fique à margem
da sociedade.
Codependência
Logo depois, a
psicóloga Maria
Heloísa
Bernardo, membro
da AME-ABC e
diretora de
projetos do
Hospital
Espírita Bezerra
de Menezes,
falou sobre a
Codependência,
uma síndrome que
atinge os
familiares do
dependente
químico.
No início de sua
fala, a
palestrante
disse que se
trata de uma
síndrome
primária,
crônica,
progressiva, mas
tratável. Como
característica,
a codependência
é marcada pela
perda do
controle de
situações da
vida. Ela
afirmou que
qualquer pessoa
pode ficar com a
vida fora de
controle por
viver uma
relação doentia
com um
dependente ou
com uma pessoa
disfuncional.
Dentre os
mecanismos disso
estão a negação
de que o
problema básico
seja o beber ou
usar a droga, o
apoio às
racionalizações
do dependente
ou, ainda, o ato
de assumir a
culpa pelo
abuso. Há uma
tendência em
evitar problemas
que “poderiam”
levar o
dependente a
beber/usar e até
mesmo deixar de
discutir o
problema, com
vistas a
minimizar a
problemática da
situação, que já
se encontra,
muitas vezes, em
estágio
avançado.
Também é
possível
verificar a
perda da
estrutura
diária, já que a
rotina é
interrompida
devido às
situações
criadas pelo
dependente. No
início do
processo, os
familiares
retomam a rotina
após os
episódios
conflitivos. Com
o passar do
tempo e o
agravamento da
doença, perdem
totalmente a
estrutura da
rotina diária.
Advém daí a
falta de
cuidados
pessoais, pois
os familiares
mais próximos
deixam de cuidar
da aparência
pessoal, parando
de desfrutar das
pequenas coisas
que considerem
ser apenas “para
o seu
divertimento
pessoal”.
É comum o
parente do
dependente se
preocupar sempre
com o doente,
desconsiderando
suas próprias
necessidades; e
como o uso é
exacerbado, vem
a incapacidade
de colocar e
manter limites,
surgindo
problemas de
comportamento e
disciplinares. O
familiar fica
então mais e
mais incapaz de
tomar decisões
relacionadas com
a vida diária.
O apoio
psicológico é
sempre
importante até
mesmo para o
restabelecimento
espiritual e foi
citado, nesse
sentido, o
trabalho
realizado por
grupos anônimos
que incluem a
religiosidade e
a
espiritualidade
no tratamento,
como o AL-Anon,
Narcóticos
Anônimos, Amor
Exigente, entre
outros.
Caso clínico em
regressão
O
presidente da
AME-Santos, dr.
Flávio Braun
(foto),
médico
psiquiatra,
discorreu sobre
sua experiência
em terapia de
vida passada e
relatou um caso
clínico sobre a
drogadição.
Ele explicou
inicialmente o
que é a terapia
regressiva, como
funciona e
deixou claro
que, enquanto
fora da
realidade pelo
uso de drogas,
não é possível
ao paciente
realizar tal
procedimento.
Ele apresentou
um caso clínico
onde o paciente,
embora
inicialmente
relutante a
|
|
procurar ajuda,
considerou a
hipótese da
reencarnação e
aceitou
submeter-se ao
processo
regressivo para
compreender o
uso e abuso de
substâncias
químicas.
|
Em várias
sessões, esse
paciente se
encontrou em
vidas onde o uso
de substâncias
era correto para
a realidade na
qual vivia, no
caso, como pajé
de tribo. No
entanto, o mesmo
paciente
conseguia
perceber quanto
fez mau uso das
substâncias
nesta e em outra
vida, além de
perceber forte
traço de egoísmo
em seu
temperamento.
Em seguida, dr.
Flávio Braun fez
um paralelo
entre esse
conteúdo e os
ensinamentos de
Allan Kardec
citando inúmeras
passagens de O
Livro dos
Espíritos, onde
se fala sobre
egoísmo e
vícios. Também
apresentou
ensinamentos dos
Espíritos
Emmanuel e André
Luiz sobre a
influência dos
maus espíritos
sobre os
encarnados que
fazem uso de
drogas.
A
inclusão como
tratamento
Finalizando as
palestras, a
psicóloga Maria
Heloísa Bernardo
(foto) falou sobre a
necessidade do
encaminhamento,
inclusão e
tratamento da
dependência
química, através
das redes de
assistências
sociais. Citou
dados de
pesquisas que
mostram que 172
a 250 milhões de
pessoas usaram,
pelo menos uma
vez, alguma
droga ilícita. E
dentre estas
drogas estão a
maconha, com a
maior
prevalência
(entre 143 e 190
milhões de
pessoas), as
anfetaminas, a
cocaína, os opiáceos e o
‘ecstasy’ - 18 e
38 milhões de
usuários
problemáticos de
drogas, de idade
entre 15 e
|
|
64 anos.
Ela falou também
sobre os efeitos
de
morbi-mortalidade,
que gera amplo
conjunto de
custos sociais
bem como altos
níveis de
violência
interpessoal,
homicídios,
comportamento
sexual de risco,
uso
inconsistente de
preservativos,
aumento da
incidência de
doenças
infectocontagiosas
e acidentes com
veículos
automotores.
|
A necessidade
urgente de união
e implementação
de redes sociais
que buscam o
cuidado com o
dependente e
seus familiares
fará a diferença
no tratamento
eficaz e de
qualidade, pois
é um ato que não
dura apenas
algumas semanas
ou meses, mas
sim a vida toda.
Ao final, os
palestrantes se
reuniram para
explicar aos
presentes as
diferenças entre
as internações
voluntárias,
involuntárias e
a compulsória, a
realidade do
sistema público
e responderam às
perguntas do
público.
Fonte: o texto em inteiro teor
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